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Oi gente! 

Escrevi na aba de conversas no meu perfil,  que só atualizaria quando alguém comentasse lá ou aqui na fanfic.

Então hoje, vi a notificação que a @EdnaRosanaRozadaSilv votou em alguns capítulos da história, e resolvi escrever. Obrigada por votar querida ;)

Enfim, o mesmo de sempre, não tenham vergonha de comentar e peçam por atualizações, isso me motiva muito!




A primeira bomba pareceu não assustar tanto, pois o choque era muito maior que o medo. Dra. Adora respirou pesadamente antes de finalmente perceber que sua cidade estava sendo bombardeada e que logo, se não se mexesse, estaria morta e ninguém seria capaz de encontrar seu corpo no meio de todas as cinzas.

Ela primeiro arrastou Catra, que não entendia muito bem o que estava acontecendo. Pegou-a pelo pulso e a puxou, tentando fazê-la ficar ciente de sua situação. Depois, pediu ajuda para pegar algumas roupas e comidas, caso a casa delas fosse bombardeada e nada sobrasse.

Catra recusou-se uma, duas vezes antes de Adora a convencer de ir junto com ela. A grande questão é que o abrigo subterrâneo era exclusivo para os alemães ''de bem''. Catra temia que algum deles a reconhecessem como uma judia e a matasse ali mesmo, sem nenhuma espera.

Correram pelas ruas escuras - pulso com pulso, respiração com respiração - até alcançarem a portinhola do abrigo, que tinha uma grande rampa de acesso até aquele abrigo imundo que Adora já frequentara algumas vezes. Catra estava assustada demais com a situação e com as pessoas. 

Ela deu lugar no chão para as criancinhas apavoradas e para os idosos. Algumas grávidas chegaram logo depois, e Catra fez o possível e o impossível para que elas também conseguissem ficar sentadas. Adora a encarava por algum tempo, só parando quando percebeu o sorrisinho de canto que já estava formado por tempo o suficiente para um senhor idoso perceber e grunhir.

Como podia ele?

Achava mesmo que a doutora era...?

Só por causa de um sorriso de admiração?

— Escute, Adora! - Catra gritou mais uma vez, dessa vez, chamando atenção da mais velha. Remexeu os cabelos cacheados que todo mundo ali via como os mais bonitos e chegou mais perto da companheira. — Tem uma senhora dizendo que a conhece. 

Adora olhou para os lados, mas todas as pessoas a pareciam completamente iguais. 

— Senhora Razz? - gritou, quando encontrou o olhar doce da senhorinha.

Ela se encontrava jogada no chão, mas tinha o mesmo olhar de quem não tinha ideia do que acontecia. Até mesmo Adora tinha esse olhar agora, e isso preocupava a jovem que pairava logo ao seu lado, com os olhos bem abertos e atentos. 

As bombas ainda estavam sendo liberadas lá fora, e os gritos de dentro do abrigo faziam a cabeça de Adora ficar cada vez mais dolorida. Ela não fazia por mal, mas realmente não aguentava a euforia e toda aquela situação. Era muito para uma jovem doutora aguentar em somente uma noite, tendo que se conformar com um abrigo pequeno e frio enquanto via as pessoas morrendo aos poucos, agonizando com o sentimento de que estavam sendo observadas ou vigiadas vinte e quatro horas por dia. 

Ela chegava a pensar que seria um privilégio ser como Senhora Razz e simplesmente não se lembrar do que estava acontecendo, já que ela não gostaria de recordar de tamanha agonia quando mais velha. Era uma das poucas situações em que ela insistia dizer que preferia a morte.

Adora, quando percebeu que nada adiantaria naquele momento, avisou a Catra que procuraria outro lugar, pelo menos algum mais calmo, para se deitar e ter um pouco de descanso. Daquele canto, onde se encontrava completamente sozinha, ela pode observar Catra e toda aquela atenciosidade e empatia que a cacheada apresentava para com as outras pessoas. Ela estava tremendo, com a pele quase roxa de tanto frio, mas insistia em continuar ajudando as crianças e os idosos. Adora jurou ter ouvido ela cantando alguma canção infantil. 

Se passavam duas horas de pensamento negativo e uma vontade incessante de ter nascido em outro lugar ou em outro tempo quando aquela jovem mulher se aproximou. Ela estava imunda, respirava com muita dificuldade e estava completamente roxa. Escorregou seu corpo magro pela parede de concreto e se deitou logo ao lado de Adora, que já se encontrava adormecida. 

Nem Catra nem Adora perceberam, mas seus corpos se uniram de forma extremamente única quando uma sentiu o cheiro da outra . Ambas pertenciam uma a outra de uma forma amigável e complicada, e essa era a coisa em se ter uma colega de quarto: elas haviam se acostumado com a constante presença de outra pessoa na hora de dormir. 

Catra foi quem acordou primeiro, percebendo a aproximação quase íntima com a velha amiga e se afastando com delicadeza. Mesmo com o susto, não interromperia o sono leve da companheira, nem se a pagassem alguns milhões.

Algumas crianças se aproximaram, e assim que viram Catra, deram um pequeno gritinho, que fora o suficiente para acordar a mais velha. Adora estremeceu e abriu e fechou os olhos algumas vezes antes de perceber onde se encontrava. E quando finalmente se acostumou, viu a figura de Catra vestindo seu casaco enquanto contava uma história para as crianças do abrigo. 

— Sabem, bebês, é incrível a capacidade da humanidade de confundir os sentimentos, e não tenho a plena certeza de que deveria estar lhes contando isso, mas o ódio muitas vezes gera o amor. Pode demorar, pode custar a vida das pessoas, mas um dia tudo se resolve. - ela dizia, com uma careta confusa no rosto. Adora entendia que a mulher não era a mais fácil com crianças, mas ela parecia incrivelmente adorável quando tinha uma menina loirinha no colo.

— Ca...Senhora? - Adora se corrigiu. — Você viu a senhora Razz? Como ela está?

— Oh sim, perdão crianças, mas tenho que tenho que falar com esta mulherzinha que acabou de acordar aqui, tudo bem? - Catra falou, com uma voz infantil e doce. — Ela está bem, mas insiste em dizer que a doutora tem outro nome. 

— Oh, sim, Catra, ela tem o costume de me chamar de Mara.

Catra retirou a jaqueta de Adora, a jogando em um canto e agradecendo sem ao menos perceber que nunca havia pedido. Levantou-se e ofereceu a mão como apoio para que a outra se levantasse. Adora pegou sua mão e pegou impulso. 

Choque elétrico inexplicável

— Diga-me, Adora, quando é que ia descobrir que seu avô foi um dia apaixonada pela senhorinha que que hoje a vê com tanto afeto e carinho?

— Como disse?

Adora começara ali a perceber que não conseguiria explicar os dons de Catra, mas os admiraria com todo o coração a partir dali. 

A casa delas não fora atingida no bombardeio, já que os malditos nazistas gostavam de pregar peças para treinar as pessoas, mas o coração de Adora estava como uma bomba



Então, gostaram do capítulo?

 Votem, por favor! 

Até semana que vem. 

O Holocausto - ib: not a couple! infinitenonfictionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora