Últimas Pistas - Livro 3

Capítulo 13

             Caminhei para o corredor leste e ergui o braço batendo sobre o peitoral de Dominik e o jogando na parede, ele e eu nos encostamos e nos escondemos esperando dois funcionários da escola passar pelo corredor. 

             Através da jaqueta dele ao meu lado, pude sentir o coração bater como um metralhadora em meu braço. Eu quase gargalhei, percebendo seu medo de ser pego por alguém. Virei meu rosto e ele empurrou meu braço, caminhando em direção da porta da frente e a abrindo. Eu corri com raiva e passei pela porta o seguindo se distanciar.

             Duas pessoas passaram e ele se escondeu por trás dos pequenos arbustos verdes e fiz o mesmo, dobrando meus joelhos e esperando logo atrás. Não tinha o cheiro de cigarro, oque eu pude perceber que não havia fumado hoje. Não sei bem o motivo de prestar tanta atenção nele nesse momento, mas talvez ele não seja um viciado como imaginei que fosse.

— Por que quis me trazer? — Perguntou baixo, ainda encolhido e observando pelas brechas do arbustos e eu não soube responder.

            Realmente não sabia. Caroline estava com Flynn e eu não iria atrapalhar sua péssima chance de estar do lado do péssimo garoto que gosta, Dominik era minha única opção de isca. 

           Senti a chuva em minhas costas e o barulho da água bater no piso em frente a escola. Um pequeno "droga" rasgou minha garganta com raiva. O sol nem havia desaparecido e a chuva caiu para piorar meu dia. Só queria poder fugir das aulas e me manter em silêncio, fugir de um rosto que não consegui mais enxergar a muito tempo.

            O que será que minha mãe pensaria de mim? A filha desajustada e problemática? Qual mãe amaria um filho assassino e cheiro de riscos mentais como eu? Nem sabia mais oque pensar com isso, estou muito indecisa. Precisava urgente pesquisar mais, ir em frente e matá-lo. O que estava me impedindo, afinal?

— Vamos. — Dominik me assustou e agarrou minha mão me puxando, correndo pelos degraus cinzentos e percebi que não havia mais ninguém. O lado bom de não ter mais nenhuma reclamação, Peter odiava vir até aqui. Odiava.

            Fui carregada para longe da escola, eu me encolhi agarrando a alça de minha mochila observando o braço de Dominik coberto pelo casaco do Nirvana me puxar. Eu estava quase correndo atrás dele, com a água nos ensopando. Pensei: normalmente eu não deixaria ninguém me tocar dessa maneira. Mas, porque ele? Ele me lembrava Peter, só que menos maluco. Tinham o mesmo cheiro de fumaça com diferença do álcool.

           Ele é um novo Peter da época de Sofia?

           O que um cara como ele faria? Fraco, sozinho, amaldiçoado por não ter os pais e sem ninguém além dele mesmo? Tirando o fato de ser problemático.

             Senti meu celular vibrar no bolço de minha calça e o ignorei, desde ontem ignoro tudo que vem dele. Não quero outra crise, não quero saber de Adam e nem dos e-mails dramáticos de Caroline. Só queria distancia para pensar no que faria e saber oque Peter escondia de mim, porque eu sabia que havia algo de errado desde o começo com Jhon.

— Aqui. — Ele virou a primeira rua e me empurrou num pequeno beco, coberto pelo telhado das casas paralelas da rua, o céu começou a escurecer e trovejar, deixando a pequena chuva numa transformação para uma grande tempestade. É, eu deveria não ter saído da escola. — Por que me trouxe? — Dominik me perguntou novamente e dei de ombros, sentindo seu corpo bater ao meu quando nos viramos rápido para entrar aqui.

— Se alguém fosse pego, seria você. —  Falei sincera e ele me olhou com pouco caso.

— Você é realmente hilária. — Ele disse com o rosto fechado e passou por mim, distanciando-se e senti o frio em meu estômago, quase se retirando. Mas agarrei seu braço num impulso e o puxei de volta para a proteção da chuva. Ele tinha o olhar duvidoso, dessa vez não soube dizer oque ele parecia estar pensando. — Eu te aviso sobre Peter, sobre Jhon e sobre Flynn. Tudo oque devolve é a frieza de ser simplesmente a netinha obediente dele...