Capítulo onze

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Conforme a breve nevasca gradativamente se transformava, novamente, em uma tempestade; com seus ventos fortes golpeando as paredes rochosas do Templo de Melitelle, o barulho que advinha dos gritos dolorosos de Jaskier devido cada contração que sentia quase eram abafados.

Recostado em sua cama, o bardo apertava os lençóis ao seu redor com tanta força que suas falanges ficavam esbranquiçadas. A dor que o jovem trovador sentia, que ele podia afirmar com categoria ser a pior que já sentiu na vida, ficava mais intensa e voltava em intervalos de tempo cada vez mais curtos.

- Vamos, Jaskier! Só mais um pouco! - a feiticeira de orbes violetas encontrava-se ao seu lado, dando-lhe apoio moral ao passo que Nenneke e uma sacerdotisa mais jovem o auxiliavam no parto. Este que por sinal, o bardo já tinha ciência através dos ensinamentos da mulher mais velha, que não seria nada fácil, visto que além do trovador ser um homem seu filho também era um bruxo, logo, a carga de magia que ele possuía demandaria muito esforço por parte de Jaskier para fazê-lo vir ao mundo.

- Empurre mais um pouco, garoto. Está quase lá. - Jaskier estava se esforçando ao máximo, cada vez que uma contração chegava ele empurrava com todas as suas forças. Ele sentia um misto complexo de emoções naquele momento, as quais oscilavam entre medo, felicidade e raiva. Sim, o bardo também estava irritado.

Irritado com Geralt, para ser mais preciso.

Por mais que Jaskier tivesse noção de que o bruxo não sabia sobre sua gestação, ainda assim, no fundo de seu peito, existia uma pequena parte de si que ansiava que Geralt estivesse ali com ele. Que estivesse lhe apoiando, que visse o pequeno bruxinho nascendo, que ficasse feliz junto com ele pela criança que haviam concebido.

Entretanto, por culpa do próprio bruxo idiota isso não era possível.

No instante em que uma contração impiedosa o atingiu, o jovem bardo exprimiu sua raiva juntamente com mais uma onda de força.

- Ah! Eu vou matar aquele bruxo filho da puta! - A partir daí, suas forças se extinguiram de uma só vez. Apesar do frio congelante do exterior, Jaskier se encontrava suado e exausto, sentia-se como se tivesse corrido o continente por completo. O breve torpor de sua mente foi se esvaindo ao passo que um resmungo baixo se fez presente no cômodo, nos braços de Yennefer, um pequeno ser encontrava-se enrolado em alguns lençóis felpudos.

- É um menino, bardo. - a feiticeira pronunciou sorrindo gentil ao passo que se aproximava do trovador em seu leito. Sem conseguir esperar nem mais um segundo, o bardo segurou-o em seu colo, finalmente poderia conhecer seu bebê.

O sorriso cheio de dentes que Jaskier exibiu, só poderia expressar um terço da felicidade que estava sentindo. Já esperava que sua criança seria linda, contudo, olhando para ela agora, afirmava sem dúvidas que seu filho era perfeito.

- Ele é lindo. Simplesmente magnífico. - enquanto seus olhos se tornavam lacrimejantes, o bardo não conseguia conter o sorriso bobo - Mesmo não puxando quase nada de mim, seu ingrato. - manifestou juntamente com uma risada divertida. De fato, o lindo menino era praticamente uma cópia de Geralt: seus curtos cabelos eram prateados assim como os do bruxo, com base no seu comportamento quieto e ausência de choro ao nascer, podia-se supor que a personalidade não seria muito diferente também. Para não se dizer que o recém-nascido nada possuía do trovador, ao abrir os pequenos olhos e visualizar sua mãe pela primeira vez, um par de orbes felinas divididas em cores distintas pela metade o encarou, com tons dourados na parte superior das íris e tons turquesa na inferior.

- Já pensou em algum nome? - Yennefer questionou sentada ao seu lado no colchão.

- Vou chamá-lo de Thorin. - replicou ainda sustentando o belo sorriso, o bardo se apaixonou por aquele nome um tempo atrás enquanto lia um livro fantasioso, considerava-o forte e tinha uma sonoridade perfeita ao seu ver.

I Love You SoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora