familie

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- Doutora Adora? - Catra gritou, em mais um dos dias em que ela limpava a casa sem nenhum aviso. A porta havia se aberto e a cacheada não sabia que Adora chegaria assim tão cedo em plena quarta feira.

Não escutou uma resposta, então terminou de dobrar as cobertas da cama da doutora, enquanto alisava o avental que Adora o arranjara para esse dia da semana. Era muito comum a doutora trabalhar um pouco mais durante as quartas e Catra aproveitava desse momento para arrumar a casa da doutora que a abrigara.

O barulho não parou, e se multiplicou. Catra não estava com toda a coragem de ir até a sala e conferir se era uma doce senhorinha vendedora de doces ou um monstro - ou seja, um nazi.

Os dois passos se tornaram quatro, quase coordenados. O terror a alcançou muito rapidamente, e ela tentou retirar o avental antes de abrir a porta do quarto (elas sempre mantinha fechada, por algum motivo que Catra não entendia mas não contestava) e ir em direção ao barulho. Se aproximou muito devagar, temendo o que encontraria.

- Adora? - a voz masculina perguntou. Catra sabia exatamente o que estava acontecendo e, de certa forma, não sabia se gostava.

O homem, loiro dos olhos bem azuis, desmanchou o sorriso quando viu que se tratava de outra mulher.

- Olá? O que deseja? - Catra perguntou, com um ar caseiro e simpático, mesmo não sentindo que deveria ser assim.

- Eu sou Jordan. - o homem anunciou, como se Catra não soubesse. Estendeu a mão para a mulher, uma mão grossa e grande.

- Catra Applesauce. - sorriu e apertou a mão.

Ele sorriu ironicamente e pegou o bebê - dono dos outros passos - no colo.

- Olha, eu sabia que isso aconteceria. Eu sempre soube, tinha toda certeza do mundo, mas me neguei a acreditar que seria tão rápido e...

- Jordan? - a voz tão conhecida agora por Catra gritou da porta. - Pelo amor de Deus, esta é a primeira vez que agradeço pelos vizinhos que tenho, A Sra.Hudson do flat de baixo me avisou sobre sua vinda e eu pude rapidamente vir até aqui.

- Adora! - ele sorriu, com o menino no colo. - Pode me ajudar com as malas? Estive ocupado esse tempo todo com Finn e só agora consegui voltar.

- Você está bem, Catra? - Adora indagou, fazendo Catra sorrir em confirmação. - Finn está grande.

- Sim. E sua cara. - Jordan sorriu. - É por isso que voltei! Finn merece uma mãe! E, se não voltasse para cá, seria obrigado a atravessar o país de navio com Finn e ele me odiaria. Meus pais estão se mudando para algum lugar remoto.

- Pois trate de ir com eles, então! - Adora gritou. - Esta não é sua casa mais, Jordan, esta é a casa em que vivo com a senhorita Catra, a nossa moradia.

- Eu não teria coragem. Estou tentando mudar com meus pais, mas pobre Finn...Acha mesmo que aguentaria toda a viagem? Nunca viajei com ele, nunca esteve em um navio antes e tenho certeza de que não teremos muita comida nem muita segurança para que eu possa o manter vivo e saudável.

- Jordan, você não voltará a viver comigo. Como pode tentar bagunçar toda minha vida novamente? Você decidiu sair, e eu me recuperei sem a sua ajuda, portanto não quero que tente voltar. Foi uma escolha sua e prefiro que a mantenha enquanto eu estiver respirando.

Jordan teve seu rosto recolhido por uma expressão de tristeza exagerada para que Adora a aceitasse, e Catra percebeu logo que não se tratava de remorso, mas de uma necessidade. Com toda a certeza Jordan sabia que não sobreviveria á viagem e estava tentando se livrar dela.

- Adora... - ele choramingou.

- Para você, é senhora Adora, e não ficará em minha casa.

- Mas a criança sim. - Catra anunciou, em tom claro. - Tenho a certeza de que esta viagem é uma escolha sua assim como sua escolha de abandonar Adora quando ela mais precisou de sua ajuda. Posso lhe arrumar um ótimo navio, a senhora não correrá riscos, mas nem em um minuto pense que levará o pequeno menino como uma desculpa para conseguir moradia em algum outro país. Você a deixará com as pessoas que com certeza aprenderão a amá-la enquanto aproveita sua vida em outro lugar.

- Aproveitar? Catra, você quer que ele deixe meu filho em nossa casa para ter seus próprios planos em outro lugar? Isso é desumano. - Adora gritou, agarrando o braço da companheira e o apertando com certa força.

- Desumano é manter o pequeno Finn em um lar com pessoas que são alheias à existência dele. Eu posso cuidar dele enquanto a senhora trabalha e o manter seguro durante as noites. A senhora pode dividir a cama com ele e tudo ficará bem. - Catra disse, com a voz doce de quem tinha a calma como uma aliada e com lágrimas nos olhos pela dor repentina. - E, se me permite interferir, o senhor está me machucando.

Jordan chorou por horas e horas sentado em uma cadeira, pensando na possibilidade de abandonar seu filho. Catra conseguiu o convencer logo que, de fato, ele não estaria abandonado seu filho, mas sim garantindo um futuro melhor para a mesma.

A cacheada tinha agora os cabelos molhados pelo banho tomado durante meio tempo em que discutira com Adora e acalmara Jordan, que logo revelara seu plano de arranjar um novo emprego em outro lugar.

Ele admitira, logo antes de ir embora, que Finn estaria muito mais seguro ao lado da mãe e da jovem mulher do que em um novo país, com ele trabalhando dia e noite para conseguir uma nova moradia.

Dias depois, ele surgiu com uma pequena mochilinha de roupas, alimentos e um diário escrito sobre o comportamento da criança. Finn estava radiante e parecia quase esperançoso (se não fosse uma criança) enquanto se deitava no colo do pai e adormecia. Adora o agarrou no colo e sorriu, agradecendo a Jordan e esquecendo todo o ódio ao desejar a ele uma boa sorte na nova jornada que agora aconteceria.

Agora eram três, e Catra evitou por algum tempo se lembrar de seus sonhos sobre isso quando era uma adolescente.

Finn era um espaço em seu cérebro que agora estava preenchido com olhos azuis e cabelos bem louros.



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O Holocausto - ib: not a couple! infinitenonfictionTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang