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Deu empate entre Raquelly e Samuel, os dois se olharam e disseram:
- Vamos, só nós dois agora.
Samuel e Raquelly ergueram a mão:
- Está pronta?
- Sim!
- Vamos lá... Pedra, papel, tesoura...
O vencedor foi Samuel:
- Yes!- Disse ele sorrindo.
- Affff, não gosto de ser a mãe mas fazer o que?
Raquelly se virou para uma árvore e perguntou:
- Até quanto eu tenho que contar?
Samuel pensou um pouco:
- Até trinta, tá bom?
- Tá, tudo bem. 1, 2, 3, 4, 5...
Samuel começou a correr. Ele viu algumas crianças correrem para atrás do carrinho de pipoca, outras foram mais para onde o mato era maior, enfim, a questão foi que nenhuma das crianças foi com Samuel, ele achou isso bom... E ruim ao mesmo tempo.
Ele foi para trás de uma moita e ficou observando Raquelly terminar a contagem:
- ... 27, 28, 29, 30. Aí vou eu.
Raquelly foi para o lado oposto onde Samuel estava escodido.
Ele foi observar Raquelly de outro ângulo pra ver se á encontrava, mas pisou sem querer em uma pedra que estava no meio do caminho. Ele escorregou e começou a cair pra trás, mais fundo na floresta.
Samuel começou a chorar quando ele parou no chão, havia folha no seu uniforme, e em seu rosto. Seu braço estava sujo e com um pouco de sangue, também tinha um pouco de sangue em seu rosto.
Ele olhou ao redor, viu um monte de árvores e folhas caídas. Ele queria correr pra cima, mas achava que tinha torcido o pé.
Depois de algum tempo no chão e chorando, ele se apoiou em uma árvore e conseguiu ficar de pé. Foi um alívio pra ele. Todo o seu corpo estava dolorido.
Ele conseguiu dar alguns passos mas logo caiu novamente, ele chorou de frustração.
Quando ele caiu, ele sentiu que havia caído em cima de algo, ele se virou e olhou, procurou no meio das folhas e encontrou um pingente, ele levantou uma sobrancelha e observou o pingente. Ele falou em pensamento: o que um pingente está fazendo no meio dessa floresta?
Ele ficou observando o pingente e esqueceu da situação em que ele estava, ele rapidamente guardou o pingente no bolso e começou a se levantar.
Dessa vez ele conseguiu chegar até a praça, ele olhou para frente e viu a freira Ana, vermelha, e muito preocupada. Ele a chamou:
- Freira Ana.
Ela se virou no mesmo momento e deu um longo sorriso:
- Meu filho!
Ela foi correndo até ele e o abraçou.
- Onde você estava, Samuel?
Samuel explicou tudo pra ela, menos sobre o pingente. Na verdade ele havia esquecido do pingente naquele momento:
- Você teve sorte- Disse freira Ana- Se outras freiras tivessem te encontrado, você ia levar uma baita de uma bronca.
Samuel baixou a cabeça.
- Vamos logo, antes que alguém chame a polícia.
Samuel se apoiou na freira e foram caminhando até a praça onde tinha mais gente.
As freiras estavam de costa para Samuel e a freira Ana:
- Eu encontrei ele.- Disse ela assustando as outras freiras.
Na mesma hora, as freiras se viraram com um olhar sombrio e maldoso para Samuel, o que fez ele morrer de medo.
- Onde você estava, moleque?
Samuel se encolheu e baixou a cabeça, ele esperava freira Ana defendê-lo, mas não. Ela ficou calada:
- Vamos, garoto!- Disse uma das freiras, Samuel não conseguia ver qual das freiras era já que estava de cabeça baixa.- Fala logo!
Tropeçando aqui e ali, Samuel contou a mesma história que contou para a freira Ana. Obviamente as outras freiras não reagiram como ela, foram mais rudes; como sempre.
No final do passeio, quase de noite, Samuel se despediu de Raquelly:
- Foi bom brincar com você.
- Com você também, apesar de não termos brincado muito.
- Poisé, que triste.
- Bom, tchau.
- Tcahu.
Samuel queria dar um abraço nela mas foi interrompido por uma voz o chamando, claro que era uma das freiras.
Samuel andou em direção da freira rabugenta e acenou pela última vez para Raquelly, ela acenou de volta.
A van começou a andar e o parque começou a ficar bem pequeno, longe de Samuel. Mas ele ficou feliz em voltar ao orfanato. Ele só queria a cama dele.

A Mulher Atrás da CortinaOnde histórias criam vida. Descubra agora