I Love You So

Capítulo doze

Perdido nas brumas do tempo, erguia-se majestoso o Templo de Melitelle. Suas imponentes paredes de granito cinza-claro, ainda se encontravam adornadas com intricadas esculturas que contavam histórias milenares. A arquitetura revelava a destreza dos antigos construtores, que ergueram essa maravilha como uma homenagem a deusa.

O inverno estava em seus estertores finais, mas sua presença ainda se fazia sentir. O frio pairava no ar, uma lembrança constante do seu domínio sobre a terra durante os últimos meses. No entanto, havia um sutil indício de que a estação gélida estava cedendo espaço à primavera. O sol, tímido, começava a se mostrar, sua luz fraca aquecendo a pedra fria da construção milenar.

Ao redor do templo, a paisagem se transformava gradualmente. O chão, outrora coberto por um manto de neve brilhante, agora revelava a grama verde que lutava para recuperar seu espaço. O gelo que se agarrava às árvores começava a derreter, liberando os galhos que se estendiam como dedos enrugados em busca do céu. Gotas d'água pendiam das folhas e gemiam ao cair, um som suave e tranquilo que preenchia o ar. Plantas resilientes começavam a surgir timidamente das fendas nas pedras ao redor do templo. Musgos e líquens, verdes e dourados, bordavam os contornos das antigas esculturas, como se estivessem sussurrando histórias esquecidas aos poucos. Pequenas flores, ainda tímidas, desabrochavam nos recantos mais abrigados, acrescentando pontos de cor à paisagem que antes era dominada pelo cinza e pelo branco do inverno.

À medida que a estação congelante cedia, uma sensação de renovação pairava no ar. O templo antigo de pedra, com sua aura de mistério e sabedoria ancestral, parecia acolher a mudança de estação com serenidade. Era como se as pedras que o compunham também sentissem o calor do sol retornando e respondessem com um suspiro de alívio, lentamente despertando da letargia do inverno. O vento, agora menos cortante, sussurrava segredos antigos enquanto acariciava os ramos desnudos das árvores. O som da natureza, à medida que se reerguia após o longo sono invernal, se misturava com o silêncio respeitoso que pairava sobre o templo.

Contudo, esse mesmo silêncio que outrora pairava pesadamente por entre os presentes naquele corredor, após os irmãos bruxos se encontrarem estagnados em seus lugares ao presenciarem Yennefer com um lindo bebê que era uma cópia não autenticada de Geralt em seus braços, era quebrado pela risada grave de Eskel ao notar o que se passava ali.

- Puta merda, Geralt! – Enunciava entre risadas o bruxo de olhos azuis. A exclamação proferida por ele ecoava pelas paredes rochosas do templo, deixando em frangalhos a quietude que anteriormente fazia morada por lá – Sério que ninguém vai falar nada?! O moleque é a sua cara! – Insistia encarando as feições dos demais presentes no recinto; quando ele decidiu por acompanhar o irmão nessa jornada, imaginava que haveriam fortes emoções, contudo, aquilo estava sendo melhor do que o esperado. Eskel não conseguia conter sua incredulidade e o quanto estava adorando aquela situação. Em contrapartida, o bruxo de cabelos prateados olhava fixamente para Yennefer, a qual mantinha sua expressão casual habitual.

Aspirando o oxigênio que repentinamente parecia mais pesado e espesso para seus pulmões, o Lobo Branco tentava organizar seus pensamentos. Ele tinha a ciência de que, em um panorama geral, era do conhecimento de leigos que feiticeiras não possuíam a capacidade de gerar um filho, todavia, aquela afirmação era equivocada em vários aspectos. Diferentemente do senso comum, nem todas as feiticeiras são estéreis, a própria mãe de Geralt era um exemplo disso.

Contudo, no caso de Yennefer, ela é estéril em decorrência do processo muito invasivo de embelezamento, o qual todas as feiticeiras que frequentaram sua escola eram submetidas, onde seu útero foi usado como uma espécie de "moeda de troca". Essa transformação culminou em sua infertilidade, não a magia.

Sendo assim, como diabos Yennefer poderia ter gerado um filho de Geralt?! O bruxo passou a formular em sua mente todas as artimanhas as quais a feiticeira poderia ter usado para reverter sua esterilidade. Porém, o tópico mais importante naquele momento deveria ser: