Liebe ist keine Wahl

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Notas da autora

Voltei depois de MESES, mas estou aqui. Não sei se lembram da história, recomendo reler o último capítulo antes de ler esse para recapitular tudo. 

Enfim, espero que gostem do capítulo. Lembrando que é tudo uma adaptação, não saiam por aí querendo me matar ok? Dito isso, vamos ao capítulo. 








– Morto? - Catra repetiu, deixando todo o seu pânico e a dúvida que ainda tinha sobre o paradeiro de Adam no ar, mas não em um modo que, de alguma forma, pudesse chegar até Adora e a deixar ainda mais machucada. 

– Morto, Catra. - Adora gritou, soltando um longo e doloroso soluço, que pareceu cortar a companheira ao meio e logo depois a picotasse. – Meu irmão está morto. 

A cacheada se sentou em sua poltrona, enquanto Adora se levantava, com as mãos cobrindo todo o rosto que adquira um tom mais avermelhado por toda a raiva e todo o nervosismo que sentia ao saber que seu irmão morrera. 

– Eu não posso acreditar. Não nisso, Cat. - Ela gritou, mais uma vez, enquanto seu peito se movia aceleradamente, em conjunto com sua respiração incontrolável. – Deus, eu odeio aquele homem.

– Hitler?

– Meu pai.

Catra arregalou os olhos. Ela já ouvira falar sobre o pai de Adora, ambas tinham esses tipos de conversas quando estavam entediadas e Finn estava dormindo, mas Catra não conseguia imaginar que o pai era mesmo o monstro que Adora retratava. Catra acreditava que assim como a beleza, o ódio depende de modelos de infância e opiniões próprias para acontecer. Agora, reconhecia com muita dor que a ideia de ódio de Adora só acontecia pelo pai, porque o pai realmente fora a figura de ódio para ela.

Tudo o que sabia era que o pai de Adora agora comandava um dos grandes campos de concentração para homossexuais e judeus. 

E Adam era homossexual. 

E, se tudo se completasse como se completava na cabeça conturbada e preocupada de Catra, logo o pai de Adora viria a descobrir que Adam não era o único diferente naquela família.

Adora agora estava com uma mão segurando o rosto, cobrindo seus olhos que soltavam lágrimas incontroláveis que desciam por suas bochechas rapidamente, quase como se não pudessem evitar serem vistas por Catra.. A jovem não conseguia ver Adora chorar, simplesmente pelo fato de que a dor da companheira a atingia bem fundo no próprio coração, agora que ambas estavam conectadas de modo tão complexo que não conseguiam sobreviver uma sem a outra.

E Catra simplesmente se levantou. Ela se levantou mesmo sabendo que alguém tocava rudemente na porta. Ela se levantou mesmo sabendo que quem agora estava tentando arrombar a porta era o pai de Adora, como era óbvio. Ela se levantou, e a abraçou. Um abraço mais doloroso que amoroso, porém sincero em um nível que dificilmente alguém conseguiria descrever. Catra deixou uma mão pousada na nuca de Adora enquanto a outra passeava pelo seu braço, encostando o queixo bem no topo de sua cabeça.


-É o que é Adora. - ela disse, e naquele ponto já sabia. que ambas estavam sendo observadas, mas não se importou. Aquilo era mais importante que o pai louro e raivoso que estava parado ao lado de uma porta completamente destruída,assim como o coração de uma filha que chora a morte trágica e injusta do irmão.

O pai pigarreou, fazendo com que Adora acordasse do sonho que era estar nos braços de Catra mais uma vez antes de tudo virar o pesadelo que ele sabia que viria.

-Adora...

-Pai.

Ambos se encararam, e Adora se negou a apertar a mão do homem que o trouxera ao mundo literalmente, mas não como deveria ter feito.

-Como está? - o pai perguntou naturalmente, fazendo o que sempre fazia quando começava suas raras visitas: lavar as mãos. E Adora se sentiu pessoalmente ofendido com o gesto, sentindo que na lavada das mãos, o pai se livrava emocionalmente do peso que era ter matado o próprio filho.

