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Samuel começou a sentir um pouco de sono. Carla interrompeu a história:
- Você que dormir?
- Não, não pode continuar, eu aguento. - Disse ele bocejando bastante.
- Não precisa se esforçar tanto assim por causa de uma história. Amanhã eu continuo, vá dormir.
Samuel concordou com ela com a cabeça, já estava um pouco zonzo de sono:
- Até amanhã, Samuel.
- Até amanhã, vizage que eu conheci hoje.
Carla não riu. Apenas ficou observando Samuel. Samuel ficou um pouco intimidado e voltou correndo para o quarto.
Ele fechou a porta bem devargizinho para não acordar seus amigos. Ele andou lentamente até sua cama.
Ele percebeu que uns dos seus amigos estava se virando na cama. Automaticamente ele se agachou e prendeu a respiração. Quando ele percebeu que seu amigo estava profundamente dormindo, ele voltou a andar, bem mais lento do que antes.
Ele finalmente se deitou na cama e começou a se embrulhou com uma manta dos ursinhos carinhosos. Ele deu uma última olhada pra janela e viu uma lua cheia brilhante no céu, iluminava quase todo o quarto. Foi a última imagem que Samuel viu antes de cair na profunda escuridão do sono.
Samuel acordou com os raios de sol forte sobre seu rosto.
Ele acordou e segundos depois, alguma freira bateu com força na porta, assustando e acordando a todos.
-Acordem logo, pestes preguiçosas!
Todos se levantaram rapidamente com a cara amassada e cabelo bagunçado. Samuel também se levantou. Ryan foi para perto:
- Bom dia, Samuel.- Disse ele bocejando. - Bom dia.
Ryan olhou para o pijama de Samuel e percebeu a mancha de lama que estava lá:
- Nossa- Disse Ryan- O que é isso?
Samuel olhou para o pijama e sentiu um estalo. Ele havia esquecido de limpar o pijama. A história de Carla o distraiu bastante e ele esqueceu completamente de limpar o pijama. Ele tinha que pensar em uma boa mentira, mas não para Ryan, mas para as freiras. Ou talvez se ele tivesse com sorte ele conseguisse limpar sem ninguém perceber.
- Bom- Começou ele- Promete que não conta pra ninguém?
Ryan assentiu com a cabeça:
- Ok.
Samuel pegou o pingente, bem receoso, olhando de uma lado para o outro e mostrou para Ryan:
- Nossa, como você...
- Eu encontrei.
- Onde? Como?
Samuel deu uma rápida explicada a Ryan. Ele não falou sobre Carla:
- Você sabe que vai ter que esconder porque se as freiras acharem vão pensar que você roubou e você já sabe qual a punição pra isso, não é?!
- Sim, eu sei.
- Então é melhor você guardar isso antes que elas peguem.
- Ok, vou guardar.
Samuel se deu conta que só estavam eles dois no quarto.
O piso era de forro, e embaixo da cama de Samuel havia um enorme buraco em que ele, geralmente, comia doces e jogava as embalagens deles ali. Era o lugar perfeito para esconder o pingente. Samuel se agachou e colocou o pingente lá dentro.
- Vamos logo- Disse Ryan apresando ele- Antes que as freiras apareçam.
- Calma, já tô indo.
Samuel sem querer bateu a cabeça na cama:
- Ai!
- Cuidado.- Disse Ryan, rindo um pouco.
Ryan pegou o braço de Samuel e começou a puxa- lo.
Samuel levantou-se e eles foram rapidamente até o banheiro. A grande sorte foi que não tinha nenhuma freira nos corredores e eles conseguiram passar sem ninguém percebe-lôs.
Samuel correu rapidamente até a pia do banheiro, enquanto Ryan entrava em umas das cabines do banheiro. Samuel esfregou, esfregou e esfregou até que a sujeira começou a sair. Ele pensou que teria dificuldade por fazer muito tempo que a sujeira estava ali e ela secar.
Ele respirou aliviado quando viu que a mancha havia sumido. Parecia que tinham tirado um peso de suas costas (apesar de ser uma coisa tão simples).
Ele tomou banho e foi vestir o uniforme da escola. Ryan estava terminando de se trocar.
- E então, conseguiu tirar a mancha do pijama?
- Sim, foi fácil, pensei que fosse mais difícil.
- Que bom.
Samuel começou a vestir a sua calça e logo em seguida a camisa. Ryan já estava pronto mas, como sempre, esperava Samuel.
Samuel estava quase terminando de se arrumar quando Ryan falou:
- Samuel, já pensou no que você quer se quando ficar mais velho?
Samuel pensou um pouco antes de responder:
- Ah, não sei - Admitiu ele - Acho que bombeiro talvez.
- Ha, ha, ha, ha. Bombeiro? Sério?
- Sim, qual o problema?
- Não, é que não combina com você.
- Ata, entendi. Mas e você?
- Eu o quê?
- O que você quer ser quando ficar mais velho?
- Nossa, não sei. Mas acho que quero ser escritor.
- Sério?
- Sim, eu gosto muito de escrever.
- Eu acho que não combina com você.
- Combina sim, melhor que bombeiro.
- Ai, nada a ver.
Uma freira passou no mesmo momento, automaticamente eles se calaram e baixaram a cabeça.
Mas eles perceberam que era a freira Ana, então rapidamente eles levantaram a cabeça e deram um longo sorisso.
- Bom dia meus queridos - Começou ela - Se arrumem logo, se não vocês vão se atrasar.
E ela saiu.
Samuel e Ryan se olharam.
- Vamos tomar café?
- Sim! Vamos!
Os dois desceram e foram tomar café. O café da manhã de Samuel foi normal exceto pelo olhar bizarro de Rodrigo.
O dia de Samuel foi normal, nada fora do comum. Apenas a grande insônia que lhe deu há noite. Ele se recitava na cama mas não conseguia dormir de forma alguma.
Até que ele lembrou de Carla que, provavelmente, estaria esperando ele para continuar contando a história.
Antes de se levantar, por pura intuição, ele pegou o pingente do buraco e saiu andando, bem devagarinho, até a porta.
Quando ele já estava fora do quarto, ele viu a silhueta de Carla, sentada, com a janela aberta e com a cortina fortemente balaçando.
Samuel se aproximou:
- Oi? - Disse ele, já se sentando. - Olá, Samuel. Nossa, você veio mesmo. Pelo visto gostou da história, não é?
- Sim, gostei bastante.
- Ok, então vamos continuar. Onde foi que nós paramos, mesmo?
- Ah, não lembro.
- Ah, acabei de me lembrar. Vamos lá.

A Mulher Atrás da CortinaWhere stories live. Discover now