Capítulo 7 - Parte 1

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               Cheguei na escola sentido o rosto arder.  Estava com os fones, uma maquiagem que escondia parte dos hematomas e um blusão. Oque eu queria mesmo era poder usar minha arma e resolver vários dos meus conflitos, talvez ele tenha que me pagar algum dia. Ou isso não resolveria nada?

              Sentia o mundo em câmera lenta assim que passei pela porta da frente. A música estava alta, não ouvia nada do outro lado. Caminhei pelas pessoas enquanto tocava Sorry de Post Malone, uma batida lenta e sensível.

             Agora entendo a necessidade de Dominik sempre estar com os fones. Nos neutralizam e nos distanciam da realidade. Era disto que eu estava precisando.

              As pessoas estavam num alvoroço  em um canto do corredor onde ficavam os armários. Caminhei devagar para ver oque estava acontecendo, Caroline estava para de costas quando se virou e me olhou de cima abaixo com os olhos avermelhados e as bochechas rosadas. Eu não tirei os fones quando adentrei a pequena multidão.

             O armário de Bonnie estava sendo preenchido por flores e objetos pessoais como uma pequena cerimônia oferecidas a ela. Não precisei dizer nada quando Carol começou a dizer coisas para mim e não entendi nada, única menina que conversava com ela além de mim. Consideravelmente, uma das garotas mais bonitas daquela lugar. Morena, cabelos ondulados, lábios grossos e sobrancelha bem feita. Desfilava ao lado do irmão com suas enormes pernas modeladas e bem definidas. Nunca trocamos uma palavra se quer, não precisávamos.

             Tirei um lado do fone e olhei para ela apreensiva.

— Eu.... eu não sei quem foi capaz de tanta maldade. — Minha amiga colocou as duas mãos na boca e choramingou.

— O que aconteceu? — Resolvi perguntar e a mesma me olha assustada.

— Encontraram seu corpo na floresta da zona 4. Policial Hilton disse que jamais tinha visto algo daquele tipo. O cara era profissional.  — Disse e não precisei ouvir mais nada depois daquilo. — Flynn está arrasado. — Completou e olhei para frente, observando o jogador de nosso time em prantos e de joelho ao lado das fotos da irmã mais velha.

             Ao seu lado, e em pé, estava Dominik me encarando. Usava seus fones de ouvido, sério e sem nenhuma surpresa com a morte de sua colega de classe. Talvez menos abalado possível do que a mim mesma. Me senti vasta e com muita raiva.

            Eu sabia quem era o culpado e ele também tinha uma breve resposta quanto a isso. Mas tentei não parecer incomodada com aquilo tudo, apesar de que Peter me mataria.

            Eu desviei meu olhar dos pares de olhos cobertos por lápis pretos e me virei para meu armário, sendo a única a me preocupar com esse ato. Peguei as chaves e abri, colocando um livro e o fechando. Me virei novamente e passei pelos alunos, observando os olhos escuros do rockeiro pesar sobre mim e sem dizer nenhuma palavra se quer.

            Ele estava lá naquela noite, me viu naquela mesma hora. Antes ou depois de ter matado alguém?

            Na sala, tudo oque ouvimos foram os minutos de silêncio para homenagear alguém que nunca trocamos uma palavra se quer, pelo menos eu não. As aulas foram suspensas até o final do dia e voltaríamos no outro dia. Eu não disse nada nesse percurso, simplesmente me levantei e andei para fora da escola a procura de ar.

             Faltava-me ar. Faltava-me o máximo de oxigênio possível.

             Caminhei cambaleando para fora, tirando os fones rapidamente e colocando as mãos nos joelhos. As pessoas não poderiam perceber, mas meu corpo tremia como uma batedeira de bolo.

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