-Não me pergunte como estou. Sabe exatamente o que está acontecendo e que não é bem vindo em minha casa. - Adora não teve a coragem nem a força para gritar ou dar um soco no homem, estava completamente destruída. - Você é um monstro, desde que nasci penso isso. Você é um monstro e todos os dias eu agradeço ao meu Deus por não ter um pingo de sua personalidade misturado com o sangue que corre em minhas veias.

Era doloroso para Catra assistir aquilo. Assistir Adora com dificuldade para continuar respirando, se afogando nas próprias lágrimas enquanto se segurava firmemente na mesa para não cair. Ela sentia um pedaço de si se desfazendo muito rapidamente, como o cair das lágrimas da mulher que ela amava.

Porque, sim, ela a amava. A amava profundamente, como nunca pensou que voltaria a amar. Amava o jeito como Adora cuidava de seus pacientes, mesmo que agora a Sra. Herm e o senhor de quem cuidava já não estivessem mais entre nós pela falta de recursos e comida. Amava como ela sorria e como suspirava seu nome em seus momentos mais íntimos. Amava como ela cuidava do filho delas e como via muito dela  no pequeno menino. E vê-la triste, acabada, fazia de Catra metade de um mulher.

-Escute-me, Adora. Adam era uma doença, eu não poderia continuar com aquilo.

-Aquilo? Está se referindo à vida dele? - Adora gritou, finalmente. - Pois escute muito bem ao que vou te dizer nesse exato momento. Catra, por favor, pegue Finn no colo.

Catra assentiu e colocou o pequeno menino no próprio colo, amarrando suas perninhas. ao redor de sua cintura fina e beijando o topo de sua cabeça enquanto deixava o menino deitar em seu peito ao som de uma canção de ninar cantarolada.

-Isso é o que você nunca vai ter, e o que tive a honra de ter. - Adora explicou.

-O que disse? Filhos? Eu tive filhos.

Adora gargalhou ironicamente.

-Estou falando de familia, senhor - a loira esclareceu, juntando sua mão com a de Catra, e sorrindo sem medo. — Porque, sim, essa é a minha família. Eu tenho uma companheira linda e atenciosa a quem amo mais que tudo e nós dois temos um lindo filho, que vai aprender que a doença do mundo não foi o fato de ele ter sido criada pelas duas mães que teve, mas sim que o amor seja considerado como um crime em um mundo onde o ódio prevalece. Ele será o menino que estará nas ruas, reivindicando seus direitos, ele será o que entenderá o que acontece hoje como uma parte da história, mas não como uma verdade. Porque crença não é escolha, doença mental não é escolha, estilo de vida não é escolha... E o amor, este com certeza não se pode escolher.

O louro mais velho acabou com uma expressão fechada e as mãos em posição de soco quando ouviu as palavras da filha.

- Catra , meu amor, leve Finn até a Senhora Hudson

-E por que?

Adora suspirou.

-Porque ele está aqui para nos buscar.

O que, logo mais tarde, se provou verdade. O pai os deixou escolher um objeto de cada. Elas poderiam ter escolhido uma fatia de pão ou uma barrinha de chocolate.

Mas Adora acabou levando seu diário, que nunca deixara Catra ler, enquanto esse, por sua vez, carregara debaixo do braço um desenho de Finn.

E elas sobreviveram somente com isso na longa viagem de trem.

Sobreviveram com isso quando receberam as tatuagens de triângulos cor-de-rosa nos braços. E, por fim, sobreviveram à chegada ao campo simplesmente pelo fato de ainda estarem juntas.

Porque o amor nunca é uma escolha.








Bem gente, foi esse o capítulo.
Acho que hoje atualizo mais.
Obrigada por toda a interação que estou tendo nessa adaptação, vocês são incríveis. Acho que a fanfic está acabando :(

Enfim, é isso. Se cuidem!


O Holocausto - ib: not a couple! infinitenonfictionWhere stories live. Discover now