Capítulo 23

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Christopher: Oi princesa.

Kiara: Papai! - ela e Mili correm até mim - Você tá chorando, por que?

Christopher: Não é nada, meu amor. Só dê um abraço bem forte no papai, tá? - ela obedece, me apertando com os bracinhos em toda sua pequena força. - Escuta filha - digo, secando minhas lágrimas - o papai vai precisar viajar por um tempo.

Kiara: De férias?

Christopher: Não, por outras coisas. Você e a mamãe vão ficar aqui em casa, preciso que se comporte bem e faça companhia pra ela, ok?

Kiara: Quando você volta?

Christopher: Logo, meu amor.

Kiara: Traz presente?

Christopher: Trago. Agora me abraça outra vez. Filha, não tem nada nesse mundo que eu ame mais do que você e a mamãe, não esqueça disso. Agora tenho que ir.

Kiara: Me leva papai! Passeio!

Christopher: Dessa vez não posso, filha. Te amo, tá?

Kiara: Também te amo, do tamanho do planeta!

Beijo sua bochecha, a abraço outra vez e então saio atrasado, descendo as escadas sem conseguir parar de chorar. Gertrude me espera junto à entrada com uma mala:

Gertrude: A senhora Uck... senhorita Saviñon pediu para entregar isso ao senhor. - ela passa a mala. - E isso também - a governanta diz, pondo uma pequena caixa em minhas mãos. - Boa sorte ao senhor, com licença.

Na caixinha, a aliança de casamento de Dul jogava na minha cara sua decisão. Desolado saio daquela casa, onde estava tudo que eu amava e toda a vida que construi, ainda não dei como mas vou dar um jeito de consertar isso.

P.O.V. Dulce

Dor, traição e sofrimento. Essas três palavras trouxeram sentimentos que não paravam de apertar meu peito, fazia três dias que ele tinha partido e me recusei a olhar para ele antes de ir, eu não merecia o que Christopher fez para mim. Para piorar sei que não vai demorar muito para Kiara começar a perguntar do pai, os dois são muito apegados um ao outro. O que vou dizer a ela? Hoje minha filha foi passar a tarde com o vovô Camilo, dei folga a todos os empregados já que ele viria, a ideia de tamanha semelhança ainda me era estranha:

Ucker: Posso entrar? - ele diz, dando uma leve batida na porta. Usava um casaco Armani, jeans e tênis.

Dul: Claro.

Ucker: O que queria me dizer? - ele se senta ao meu lado.

Dul: Escuta Chris... Ucker... como devo te chamar?

Ucker: Pode me chamar de Ucker.

Dul: Certo. Eu quero te fazer uma pergunta.

Ucker: Manda.

Dul: É verdade o que ele disse...sobre você se sentir obrigado a vir para cá?

Ucker: Olha Dul, não que eu tivesse algo contra você, até porque nem tem como - sei que ele se refere a minha aparência, o que me faz corar - mas como deve saber, eu faço o tipo aventureiro livre, com ênfase no livre. Acho linda a ideia de amar, constituir família e tudo mais, mas não acho que seja a hora para mim, há outras coisas que sempre quis fazer antes, viajar, explorar lugares paradisíacos, estudar mais... então sim, eu estava bem infeliz em ter tido meus sonhos ignorados pelo meu pai para ser forçado a me casar. Além do mais, eu tinha medo de encontrar uma mulher idiota e superficial aqui, claro que não é seu caso, você parece uma pessoa ótima, mas como eu saberia?

Ser o ParecerWhere stories live. Discover now