epilog

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O louro garoto, com seus cachos caindo, corria até sua moradia. Ele estava, como não gostaria de admitir, envergonhado de si mesmo. Envergonhado de ser quem ele era agora e quem ele nunca desejaria ser:

Um garoto apaixonado.

Ele estava apaixonado, Deus, perdidamente apaixonado. E isso, de certa forma, não era bom para ele. Ele se sentia consumido por aquele sentimento de certo modo que tudo nele parecia estar recheado de agonia e preocupação. Finn começara muito cedo na adolescência a se preocupar com sua aparência e com o jeito como as coisas funcionavam dentro de sua cabeça, com 16 anos já estava naquela situação e não se via saindo dela muito facilmente.

Porque nada era, de fato, fácil.

— Finn? - a senhorinha, já com sua idade extremamente avançada,adentrou o quarto da menina com uma curiosidade e certa preocupação que somente uma mãe teria. - O que aconteceu, querido? Pode contar pra mim, eu vou entender.

Ele limpou uma das lágrimas travessas que cruzavam seu rosto e fungou com o nariz antes de falar. Ele nem hesitaria em falar com Martha, sendo ela como uma
mãe para ele. A senhora fizera o papel de mãe e pai desde que Finn era simplesmente um bebê e, agora, o garoto se acostumara tanto com sua presença que não se imaginava em outro lugar.

— Eu acho que... Eu acho que estou apaixonado.

— Oh! Oh... Eu não sou a pessoa certa para te dar conselhos sobre isso agora, meu filho. Não sou, mesmo. Sou somente uma senhora viúva que nunca vivenciou o amor de verdade.

— Então quem é a pessoa certa?









A senhora respirou fundo e sorriu, olhando para o armário de Finn e subindo em uma cadeira para pegar, bem do fundo, onde Finn nunca mechera, uma caixa de papelão grande.

-Sua mãe.

-Ah, Martha... Minha mãe não está aqui agora. - Finn respondeu, acariciando os próprios braços.

-Eu sei. - ela retrucou, delicada. -E acho que ela também sabia que não estaria aqui hoje, então deixou esta caixa. Foi algo que recuperei de sua antiga casa, aqui do lado, e que recebi logo depois do fim da guerra, quando os pertences que seu pai levara para o campo foram liberados. Junto com alguns dos itens desta caixa, recebi uma carta destinada a mim que dizia especificamente que eu só deveria a entregar esta caixa no momento em que você presenciasse, pela primeira vez, o amor.

Finn olhou confusa para a caixa, e hesitou em abrí-la.

-Certo, eu estarei na cozinha fazendo um chá para nós duas. E a receita de biscoitos que seu pai me passou, ah, Catra adorava aqueles.

O garoto sorriu, quando viu a senhora passando pela porta e a deixando completamente sozinha.

Ele a abriu.

De primeira vista, conseguiu pegar em mãos um desenho, onde reconheceu facilmente seus pais, Jordan e Adora. Era um desenho feito por sua mãe antes mesmo do início da guerra. Os traços estavam um pouco fracos devido ao tempo, mas ainda era um desenho muito bem feito.

O segundo desenho, muito maior, muito melhor, era o de Catra.

Era incrível como qualquer pessoa conseguiria enxergar a beleza daquela  jovem de muito longe e como sua mãe retratava tão bem as feições delicadas de uma mulher de 24 anos no meio de uma guerra que o atingia completamente e, de formal principal, fisicamente.

O terceiro desenho era dos três. Catra segurava sua versão bebê com muito carinho e cuidado enquanto Adora repousava em sua cadeira, olhando apaixonadamente para os dois.

O Holocausto - ib: not a couple! infinitenonfictionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora