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Samuel chegou no orfanato ainda bebê, ele foi encontrado em beco perto de uma lixeira, a freira que o encontrou já havia falecido, morreu de câncer de mama, Samuel se lembra vagamente dela, seu nome era Fernanda, freira Fernanda.
No dia, ela tinha saído para fazer compras ao orfanato, até que ela ouviu um choro alto de criança, olhou ao seu redor e percebeu que o choro vinha de um beco ao lado de farmácia. Ela foi até lá e o choro ficava cada vez mais alto, até que ela encontrou um enorme bebê embrulhado em um lençol azul e um cesto. Freira Fernanda levou a mão boca, rapidamente ela pegou o bebê, ele estava chorando muito, freira Fernanda olhou pra ele e deu um risinho:
- Ô, meu amor.
Ela começou a balançar o bebê, tentando faze-lo dormir, mas ele chorava muito, até que ela pensou: "Ele está com fome!" e rapidamente saiu dali com Samuel nos braços, ela pegou um táxi e rapidamente chegou ao orfanato. Na época, a freira chefe e a freira Ana ainda não haviam chegado no orfanato, ele ainda estava bem no começo.
Quando Samuel chegou, a primeira coisa que a freira Fernanda fez foi lhe dar um banho, Samuel estava fedendo muito. Logo em seguida preparou um leite pra ele, ela se sentou em uma cadeira de balanço e começou a dar o leite para Samuel. O rosto sereno, limpo e sorridente da freira Fernanda, só pedaço de sua imagem ficou na memória de Samuel. Todos falavam que ela era uma ótima pessoa, mas tinha uma trágica história de vida.
Nunca falaram tudo sobre a vida de freira Fernanda para os eles, apenas coisas por cima, por exemplo: "Freira Fernanda era uma ótima pessoa, feliz, sorridente, alegre" ou então "Nunca tive problema com freira Fernanda, muito pelo contrário, ela não só se dava bem comigo como também com todas as outras freiras". Samuel percebia que quando o assunto era a freira Fernanda, as outras freiras ficavam com os olhos iluminados, parecia até que perdia a imagem diabólica delas, parecia até que elas ficavam um pouco mais simpiticas, "Elas deviam gostar muito dela" pensava Samuel. Ele também observava que elas só paravam de falar quando a freira Nicole se aproximava, elas rapidamente mudavam de assunto ou começavam a brigar com eles. Freira Ana chegou uma mês depois da morte de freira Fernanda, as freiras ainda estavam de luto. Podemos dizer que freira Ana ajudou um pouco a superar esse morte, apenas com sei jeito delicado e alegre, igual a outra freira. Talvez por isso Samuel goste bastante dela, porque, apesar de nunca ter visto como era a freira Fernanda, ele imaginava que seria igual a freira Ana, talvez um pouquinho mais revoltada.
Samuel acordou com luz do sol sobre seu rosto, ele acordou um pouco assustado; estava tendo um pesadelo.
Sonhou que o orfanato pegava fogo e que a maioria das crianças morriam, inclusive Ryan, algumas freiras também morriam, mas ele conseguia ver apenas uma, freira Ana. Ele ficava completamente assustado e começava a chorar, colocava a mão no rosto e começava a chorar. Quando ele tirava, ele olhava para frente e via Rodrigo, ele estava sujo, quando Samuel olhava para as mãos de Rodrigo, via um esqueiro e um galão de gasolina. Samuel automaticamente foi pra cima dele, Rodrigo disse:
- Eu me vinguei, consegui Samuel, minha vingança.
Samuel correu para bater nele, ele estava com um ódio profundo, ódio e dor. Mas parecia que ele corria em câmera lenta, ele não conseguia chegar perto de Rodrigo, mas Rodrigo sim, Rodrigo se aproximava cada vez mais dele, até que ele disse:
- Você também, você não me ajudou em nenhum momento, você não impediu que elas fizessem isso comigo, por isso você também tem que pagar, Samuel. Eu te odeio, do fundo do meu coração eu te odeio!!!!!
Rodrigo pegava uma faca do bolso da calça que usava, Samuel conseguiu gritar:
- NÃO, NÃO, PARA COM ISSO!!!
Quando Rodrigo ia o atingir, ele acordou. Ele teve aquela sensação de alívio de dizer:
- Foi só um sonho.
Ele olhou ao redor e percebeu que todos ainda estavam dormindo tranquilamente, Samuel olhou no relógio e viu que era seis horas da manhã, ele podia muito bem voltar a dormir, mas ele não conseguia, a imagem sombria de Rodrigo tendo ataca-lo não saia de sua cabeça. E fora que ele sentiu sede também. Ele andou devagarinho pelo chão de açoalho e e abriu a porta bem devagar, também.
As freiras não tinham problema em você acordar cedo, a não ser que você ficasse enchendo o saco, mas Samuel sabia muito bem dessa regra. Ele desceu as escadas e foi até a cozinha. Lá, ele deu de cara com Brenda, a cozinheira do orfanato, ela o olhou e o comprimentou:
- Bom dia, Samuel.
- Bom dia.
Samuel pegou um copo e abriu a geladeira, Brenda estava cortando algumas cebolas. Ela sempre acordava bem cedo pra cozinhar, Samuel achava que ela era a primeira que acordava no orfanato. Ele não tinha muito assunto com ela.
Ela devia ter entre 30 a 40 anos, Samuel não sabia ao certo, e também nunca teve coragem de perguntar, ela tinha cabelo cacheado, mas era muito mal cuidado, ele nitidamente caia de sujo, ela fedia um pouco também. Tinha uma enorme verruga entre o nariz e o olho. Samuel não sabia o que pensar dela. Parecia ser uma pessoa mal humarada, uma hora tá bem, outra hora tá de mal, Brenda demostrava muito ser assim. Então Samuel preferia destancia.
Ele bebeu a água, lavou o copo e voltou pra cima.
Ele se deitou novamente na cama, ele pensou que não ia conseguir dormir, mas, por incrível que pareça, ele conseguiu dormir.

A Mulher Atrás da CortinaWhere stories live. Discover now