6

54 21 21
                                    

Quando chegaram ao orfanato, Samuel foi diretamente para a enfermaria.
Já haviam colocado um curativo no lugar da ferida, mas ainda não haviam colocado álcool.
Samuel morreu de medo, ele não gostava de ir a enfermaria do orfanato, ele achava o lugar bizarro e com um cheiro estranho.
Doeu muito a hora em que uma das freiras passou o álcool em sua perna, Samuel aguentou, mas não chorou. Logo em seguida, a freira colocou outro curativo. Pronto, já podia ir para o quarto e se jogou na cama. "Ah, que saudade". Disse em pensamento.
Ele se virou na cama e lembrou que tinha que colocar o pijama. Como estava só ele no quarto, ele podia se trocar sem se esconder. Ele tirou a camisa e depois a calça. Quando tirou a calça, ele ouviu algo cair no chão: o pingente. Foi aí que ele se lembrou, rapidamente ele se agachou com cuidado para não machucar o joelho e procurou o objeto.
O pingente ainda estava todo sujo de lama, Samuel limpou o pingente no pijama, ele havia sujado todo o pijama, mas ele podia limpar de madrugada, enquanto todos dormiam.
Ele ergueu o pingente e observou, ele percebeu que tinha como abri-lo, ele abriu e encontrou dentro uma linda pedra preciosa, parecia um diamante mas era mais brilhoso e um pouco menor. Ele observou, encantado, a pedra que brilhava na palma da sua mão, parecia que estava em uma transe.
Ele colocou a pedra novamente dentro do pingente e deitou na cama, estava morrendo de sono. Ele havia esquecido de apagar a lâmpada: " Que coisa " disse ele em pensamento.
Se arrastando igual um zumbi ele foi até o interruptor e desligou a luz. Se jogou na cama e finalmente pôde dormir em paz.
Sonhou que estava em um sinal de trânsito conversando com duas pessoas, ele não conseguia ver o rosto mas eles estavam de preto. Era um homem e uma mulher, a mulher era muito branca e tinha olhos azuis bem instesos, e usava uma grande trança no cabelo loiro. Já o homem, era branco igual a ela, usava um terno e uma calça social preta igual a da mulher. Samuel não conseguiu ver a cor dos do homem porque ele só olhava para baixo.
De repente aparecia um ônibus no sonho. Samuel viu o ônibus e andou em sua direção. Ele não sabia direito o que estava fazendo. O ônibus em alta velocidade bateu Samuel em cheio. Mas por incrível que pareça, o sonho não havia terminado. Samuel continuava lá, parado, se observando, ele olhou para o homem e a mulher, eles estava sorrindo. Samuel ficou muito assustado, até que a mulher falou:
- Agora você é um de nós.
Samuel olhou pra si e viu que estava com o mesmo terno preto que o homem usava.
Samuel acordou assustado e com seu coração batendo forte. Ele encarava aliviado o teto do quarto, aliviado por saber que havia sido apenas um sonho.
Ele se lembrou do pijama sujo e se levantou rapidamente.
Ele andou ligeiramente até a porta para não acordar seus amigos. A cada passo que dava ele ficava mais aflito em pisar em alguma coisa e dar um grito acordando seus amigos. Mas nada disso aconteceu, Samuel conseguiu chegar até a porta sem encostar em nada. Ele abriu com a maior delicadeza a porta do quarto.
Quando ele conseguiu sair do quarto, ele conseguiu respirar aliviado. Mas rapidamente o alívio sumiu.
Ele viu uma silhueta feminina sentada na janela atrás da cortina. Parecia que o coração de Samuel havia parado com o susto tão grande que ele levou.
Por alguns segundos, ele ficou imóvel, apenas olhava para a silhueta feminina.
Em um ato de coragem, ele se aproximou da janela. Ele estava começando a suar bastante.
Quando ele chegou mais perto, Samuel percebeu que a sombra se virou para ele. Ele parou de se aproximar. Novamente ficou alguns segundos parado.
A sombra falou:
- Olá, Samuel.
Em outros dias, Samuel voltava correndo para o quarto e trancava a porta, mas hoje, incrivelmente, ele estava com uma coragem absurda. Tanto que ele respondeu:
- Oi!- Disse ele- Quem é você?
Samuel percebeu que a silhueta havia baixado a cabeça e demorou um pouco pra responder:
- Carla.
Samuel não sabia o que dizer, ele apenas ficava encarando aquela sombra feminina que falava com uma voz doce e calma. Ele tinha tantas perguntas em sua cabeça, mas ele não conseguia colocar em palavras. Então ele achou melhor perguntar:
- Você é um fantasma?
Carla deu uma risada. No mesmo momento, bateu um vento um pouco forte e Samuel conseguiu ver parte do rosto de Carla. Foi aí que ele percebeu que a janela estava aberta.
Samuel percebeu que Carla tinha olhos azuis bem intensos, e um cabelo bem preto. Ele não conseguiu ver direito o que ela estava vestindo, mas parecia que ela usava alguma roupa preta.
- Bom- Começou ela- Consideri- me uma pessoa que gosta de contar histórias.
Não foi exatamente o que Samuel perguntou mas ele relevou a resposta.
- Falando em história- Continuou Carla- Você sabe a história desse orfanato?
Samuel tentou puxar na memória alguma coisa que ele tinha ouvido ou se alguém falou alguma coisa, alguma vez, pra ele. Foi aí que ele percebeu que NUNCA, ninguém havia falado nada do orfanato antes.
- Não.
- Quer que eu conte?
Samuel pensou um pouco antes de responder. Ele não estava com sono, ainda aguentava alguns minutos.
- Sim, pode contar.
- Ok- Disse ela- Vamos lá.

A Mulher Atrás da CortinaWhere stories live. Discover now