Questão de Honra!

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Capítulo 6
Ponto de Vista
Narrador

— [...] E é isso que acontece todo o santo dia!

— E quanto tempo até a memória dela voltar?

— Rue disse que o diagnóstico talvez seja irreversível.

Camila e Ula Ekewaka, conversavam sobre o Serpente em porto. A casa navegante de Camila. A mulher regava algumas flores ali pelo deck, enquanto Ula zanzeava para lá e para cá, comentando algumas coisas que Camila consideravam ser baboseiras, como todas as vezes, tomando uma cerveja local bem gelada, naquela noite quente.

De repente, seu irmão que a estava na parte superior do barco, perto do timão, salta e pousa ao lado de Camila regando flores no deck. A mulher nem se abala, acostumada demais com a hiperatividade de seu irmão.

— Ah... Então o que está me dizendo é que, essa é a mulher perfeita para você! – Camila para por um instante em seu regar obsessivo e encara Ula com os olhos cerrados, não acreditando no que seu irmão acabou de dizer. Não acreditando mesmo.

— Me explica como, Ula.

— Ora, pode passar o dia inteiro com ela, sem se apegar ou se preocupar que ela se apegue porque-,

— Por que o voo dela parte toda noite? Só tem um problema nisso tudo. – Desiste de encarar o rosto abobado de Ula e retorna para suas plantas e flores.

— Qual? – Ula abre os braços e torce a boca, verdadeiramente confuso.

— Essa merda é cruel! – Se altera um pouquinho largando o regador no chão e retirando as luvas de jardinagem.

— Não! Não é não. Olha, escuta, vocês se conhecem, saem, flertam sem compromisso, ninguém se machuca.

— Tsc! Com a porra de um dano no cérebro, seu maluco! Perdeu a cabeça, Ula? – Se afasta, aproximando-se do timão que estava quebrado a algumas horas atrás e testa a mobilidade do novo que acabara de instalar, sendo encalçada por Ula.

— Okay, eu vou concordar com você nessa, é verdade. Mas, eu acho que seria saudável para você Mrs. Han, você não se permitiu conectar com uma mulher por muitos anos.

— Ah eu agradeço seu conselho, Oprah. Mas me deixa em paz, entendeu?

— Ei, você faria exatamente o que o pai dela faz. Vai dar a ela um dia maravilhoso... E quando for a hora de você ir para a sua grande viagem de barco. Puf! É só ir. Ela não vai nem notar sua ausência

— Ah é? Não tenho certeza sobre a parte do "puf", porque não sei se sou uma boa "puffer", você pode demonstrar um bom "puf" para mim?

— Eu não vou pufar daqui! Minha mulher deixou eu vir, então vou aproveitar, supera e não enche meu coco! – Ula exclama, levando um cigarro apertado até a boca, se aprontando para acendê-lo.

— Ei, ei, ei! Para de fumar essa erva e vai trabalhar. Veio aqui para me ajudar então vá logo.

— Está bem, está bem, vamos colocar essa banheira gigante para funcionar. E depois vamos por ela no mar para um teste, hein?– Funga grosseiramente e guarda o cigarro na sunga colorida que estava desfilando por horas e sai pelo deck.

Ponto de Vista
Camila Ekewaka

Diário de bordo, 07 de novembro, quase meia-noite. O Serpente do Mar, está 98% recuperado, apenas alguns reparos aqui ali e estará 100% preparado para desbravar o mar aberto. E então eu poderei-,

50 Primeiros BeijosOnde histórias criam vida. Descubra agora