Capítulo 10

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O jovem fitou-o, desconfiado. O conde não tinha motivos para dar-lhe refúgio, para ajudá-lo ou para se importar com o que podia lhe acontecer. No entanto, parecia oferecer as três coisas, pelo menos por enquanto.

— Quanto anos você tem? — o conde quis saber.

— Dezenove. Vou fazer vinte em dezembro.

Assustado, o alfa deixou-se cair em sua cadeira. Pensara que se tratava de um menino, não de um adulto. Amaldiçoou o impulso que o fizera levá-lo para casa.

— Você não é uma criança...

— Eu sei. Foi por isso que fugi.

O conde piscou. Não entendia. Era nisso que dava beber demais: ficava idiota!

— Olhe, quero que me explique tudo. Estou fora de forma...

Seokjin acomodou-se na cadeira e observou bem o alfa a sua frente. Por um momento, preocupou-se.

— O senhor está doente? Os ferimentos ainda doem muito?

— Não é isso. Estou bêbado — confessou ele. — Vou ficar com uma enorme dor de cabeça mais tarde, além da que você vai me causar se ficar aqui! Que diabos! Por que eu trouxe você até aqui? — seu tom foi rude. Sabia que não devia falar daquele jeito, mas não se arrependeu. Se o rapaz se ofendesse talvez fosse embora, sem obrigá-lo a decidir o que fazer com ele. Contudo, o garoto apenas ignorou o tom usado pelo alfa.

— Papai me ensinou um remédio que... — começou, hesitante.

— Por favor, não me venha com isso! — Namjoon gemeu, sentindo-se cada vez pior. — Conte sua história, vou tentar prestar atenção.

Seokjin ia protestar, mas desistiu. Mesmo que o conde não parecesse bem naquele momento, ele o estava dando uma chance. Talvez conseguisse convencê-lo a ajudá-lo. Ele era a sua melhor chance naquele momento.

Começou a falar:

— Meus pais morreram quando eu tinha dezesseis anos... — o Kim engoliu em seco, tentando conter a emoção. — Minha mãe alfa era professora, muito boa por sinal, mas não ganhava muito bem. Meu pai ômega, apesar de ser um Kim, não tinha bens ou dinheiro guardado, tudo havia ficado para o meu falecido tio. Não temos uma família muito grande, então, quando eles se foram, eu só tinha um lugar para ir: a casa de minha tia. Desde o começo, ela deixou claro que eu precisava ajudar na casa. Não me importei, eu estava muito agradecido por ela ter me acolhido, além de estar animado por conhecer finalmente os meus primos. Desde pequeno, eu sonhava em ter irmãos e achei que meu primo e minhas primas...

Calou-se, revivendo as lembranças dos três anos que vivera com a tia. A primeira noite, quando tinha sido mandado para aquele quartinho no sótão isolado de todos, até dos criados. Parecia que queriam escondê-lo... Sentira-se tão perdido, só e assustado! Tinha acabado de perder os pais, queria ter recebido algum tipo de conforto dos seus únicos parentes vivos. Contudo, não foi assim que aconteceu.

Namjoon compreendia a necessidade dele de falar daquelas coisas. Manteve-se calado, percebendo o que o rapaz sentia pelas expressões que se sucediam em seu rosto. Ele era tão pequenino, frágil, com aqueles olhos brilhantes. Quando o jovem recomeçou a falar, o conde mal o ouvia, pensando no acaso que os juntara. Até que o que ele dizia chamou-lhe a atenção:

— ...e, então, ouvi minha tia combinando meu casamento com Song Kang-ho. 

— Espere. Song Kang-ho que tem um armazém no centro? Esse alfa não é muito velho para você?

Seokjin assentiu rapidamente. Tinha ânsia de vômito só de pensar em Song lhe tocando.

— Sim. A filha mais nova dele é apenas um ano mais nova do que eu. Mas, como a minha tia disse, eu seria bem útil para ele. Além de poder trabalhar na venda, ainda poderia dar-lhe filhotes.

O ômega do Conde | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora