Capítulo 13

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Assim que chegou em casa, Namjoon subiu para seus aposentos e parou ao lado da enorme cama. Seokjin continuava adormecido, na mesma posição em que o vira mais cedo. Observou-o atentamente. Aquele ômega ia ser seu marido. Buscou sentir sua essência novamente, mas esta ainda parecia bloqueada pelos inibidores. Só esperava que não fosse um cheiro enjoativo.

Não conhecia Seokjin, não sabia do que ele gostava, do que detestava. Mas, considerando que mal conhecia Jae-hyun até alguns dias atrás, isto não era bem um empecilho para eles. Poderiam se conhecer após o casamento. Caso fossem muito diferentes, tanto a casa da capital como a casa de campo eram grandes o suficiente para mal se cruzarem. Manteriam as aparências para as outras pessoas, mas não precisavam realmente passar muito tempo juntos. Caso se dessem bem, poderiam se tornar bons amigos e levar uma vida pacífica, sem grandes emoções.

Mais uma vez, analisou o ômega. Não era tão ruim assim, só estava mal cuidado. E, a julgar pela própria aparência, ele deveria ser o último a ridicularizar alguém por seus atributos físicos. Seokjin estava mais do que à sua altura. Uma boa roupa e boas joias poderiam melhorar a situação do ômega, além, claro, de uma boa alimentação. Precisava dele saudável para que pudesse ter seus herdeiros.

Kim Seokjin poderia não ser o ômega mais belo ou mais prendado do mundo, mas Namjoon não estava em condições de escolher. Talvez, um casamento arranjado fosse justamente o que ele precisava. Sem disfarces, sem manipulações, sem mentiras disfarçadas de verdades, apenas acordos e deveres a cumprir. As expectativas do alfa não eram altas para aquela união, e isto era bom, pois assim não poderia se decepcionar. Seokjin não poderia partir seu coração.

Nunca pensou que chegaria a esta situação: casar-se com alguém sem realmente estar apaixonado. Quando mais jovem, tinha diversos ômegas aos seus pés. Era considerado um ótimo partido, pôde cortejar diversos pretendentes ao longo dos anos até decidir ficar noivo. Aproveitara bastante a vida até conhecer Jae-hyun, por quem largara tudo e enfim decidira se casar. Agora, o que sobrara para ele era um casamento por conveniência, com um ômega que não tinha sequer interesse algum nele.

Um gemido chamou-lhe a atenção. Seokjin murmurava. Entre palavras ininteligíveis, percebeu algumas:

— Ah, mamãe... Por favor, não morra... papai... tão sozinho... cansado...

Namjoon ficou imóvel, preso ao trágico daquela situação. Compreendeu o quanto era importante que protegesse aquele rapaz. Ele era órfão, assim como ele. Os dois perderam os pais ainda muito jovens. Mas, diferente do alfa, Seokjin era indefeso e sozinho, não tinha algo minimamente parecido com a rede de apoio que o conde tivera quando tudo aconteceu. Seokjin não tinha tios amorosos, primos generosos e muito menos criados dedicados que cuidassem dele até quando fosse necessário.

O Kim agora dependia dele. Para o bem ou para o mal, ele seria seu esposo. Tão frágil, no entanto tão corajoso ao se defender de um futuro que o aterrorizava. Não podia deixar de admirá-lo por ter fugido, completamente desvalido, sem ter necessariamente um plano. Muitos ômegas não teriam a mesma coragem.

Uma vez tendo decidido, o conde afastou todas as dúvidas. Aproximou-se mais da cama e pegou uma das mãos de Seokjin, maltratada pelos trabalhos pesados que fizera ao longo da vida. Notou que as suas unhas estavam mal cortadas e um pouco sujas, pediria para Hoseok cuidar disso depois.

— Seokjin, acorde — murmurou, mas ele apenas mudou de posição. Namjoon tentou de novo, mais alto: — Seokjin, precisa levantar, temos de ir embora.

Dessa vez sentiu a mãozinha que segurava adquirir vida. O jovem abriu os olhos, a princípio sem expressão. O alfa esperou, paciente, enquanto o menor procurava recuperar a consciência. Por fim, reconheceu-o.

O ômega do Conde | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora