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Muito nervoso, Samuel desce o último degrau muito rapidamente, ele para em frente a porta que vai para a cozinha, rezando para que não fosse nada.
Ele abriu a porta e viu duas freiras, a primeira ele reconheceu rapidamente, era a freira chefe, a mais odida de todas por ser simplesmente péssima, a mais cruel de todas as freiras. E a que estava ao seu ela era a freira Ana, Samuel a considerava um anjo, falava baixo, não se estressava, sempre foi muito gentil com todos e nunca bateu em nenhum dos meninos. A freira chefe( que se chama freira Nicole, mas Samuel prefere chama-lá assim em sua cabeça) devia ter entre um setenta a um e setenta e cinco de altura, tinha uma enorme verruga no queixo e era gorda. Já freira Ana, devia ter pouco mais de um e sesenta, era um pouco magra, seus olhos eram verdes e doces. Samuel amava como uma mãe a freira Ana.
A freira chefe ficou observando Samuel entrar na cozinha, Ryan também estava lá, Samuel tentou avaliar a expressão dos três, mas era impossível porque eles estavam com expressões muito neutras.
- Finalmente chegou, pensei que ia ter que ficar o dia todo aqui te esperando!- Gritou a freira- Desculpe, freira Nicole.
Ela revirou o olho e recomeçou a falar:
- Parece que você teve um bom desempenho escolar esse ano - Disse ela e Samuel se alivou rapidamente, daí ele ká sabia que não era nada de ruim.- Bom, estamos organizando um passeio pra vocês moleques vagabundos, e, por você ter tirado boa nota você pode ir.
Ryan, de cabeça baixa, disse:
- Posso ir também?
- Não!- Gritou a freira chefe tão alto que os tipános de Samuel ficaram doendo- Você foi péssimo em matemática, português e ciências, mas é claro que você não vai ir moleque.
Ryan baixou ainda mais a cabeça e se calou, freira Ana disse:
- Não precisa falar assim com ele, Nicole.
- Você mima demais esses garotos, Ana, acha mesmo que quando essas pragas crescerem vão ligar pra você?! Eles são todos uns ingratos no final.
Freira Ana se calou, a freira chefe conseguia intimida-lá também.
- Podem ir, pestes, conseguiram me estressar.
Ryan e Samuel não precisaram ouvir segunda ordem, saíram rapidamente e foram para o pátio.
- Que vaca.- Disse Ryan.
De tarde, eles começaram a brincar de pega pega. Eles estavam aproveitando que a freira chefe tinha saído para fazer compras. Parecia que o orfanato ficava uma paz quando ela não estava segundo a visão de Samuel. A vez estava em uma menina que dividia o quarto com ele e com o Ryan, o nome dela era Bianca, tinha cabelo loiro e era morena, seus olhos eram castanhos intensos. Ela era um pouquinho maior que Ryan, mas também era mais imatura que ele. Samuel sabia que ela ia pro passeio. Ele ficou triste porque o amigo não podia ir, e também tinha certeza que o passeio ia ser um saco.
Bianca começou a correr a pra cima de Samuel, ela pensou que por ele ser menor ela ia conseguir chegar nele mais rápido. Mas ela estava muito enganada. Samuel era baixo sim, mas corria igual uma onça.
Ele correu para o pátio mais aberto, dessa a vez Bianca não foi atrás dele, priorizou outras crianças.
Samuel ficou observando Bianca correr atrás das outras crianças, ela conseguia facilmente ser enroladas por elas. Samuel andou mais para a frente do pátio. Ele estava observando as árvores. Ele não conseguia ver o ninho dos pássaros por ali, só pela janela do quarto que dormia. Ele começou a andar um pouquinho mais, até ele percebeu que tinha alguém sentado em um dos bancos, olhando pra nada. Samuel rapidamente se escondeu, não sabia porque tinha feito aquilo mas fez. Depois ele começou a se aproximar, e então ele percebeu que era na verdade Rodrigo, ele se aproximou ainda mais quando percebeu isso:
- Oi?- Disse Samuel.
Rodrigo não respondeu, apenas ficava olhando vagamente para a rua.
- Tudo bem? Tu tá legal?
Rodrigo não dizia não nada, apenas ficava olhando para frente.
Samuel se surpreendeu quando percebeu que Rodrigo estava chorando, Samuel se sentou ao lado dele e começou a abraça-lo.
- Não estou bem! Não estou nada bem!
Samuel estava muito assustado, nunca imaginou que ia ver Rodrigo chorando daquele jeito. Ele estava muito vermelho e soluçava estericamente:
- Calma, eu tô aqui.
Com um tempo, Rodrigo foi parando mais de chorar, ele continuava soluçando bastante. Foi até que ele começou a contar:
- Elas me bateram muito- Começou ele - Acho que nunca peguei uma surra tão forte.
Rodrigo mostrou pra Samuel alguns hematomas no braço, o braço estava quase todo roxo.
- Oh, meu Deus.
Rodrigo cobriu a o braço novamente com a manga da camisa.
- Elas são péssimas, não merecem piedade nenhuma, espero que elas morram, MORRAM.
Rodrigo se levantou, andou um pouco para o portão, Samuel se levantou também.
- Calma, Rodrigo.
- Calma?! Você vem me pedir calma?! Foi você passou quase um hora apanhando de um monte de velhas gordas filhas da puta? Não, né, então vê se cala a sua boca e me deixa em paz seu moleque.
Rodrigo saiu batendo pé para a porta frente do orfanato, Samuel ficou chocado com a situação, ele se sentou novamente no banco e pensou: "Esse garoto é maluco".

Há noite, um pouquinho antes de dormir, as crianças se reuniam na sala pra assistir televisão. Algumas brincam com os brinquedos da Barbie e do Max steel, outras apenas olhavam vagamente pro nada.
Samuel estava sentado em um dos sofás ao lado de Ryan, nenhum dos dois falava nada.
De repente apareceu a freira Ana e ficou na frente da TV:
- Vamos, meus amores, está na hora de ir dormir.
Samuel estranhou porque quem fazia esse era freira chefe, então ele resolveu perguntar:
- Mas, freira Ana, onde está a freira Nicole?
- Ela passou mal e agora está de cama, fiz um chá pra ela e vamos rezar pra que ela melhore.
Ninguém disse uma palavra, esse silêncio pareceu um pouco constrangedor para freira Ana, porque ela sabia que eles não ligavam se a freira Nicole estava bem ou não, na verdade, freira Ana desconfiava até que alguns desejasem a morte dela.
Ela baixou a cabeça e repetiu:
- Vamos, crianças, está na hora de dormir.
As crianças foram dando boa noite e até amanhã para a freira e, logo em seguida, umas pras outras.
Samuel teve dificuldades pra dormir naquela noite, ficava se lembrando das marcas no braço de Rodrigo, do desespero e a tristeza em seus olhos. Ele ficou observando a lua, estava cheia naquela noite, ele ficou olhando e pensando, até que finalmente, ele conseguiu dormir.

A Mulher Atrás da CortinaWhere stories live. Discover now