Prólogo

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Alguns anos depois...

            Quem sou eu para questionar? Um fato tão irreversível como este. Lidar com cada detalhe, cautelosamente, será meus próximos objetivos.

           Não as culpo, não as condeno. É fato, entre nós, Courtney, é comum ter sangue nas mãos.

           Baixei, devagar, meu rosto. A luz do dia e a sombra de minhas pupilas, fazia com que aquele dia, amargamente, se decaisse ainda mais.

          Segurei firme, entre minhas mãos, as duas rosas vermelhas. Antes, molhadas pelo sangue das ruínas de minha família. Hoje, um final triste e amargurado.

          Respirei fundo, e ergui meu corpo para frente. Colocando, calmamente, uma das rosas por cima da lápide diante de meus olhos lacrimejados.

"Boa mãe. Boa filha. Boa amiga. Descanse em paz, Megssom Courtney Flyn."

          Ainda não me veio a tona, esse ocorrido. Por mais que os anos pudesse apagar, em todas as formas, minhas poucas lembranças os faziam retornar.

        Respirei fundo e olhei para o lado, dando passos leves em outra direção.

"Amada. Feliz. Amiga. Descanse em paz, Sofia Courtney."

         Minha avó nunca havia sido amada de verdade, fato. Feliz? Quem sabe. Amiga, infelizmente.

        Ainda me pergunto, sozinha, qual modo de quebrar essa maldita maldição dos Courtney. Mas me lembro muito bem dos motivos, da culpa e das provas em minha mãos.

       Há poucas lembranças que me façam lembrar de minha avó. Até de minha mãe, estão desaparecendo com o tempo. Já nem me recordo de seu rosto totalmente. O espaço em branco, no fundo de minha cabeça, ainda machuca.

        Agarrei minhas mãos uma nas outras, após colocar a última rosa por cima da lápide de Sofia, e sinto meu coração esfriar novamente.

        Tudo mudou desde sua morte. Tudo desandou, lamentávelmente. Horrivelmente.

        Era meu dever, suportar essa nova etapa que minha mãe deixou de herança. Guardar certos segredos, e seguir em frente com uma mentira dolorosa. Como se nada tivesse acontecido.

— Vamos, precisa ir para a escola! — Ouço-o me chamar e ergui meus ombros para cima, levantando meu corpo.

        Me virei de costas para as lápides, e olhei nos olhos do mais alto em minha frente. Esperando que eu o seguisse.

— É claro, vovô!

         Não precisava mais de uma noite para desvendar todo esse caos. Não precisei de meses ou semanas para saber a verdade. Muito menos precisei ficar noites sem dormir ou quebrei a cabeça imaginando quem estaria me traindo ou não.

         Não precisei de nada disso, pois sabia de tudo.

         Eu sabia quem matou minha avó. Também sabia oque aconteceu com minha mãe. Oque mais precisaria saber?

         Agora se perguntam, como? A resposta mais exata para todas elas: Peter.
        Isso mesmo, meu avô.

        Desde pequena, desde que me lembro, desde sempre, fui criada por ele. Renasci de um modo único. Frágil, mas inteligente.

        Pais? Mortos. Peter teve a custódia total de minha guarda. Quem seria eu para discordar ao seis anos e meio de idade?

        Não posso mentir sobre ter sentido a morte de meus pais, mas não posso negar que tudo foi se tornando mais difícil ao passar dos anos.

        Apesar disso, eu cresci sabendo um lado da historia totalmente distorcida. Óbvia, clara e objetiva.

        Também não precisei perguntar, todas as questões foram respondidas sem ao menos uma pergunta feita. Peter não se deu ao trabalho de poupar suas palavras quando chegou a hora.

        Sofia Courtney não conseguiu. Megsson Courtney, pelo contrário conseguiu a verdade, mas não a vitória.

        Eu, por outro lado — literalmente —, não as culpo por destruirem todo o resto da minha vida.

        Não as odeio, pelo menos não o bastante. Procurei me relacionar com outras pessoas abertamente, mas fui criada por uma pessoa totalmente abismada e rústica — Se é que posso o chamar assim.

         Desta vez, não iria ficar entre pistas ou procurar pistas perdidas. Eu estava nas últimas pistas, vagando por aqui até derrotá-las.

        Porque? Porque fui criada dentro delas, ao lado do inimigo.

        Porque? Porque fui criada dentro delas, ao lado do inimigo

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Últimas Pistas - Livro  3Where stories live. Discover now