Becca Gómez.
— Becca, minha irmã querida... — respirou fundo, impaciente. — são apenas 3 dias em Montevidéu, não preciso de tantas roupas! — me repreendeu, ao notar que eu colocava +1 camiseta dentro da sua mala. Sim, estamos organizando suas coisas para ele viajar amanhã.
— é por precaução... vai que algo aconteça. — dei de ombros, colocando um protetor solar dentro daquela enorme bolsa.
— saíremos do hotel somente para treinar no estádio do Nacional. — deu ênfase na palavra "somente". — eu sei que está preocupada e sendo extremamente precavida, mas relaxa, pelo amor de Deus!
— você vai ficar bem? — o encarei. — tipo... eu sei que você sabe se cuidar, mas quero que fique bem; tanto psicologicamente, quanto fisicamente.
— eu vou ficar bem. O apoio de vocês... — referiu-se á mim, Jazmin e as crianças. — e da torcida é a única coisa que preciso nesse momento... — desviou seus olhos para a minha barriga de 14 semanas. — sei também que o presente está torcendo por nós, então não tenho o que reclamar.
O envolvi em um abraço um tanto desajeitado (por conta do bebê em meu útero) e deixei um beijo na sua bochecha.
— te amo, hermano.
— também te amo, hermana. — abriu um meio-sorriso.
[...]
Nesse momento, estamos todos reunidos na sala para assistir á Palmeiras x Atlético-MG.
Enquanto as imagens do pré-jogo passam na televisão, Gustavo e Jazmin conversam sobre algo ao qual não prestei atenção, Pía assiste o aquecimento (assim como eu) e Lucca brinca com meus fios escuros de cabelo.
— o que acha, Becca? — perguntou minha cunhada.
É, talvez o assunto que eles conversavam pudesse me interessar.
— do que? — ergo uma sobrancelha.
— estamos planejando viajar depois da final para o Para... — o barulho da campainha ecoou, interrompendo Jazmin de falar o que queria.
— ele chegou! — exclamou Gustavo, se levantando apressadamente para abrir a porta.
— quem chegou? — questionei á minha cunhada.
— veja só. — apontou para Gustavo, que abria a porta com a chave.
— Piquerez! — disse, entusiasmado.
Meu coração disparou, minhas mãos ficaram frias e um frio na barriga atacou-me inesperadamente ao ouvir o seu nome.
Há algo sobre Joaquín que não consigo explicar. Os outros... bem, eles não têm o mesmo efeito e isso me preocupa. Eu não sei o que está acontecendo comigo.
— Gómez! — um sorriso largo e feliz surgiu de repente nos meus lábios quando ouvi a sua voz. Meu corpo têm reagido assim desde que nos aproximamos e eu ainda busco entender o porquê.
Enquanto eles se cumprimentavam, calcei meus chinelos e resolvi ir interrompê-los apenas para abraçar Joaquín.
— vaza, Gustavo. — dei-lhe um pequeno empurrãozinho para o lado, arrancando gargalhadas do uruguaio.
— só sabe me humilhar. — murmurou antes de voltar para a sala, assim, deixando eu e Piquerez á sós em frente a porta.
Antes de trocarmos qualquer palavra, o jogador me envolveu em um longo, carinhoso e apertado abraço. A fragrância de seu perfume logo invadira minhas narinas. Os seus braços enlaçados á minha cintura a acariciam levemente e isso tornara insaciável a vontade de estar com ele, para sempre.
Era por isso que eu gostava daqueles abraços (especificamente, os dele). Porque era ali. Era ali que encontrava tudo o que tinha de mais bonito.
— como está minha mamãe favorita? — perguntou, após me soltar.
— um pouquinho enjoada, porém bem... — o respondi risonha. — e o meu papai favorito, como vai?
— vai bem... só com saudades da mamãe e do nosso bebêzinho. — levou uma mão á minha barriguinha. — oi, pequeno palmeirense, como está aí dentro? Já está preparado ou preparada para a final? — ok, sinto que vou chorar a qualquer momento.
— tenho certeza que esse serzinho está bastante ansioso para a final, não é, criança? — perguntei, também levando uma mão á minha barriga.
— quem não está? — soltou uma risada anasalada. — eu mesmo não consigo parar de pensar na taça.
— nem eu... ahm, entra. — pedi, dando passagem ao jogador. Após ele adentrar a casa e correr para a sala atrás de Gustavo, fechei a porta e me dirigi ao cômodo também.
Joaquín e Gustavo estavam lado á lado; Jazmin e as crianças também estavam sentadas no mesmo sofá que eles, porém, todos eram velas para o "casal". Me sentei num outro sofá e logo percebi que Lucca me encarava.
— ti-a. — tentou dizer, apontando para mim.
— quer ir com a tia, filho? — Jazmin. O pequeno apenas balançou a cabeça, confirmando.
— tudo bem, tudo bem... — levantou as mãos em rendição.
A mesma se levantou e entregou o mais novo em meus braços, voltando para seu assento em seguida.
Não demorou muito para ele deitar-se e se confortar numa posição. Sei que ele dormirá a qualquer momento, então resolvi prestar atenção na televisão.
— Deyvershow titular. — debochou Gustavo, enquanto via os titulares do Palmeiras.
— meu ídolo. — foi a vez de Joaquín.
— vou falar pra ele. — ameacei, apontando para o meu celular na mesa de centro.
Um coro de "não, por favor" de ambos os jogadores preencheu o ambiente. Eles sabem que se eu contar para Deyverson, ele os pegará com um chinelo.
Logo o jogo começara, e com isso, um silêncio se instalou na sala; escutavamos apenas o barulho da televisão.
[...]
Que jogo, meus amigos, que jogo!
Nossos reservas deram conta do galo titular e eu não tenho palavras para mostrar o quão orgulhosa estou. Agora, o foco é a grande final!
— eu não tô bem. — comentei, ainda surpresa pelo jogo.
— Deyverson simplesmente fez o que bem quis com a defesa do Galo... — riu fraco o meu irmão. — devo um pedido de desculpas para ele.
— eu também. — disse o pai do meu bebê, arrependido por ter duvidado da capacidade do centroavante.
— ainda bem que eu fiquei quieta. — suspirou, dando-se por vencida.
— Jazmin ídola, nunca tá errada. — brincou o uruguaio, arrancando sinceras gargalhadas de todos ali, inclusive Lucca e Pía, que não dormiram em momento algum.
Pois é, o jogo foi tão movimentado que nem as crianças tiveram tempo para dormir.
— eu já vou indo, tenho que levar essas pessoinhas... — referiu-se á Gustavo, Pía e Lucca. — para dormir. Vocês vão ficar aí?
Encarei á Joaquín e, com um olhar, pedi que ele ficasse. Por sua vez, ele assentiu com a cabeça e se sentou ao meu lado no sofá, mas não antes de tirar meu sobrinho do meu colo e entregá-lo á sua mãe.
— boa noite lindos, amo vocês. — desejou Gustavo, beijando nossas testas.
Pelo visto, a noite será longa por aqui.
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