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Samuel se levantou novamente esperando a porta ser aberta.
 
Ele pensou que fosse freira Ana, que conseguiu convencer a freira Nicole e as outras freiras filhas da puta à soltar Samuel do pequeno cativeiro. Mas, quando a porta foi aberta, não havia ninguém lá.
Samuel sentiu um vento gelado subir por todo seu corpo e começou a se arrepiar.

Ele andou em direção a porta e olhou para os lados, e, realmente, não havia ninguém.
Enquanto ele observava a sala da freira Nicole, a porta da sala se abriu. Samuel se assustou com o barulho da porta e andou lentamente em direção à ela.

Ele colocou o rosto para fora da sala e olhou para os dois lados do corredor principal. Não havia ninguém.
Samuel seguiu direto pelo corredor, onde dava para a sala principal, perto da enorme janela onde costumava ficar Carla.

Quando Samuel chegou no sala, ele olhou diretamente para a janela, e, lá estava aquela silhueta feminina novamente, sentada com a janela aberta e os cabelos balançando por conta do vento da madrugada.

Samuel subiu as escadas para falar com ela.
Ele não pensou em dizer outra coisa a não ser:
- Quem é você?
Carla se virou para Samuel e deu um sorriso.
- Eu sou aquilo que você quer que seja.
Samuel não entendeu muito bem o que ela queria dizer com aquela frase, mas achou melhor fingir que entendeu.
- Foi você que fez aquilo?
Carla deu outro sorriso e respondeu:
- O que você acha?
Samuel estava começando a se sentir irritado com aquele joguinho de Carla. Porra, por quê ela simplesmente não deixava as coisas clara?
- Não sei - Respondeu ele - Você está me deixando confuso.
Carla deu o último sorriso daquela noite. Mas dessa vez foi apenas um sorriso sem resposta.
Estava frio naquela noite e, ainda por cima, a janela estava aberta, batendo um vento gelado com um cheiro de folhas molhadas. Samuel amava aquele clima, mas não era momento para ligar para aquilo. Era o momento de descobrir o que era Carla.

Carla quebrou o silêncio:
- Sabe, Samuel... Você é um bom menino, talvez até o melhor menino desse orfanato.
Ele ficou ainda mais confuso:
- Mas é muito ingênuo e não percebe muitas coisas!
- O que...?
- Exatamente! Você nunca percebeu a história que eu lhe conto, nunca ligou ao orfanato? O seu sonho?
Samuel gelou na hora que Carla falou do sonho. Como ela sabia daquilo?
- P-p-p-perai, como você sabe desse sonho??
Carla olhou fixamente para ele, com seus olhos azuis e penetrantes. Samuel ficou super intimidado.
- Eu sou um espírito, Samuel - Confessou Carla - E alguns espíritos mostram o que querem revelar através dos sonhos.
Apesar do choque, Samuel não sentiu medo dela, Carla não era um espírito ruim, não com ele.
- Mas... O que exatamente você quer tanto me revelar?
Ela ficou em silêncio. Um silêncio sepulcral.
A única que se ouvia eram os galhos das árvores batendo nas folhas.
- Não posso revelar ainda.
- Por quê não???
- Porque eu preciso terminar a história antes!!!
Samuel não entendia mais nada, seu cérebro estava dando vários nós.
Mas o pior ainda estava por vir:
- Ok! - Começou ele sem mais perguntas - Termine a história então.

A Mulher Atrás da CortinaWhere stories live. Discover now