capítulo 21 • playa.

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Becca Gómez.

Era madrugada, 4h da manhã, e eu já estava dentro de um carro. A viagem para a praia acontecia e eu não poderia estar mais alegre (e um pouco sonolenta, convenhamos).

O carro que estou é de Joaquín, mas nada acontece e isso me incomoda. Ainda não trocamos uma palavra sequer... bem, talvez um "oi", mas ainda sim é pouco.

Além de nós 2, Camila e Pía estão sentadas nos bancos de trás e dormem como anjos. Queria estar dormindo assim, mas algo me incomoda e torço muito para que seja o peso da minha barriga de 5 meses e 14 dias.

- o que foi, Becca? - perguntou sem tirar os olhos da "estrada".

- nada. - suspirei fundo.

- e por que não para de tremer as pernas? Tá nervosa? - dessa vez, o tom que dizia as palavras parecia ser divertido.

- ai, Joaquín, me poupe. - revirei meus olhos.

Ouvi o jogador gargalhar brevemente e deixei um tapinha em seu ombro.

- mas sério, o que houve? - tornou a perguntar.

- não é nada, eu só tô esperando aquela conversa...

- que conversa?

- aquela lá...

- qual?

- aquela! - exclamei, quase gritando. Por sorte, não acordei nenhuma das meninas que dormiam.

- a gente tem muitas conversas, minha gata. Pode especificar, por favor? - pediu pacientemente.

- é sobre nós, Joaquín. - mordi meu lábio inferior após ir direto ao ponto.

- achei que não quisesse falar sobre isso no momento. - esboçou um meio sorriso.

- porra, isso está martelando na minha cabeça faz muito tempo... - passei minha mão pelo meu rosto. - não sei se consigo mais adiar essa conversa.

- sabe que agora não dá, não é? - assenti com a cabeça. - espera a gente ter tempo, espaço e privacidade e eu te prometo que resolveremos isso o mais rápido possível.

- tá, tudo bem. - virei meu rosto para o vidro transparente.

Ignorando a presença do jogador ao meu lado, passei a admirar a paisagem da janela.

[...]

Depois de exatamente 1h e 55 minutos de viagem, me encontro comemorando por finalmente chegar ao destino: a praia... mais especificamente, a casa em frente à praia.

Minha bunda dói e minhas pernas também, mas nada me impede de sair do carro sem ajuda e tirar Pía de sua cadeirinha.

- tia, cadê a mamãe? - perguntou, procurando por Jazmín com os olhos.

- ela está lá dentro da casa... - apontei para uma residência grande, com muros exageradamente altos e um portão de madeira. - aperta a campainha, Jaz está lá dentro.

- tá bem. - fez um joinha com as mãos e saiu correndo na direção da casa.

Juntei algumas bolsas que estavam jogadas pelo banco de trás e passei a carregá-las nos braços, costas e mãos. Ao todo, carrego 8 "malas".

- onde pensa que vai carregando esse tanto de mochila? - disse Joaquín, entrando na minha frente e me impedindo de continuar a andar.

- vou para a casa. - respondi óbvia.

- me entrega algumas. - ordenou, tirando sem permissão a bolsa de Pía das minhas mãos.

Entreguei a maioria das bolsas/mochilas que segurava para o uruguaio e nos dirigimos á casa. Todos estavam lá, inclusive a caloteira de Cami (que saiu do carro antes de nós para não ter o trabalho de carregar nada).

- olá, lindos. - disse os cumprimentando e coloquei as coisas em cima do sofá ao perceber que haviam outras malas ali.

- ouvimos dizer que vomitou no carro... é verdade? - Dudu.

- aí, quem contou? - cruzei os braços.

- NINGUÉM CONTA NADA, HEIN. - gritou meu irmão, entregando Pía numa facilidade absurda.

- foi Pía então. - ri fraco.

Um coro de xingamentos foram direcionados à Gustavo. Coitado, não consegue esconder nada.

"- pelo amor de Deus Jazmín, se descobrirem que teremos um filho, vão surtar!"

E foi assim, repentinamente e na frente de toda a família, que descobrimos que Gustavo e Jazmín estavam esperando Pía.

Isso ainda me arranca boas risadas.

[...]

Não sabiam que horas eram, mas o céu já estava escuro, a lua se fazia presente por ali e as estrelas também.

Ok, eu dormi mesmo a tarde toda?

Ainda sonolenta, me levantei daquela cama enorme, calcei meus chinelos e fiquei transitando pelo quarto até achar o banheiro.

- acho que é aqui. - murmurei após achar uma porta branca dentro do quarto.

Abri a porta e, sem dar atenção á luz acesa, adentrei o banheiro.

- que isso, garota? - protestou uma voz.

Se a voz era doce, pacífica como o mar e carregada de sotaque...

Merda! Mil vezes merda! Eu INVADI o banheiro.

— meu Deus. — minha voz saiu quase em um sussurro. Me virei lentamente para encarar Joaquín e o vi com uma toalha amarrada em volta do quadril. Seu peitoral está á mostra e não pude evitar de morder meu lábio inferior ao imaginar minha boca ali, passeando pelos gominhos da sua barriga definida. — meu Deus, literalmente.

— saia daqui, Gómez. — ordenou, enquanto terminava de escovar os dentes. Por minha vez, não esbocei reação alguma e continuei a fitá-lo.

Dios mio! Que homem!

— Rebecca! — esbravejou.

— aí! — revirei meus olhos. — você que invade o meu banheiro e a errada sou eu?

— seu banheiro? — fez uma careta. — minha gata, esse quarto é nosso.

— nosso? — questionei, recebendo a confirmação logo em seguida. — não me lembro de ter te convidado para dividir quarto.

— a Pía e o Pedrinho também vão dormir aqui. — avisou antes de se retirar do banheiro e ir para o quarto.

— acabou a paz. — resmunguei.

Tiramos o dia de hoje para descansar, pois a viagem foi longa e daqui a pouco é véspera de ano novo... ou seja, amanhã será corrido.

nós 3 - joaquín piquerezDonde viven las historias. Descúbrelo ahora