capítulo 26 • el cuarto.

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Becca Gómez.

Essas últimas semanas tem sido corridas por motivos de: resolvi (de última hora) me mudar para um apartamento no Morumbi. Eu estou no oitavo mês de gestação, e continuar morando com o meu irmão não daria certo, afinal, não há espaço para Bella e Joaquín naquela casa.

Bem, não foi nada trabalhoso organizar o meu novo lar. A sala já está pronta; o meu quarto, a cozinha, a lavanderia e a varanda também, falta apenas o quarto da minha bebê. Alguns detalhes serão definidos e ele ficará do jeitinho que eu quero.

A parte mais estressante desse cômodo é a falta de acordo entre eu e Joaquín. Ele quer fazer um quarto do Palmeiras e do Peñarol para ela, já eu quero fazer um quarto rosa com detalhes em branco... mal sabe ele que a casa é minha e eu faço o que eu quero.

Que ele vá montar quarto brega na casa dele, na minha não.

— pai, arrasta o berço um pouco mais perto da janela. — eu recomendei, enquanto dobrava as roupas que a minha filha usaria quando viesse ao mundo.

— assim?

— isso, assim está bom.

— ahm... — ele coçou a nuca, pensativo. — falta o que?

— as almofadas do sofá. Acho que as deixei na casa do Gu. — fiz um biquinho. Esse gesto foi o suficiente para ele entender que era para ir buscá-las.

— vai terminando de dobrar as roupas, daqui a pouco eu volto. — ele disse, tirando a chave de seu carro do bolso do shorts.

— trás a Pía para cá, quero ficar um pouco com ela. — eu pedi. Quando disse que iria me mudar Pía ficou bastante abalada, ela chorou horrores com o pensamento de que nunca mais nos veríamos... acho que ela não imaginou que a distância da sua casa para a minha era de 30 minutos.

[...]

— caralho, Be, não era para esse quarto ser assim. — Joaquín reclamou no mesmo instante que entrara no quarto da nossa filha.

— a casa é minha, e eu faço o que eu quiser nela. — joguei beijinhos no ar e ele revirou os olhos. — falta meu pai trazer as almofadas.

— odeio ter que admitir, mas ficou muito lindo. — e, finalmente, admitiu. — você realmente pensou em tudo.

— sua namorada é uma genia. — eu me gabei. Ele sorriu e me roubou um selinho.

— eu trouxe o coco ralado que você me pediu, está lá na sala. — avisou. Eu saí correndo na direção da sala, e quando avistei uma sacola, a peguei. Dentro dela estava o pacote do coco ralado.

— cara, eu te amo muito! — berrei, abrindo o pacote e o levando até a cozinha. Coloquei um pouco de arroz num prato e adicionei uma boa quantidade de coco ralado.

Era horrível? Não, mas também não era gostoso.

— Rebecca, eu não acredito que você tava chorando ontem só por causa disso. — eu ouvi ele dizer atrás de mim. — é nojento pra caralho!

— para de falar assim, é a sua filha que quer isso. — eu o repreendi.

— perdão, perdão. — ergueu as mãos em rendição.

— vai dormir por aqui hoje? — questionei com a boca cheia.

— eu vou ver, amanhã tem jogo à noite e eu vou ser titular. — esboçou um sorrisinho. — vai ir no estádio?

— é contra o Bragabull?

— sim.

— acho que não vou. — enfiei uma colher de arroz na boca. — não tem graça, nós sempre ganhamos.

— ai, filha, pelo amor de Deus. — resmungou. — vai mesmo assim, é semifinal.

— eu vou ver. — me limitei a dizer.

— então vê, porquê amanhã eu não vou conseguir vir te ver.

— por quê? Não me ama mais? — choraminguei.

— tô percebendo que os seus hormônios te deixaram com alzheimer e sensível pra caramba. — resmungou.

O barulho da campainha ecoou e Joaquín se levantou para ir abrir a porta. Eu sabia que era o meu pai, o porteiro não interfonou e eu sei o porquê; o registrei como morador do prédio.

— oi, Joaco! — eu escutei papai dizer.

— oi, seu bundão. — dessa vez, escutei Gustavo.

— tio, cadê a minha tia?

— ela está lá na cozinha comendo um projeto de comida. — ele disse e eu ri fraco.

— me respeita, Joaquín! — aumentei o meu tom de voz para falar essa frase. Escutei os passos apressados da garotinha e deduzi que ela estava vindo até mim.

— tia! — ela exclamou, correndo. Me levantei da cadeira, me abaixei e a abracei. — você terminou o quarto da Bella? Eu quero ver!

— vamos lá ver, está lindo!

Nós entrelaçamos nossas mãos e fomos até o quarto da minha filha. Lá, encontrei Gustavo colocando as almofadas no sofá, Joaquín guardando algumas roupinhas que deixei em cima da poltrona e meu pai segurando uma das bolsas do kit de bolsas maternidade que ganhei da esposa do Weverton.

Nunca imaginei um dia estar vendo uma cena dessas.

— caramba, tia Be, tá lindo. — ela comentou. Eu olhei para o seu rosto e os seus olhinhos estavam brilhando.

Levei minha mão direita à minha barriga coberta por um vestido e acariciei o local brevemente. Minha Isabella nem nasceu e já é tão amada por todos à sua volta...

— falta a saída de maternidade. — eu ouvi Joaquín dizer.

— quem disse? Glória já comprou, eu só esqueci de trazer. — o meu pai disse, tornando-se inevitável não esboçar um sorriso. Meus pais estão me ajudando tanto...

A Bella chegou em um momento repentino por irresponsabilidade minha e eu me sinto culpada por não estar sabendo me preparar. É dificil lidar com isso, mas por ela eu vou até o fim e muito além.

nós 3 - joaquín piquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora