Capítulo dez

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Os quatro indivíduos permaneciam estáticos se entreolhando, enquanto o ruído do vento gélido no exterior golpeava as janelas do recinto e o eco das palavras proferidas pela feiticeira percorria os corredores da fortaleza.

Uma risada grave e meio nervosa, advinda de Eskel, foi o sonido que rompeu o silêncio que havia se instalado ali.

- Ha! Acho que você se fodeu, Geralt. - sua gargalhada caiu por terra ao passo que três pares de olhos zangados o fulminaram em desaprovação. Voltando sua atenção para Yennefer, o bruxo de olhos dourados se manifestou.

- Por aqui. - enunciou mostrando um acesso à direita do cômodo para que a mulher o seguisse e assim ela o fez. Nenhuma palavra foi proferida durante o trajeto, somente o barulho dos passos de ambos reverberava e morria ao atingir as paredes de pedra.

Pararam ao alcançar uma varanda cuja porta se encontrava aberta; o bruxo tomou assento em um banco rochoso próximo o qual a neve ainda não havia coberto totalmente. A feiticeira permaneceu de pé recostada na borda do parapeito, sabendo que o bruxo não se manifestaria primeiro, ela decidiu iniciar a conversa.

- Sei o que está pensando e antes que iniciemos alguma discussão melodramática, vamos somente esquecer o que aconteceu aquele dia na montanha. - para o bruxo aquilo de certa forma era um alívio, visto que é evidente que não possui nenhuma habilidade para lidar com conflitos desse tipo, entretanto, se não era para cobrar explicações a Geralt, isso deixava o motivo do retorno de Yennefer confuso - Eu vim aqui pelo bardo.

Certo. Por essa o bruxo não esperava.

- Ah! Até você?! - Geralt pronunciou com clara irritação. Não era possível. Qual o problema com o mundo? O quão difícil era apenas deixá-lo viver sua longa vida em paz?

- Não fique todo irritadinho. A culpa foi sua, no fim das contas. - mais uma vez aquela alegação vinha à tona. Só ele enxergava claro como a água que o bardo era extremamente dramático? E no que se refere a Geralt, todos que o conheciam tinham conhecimento de seu pavio curto e com Jaskier não era diferente. Era inevitável que aquela discussão acontecesse em algum momento.

- O bardo sabia no que estava se metendo. - o de cabelos prateados enunciou, ainda com a carranca de sempre sustentada na face. Com os braços cruzados, a mulher olhou para o céu enquanto exalava um suspiro, vapor branco deixou seus lábios devido a baixa temperatura ambiente, Yennefer esperava que aquele gesto a ajudasse a encontrar alguma calma em seu interior, entretanto o bruxo não estava facilitando.

- Ah, acredite em mim, se fosse em qualquer outro momento eu não daria a mínima para a briguinha de casal de vocês dois. - pronunciou irritada ao passo que revirava os olhos de cílios bem delineados - Mas... Agora é diferente. - assim que os tímpanos aguçados do bruxo perceberam o tom sério de suas palavras sua atenção aquela conversa retornou - Ele... Bom, nós precisamos de ajuda.

- O que aconteceu? - com uma breve pausa para pôr os pensamentos em ordem de relevância, a mulher passou a articular.

- Olha, acontece que o bardo tem uma família extremamente amorosa. - suas sentenças saíram abarrotadas de sarcasmo - O pai dele o ama tanto que fez questão de contratar um feiticeiro sanguinário para encontrá-lo e levá-lo de volta para casa. Pelo que eu sei, ele quer usar o Jaskier em algum feitiço. Possivelmente, ele vai ser o sacrifício. - as orbes felinas de Geralt encaravam o rosto da mulher, era óbvio que ela não contava mentira alguma.

- Merda. - Passando a destra calosa pelo maxilar, foi o que o bruxo replicou perante aquela informação.

- Pois é. Uma grande merda. - Yennefer respondeu enquanto caminhava pela sacada.

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