Carpenters

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⚠️ Alerta! — Capítulo com altos níveis de breguice, glitter, confetes e fofura.

Boa leitura! 😙

Capítulo 7
Ponto de Vista
Camila Ekewaka

Recomendação: Lips Like Sugar – Echo & The Bunnymen

O que estou fazendo? Sim, o que estou fazendo, Deus? Com certeza algo muito insensato. Insano em algumas dimensões.

Tenho como álibi o fato de nunca, nunquinha ter me esforçado tanto ou ido tão longe por uma mulher. Eu não estou fraudando minha palavra, talvez um pouco, mas o pai dela nunca vai saber.

O que me tornei?

Isso é provavelmente eu caminhando por aí com uma caçapa enorme exposta de meu ego ferido, por ter sido rejeitada pela única mulher que um dia me despertou algo além da atração física. E então fico tentando e tentando, mesmo sabendo que tudo que terei serão alguns minutos para admirar seu rostinho lindo.

É suficiente. Argh. Estou melosa, isso é novo. Mas realmente sinto que é o suficiente, só trocar algumas poucas palavras, torcendo para que ela se lembre de mim ao longo do dia, enquanto ainda pode...

Bem, não há tempo para pensar. Pois aí vem ela.

Apanho meu conector para por em prática meu plano e abano com os braços uma vez, assim que seu carro entra em meu campo de vista. Para meu alívio a velocidade do Thing rosa vai diminuindo até parar próximo ao meu carro, no encostamento da estrada.

É uma estrada de mão dupla, pacata, quase sem movimento. De um lado o mar, vasto, não há um fim no horizonte. Do outro lado da estrada, as colinas da ilha. No lado das colinas, há um enorme gramado, e é aonde meu carro está acostado, este lado não possui limitação, então é possível transitar por ali, enquanto pedestre.

Vejo a mulher com os olhos cerradinhos observando a situação da minha picape, devido ao sol. Um óculos escuro está em sua cabeça, puxando para traz bem mais que apenas a mecha frontal sempre presa por um grampo. Fato que muda seu visual drasticamente. Pelo menos para mim que estou sempre acostumada a vê-la da mesma maneira.

Além claro, do dia que vi sua calcinha. Aquilo foi diferente. A lembrança me faz suar frio, principalmente quando sei que o motivo de minha insanidade está sentadinha em seu carro esperando que me aproxime, então apenas faço.

Uau. Seu rosto livre de qualquer mecha de cabelo, é realmente esculpido, e quando ela abre um sorrisinho para mim, sinto que vou desmanchar em uma poça.

— Opa! O carro quebrou? – Pergunta toda simpática.

— Isso... Fiquei enguiçada aqui... – Digo-lhe sem jeito, estendendo em sua direção o conector amarelo.

— Iih... – Abre um sorriso apenas com os dentes de baixo, como quem diz: caraca que barra, ainda bem que não sou você. E eu percebo que faria muita coisa ainda somente para descobrir todos os sorrisos de Lauren. — Tudo bem, pode usar minha bateria.

— Nossa, muito obrigada. Você é boazinha. – Digo meio abobalhada, assistindo-a abanar a mão para mim algumas vezes e me encarar com as sobrancelhas arqueadas. — O que?

— É que... você precisa se afastar para eu poder abrir a porta do meu carro. – Ri sem graça, franzindo o nariz para mim e salientando a boca.

— Oh! Me desculpe! Desculpe. – Pulo para trás e nego com a cabeça. O que diabos está acontecendo comigo? — Mas obrigada de novo, não é todo mundo que para. – Ela sai do carro, finalmente, sem que eu esteja como uma completa louca lhe encarando e obstruindo seu caminho. Abre o capô e olha-me sobre o ombro com um sorriso amigável.

50 Primeiros BeijosOnde histórias criam vida. Descubra agora