Capítulo quatro

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A cidade de Oxenfurt, um precioso adorno aconchegado ao norte do Rio Pontar e ao sul de Novigrad; erguida sobre o próspero solo da Redânia. O clima era agradável praticamente durante todo o ano; os raios solares refletiam nas magnificentes construções e aquedutos élficos ostentando toda sua pulcritude arquitetônica. Uma localidade constantemente radiante, colorida e movimentada; as ruas da apolínea Oxenfurt eram ressoantes e alegres, tanto no decorrer do dia e, especialmente, durante a noite. Apesar dos conselheiros da cidade terem proibido a comercialização de álcool após o anoitecer, aparentemente não havia uma viva alma disposta a seguir essa regra e; sabiamente, uma vez que o fluxo constante de indivíduos procurando diversão e os lucros que enchem os bolsos dos donos de estalagens, mais do que compensava a perda de sono.

Era quase impossível falar de Oxenfurt e não se lembrar da jóia reluzente que domina o semblante da arquitetura da cidade, sendo esta o complexo de construções abrangendo a Academia de Oxenfurt. Parece longínqua a memória de que esses edifícios; construídos pelos elfos, antecedem a própria cidade, tendo sido a instituição a nomeá-la, não o contrário.

Atualmente, a Academia de Oxenfurt desfruta de uma grandiosa reputação, alimentando as maiores mentes, não apenas daquele reino, como juntamente, de todo o Norte. Sendo assim, a cidade praticamente vivia da instituição de ensino, bem como de seu corpo docente, estudantes e visitantes. Graças a universidade, era viável fabricar e comercializar mercadorias inconcebíveis em outras partes do mundo, onde seu beneficiamento era considerado impossível.

Tal cidade foi o berço da família Pankratz durante gerações; ao leste do centro urbano, a fabulosa morada onde residiam seus membros surgia imponente por entre um suntuoso jardim. Suas paredes de mármore eram parcialmente cobertas por trepadeiras verdejantes, estas que se tornavam um espetáculo no verão, quando flores das mais diversas tonalidades as invadiam.

Através de uma ampla janela de vidro, olhos de tom azul turquesa contemplavam a beleza da vegetação naquele início de noite fria; estes tiveram que ser desviados de tal imagem ao que batidas baixas ressoaram pelo ambiente. Olhando por cima de seu ombro esquerdo, os mesmos olhos visualizaram a silhueta de uma jovem empregada que surgiu ligeiramente na grande porta de carvalho, esta sem mirá-lo diretamente falou baixo.

- Ele já está aqui, meu senhor. Digo-lhe para entrar? - sem se pronunciar, o homem limitou-se a um acenar positivo; fazendo a moça se retirar rapidamente. Alguns segundos depois, o sonido de madeira característico do vultoso acesso se abrindo se fez presente; juntamente com uma voz grave que reverberou pelo recinto.

- Lorde Pankratz, é um prazer finalmente conhecê-lo. - este girou nos calcanhares para ficar defronte ao seu interlocutor; deparando-se com um homem alto, de porte atlético, cabelos negros na altura dos ombros e bem-apessoado. Semicerrando os olhos azuis, o nobre, enfim, se manifestou.

- Você é o feiticeiro Vilgefortz? Reconheço que lhe imaginei bem diferente. - com uma risada rouca, o sujeito de pele bronzeada questionou fixando as orbes castanhas no turquesa.

- Imaginou um velho decrépito e com uma barba branca? - movimentando-se e tomando assento em uma aconchegante poltrona de seda, detrás de uma sólida mesa escura, o Lorde Pankratz voltou a falar.

- Não vou mentir dizendo que "não". Por favor, fique à vontade. - proferiu indicando com a mão esquerda uma segunda poltrona situada na outra extremidade do móvel. Enquanto percorria os poucos passos até o assento, o feiticeiro mirou em torno do amplo escritório; prateleiras abastecidas com livros dos mais diversos assuntos e capas preenchiam algumas paredes por todo o pé-direito; amplos vitrais permitiam que a claridade da Lua transpassasse, adornando o vasto cômodo com sua luminosidade.

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