Parte 2: Capítulo 07

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G'morning e bora acordar meu povo! Voltei.
Todos prontos para um pouco de ação e leves ataques cardíacos? Simbooooora 💆🏼‍♀️

Boa leitura!
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Novembro de 2158
Ruínas de Iz'kal, Stroma Dezert

Calian havia feito muito mais do que apenas confidenciar seus planos à Lauren — ele contou a ela também os planos de Aisha para eles; contou-lhe sobre o diferencial no sangue deles, da intenção que a desgraçada tinha de transformá-los em uma fonte de juventude para os povos izkani, de sugar cada gota de sangue deles como se fossem malditos vampiros. Confidenciou a ela o modus operandi daquele exército, a forma como eles se alimentavam. Canibais. Aquilo a deixou ainda mais assombrada e furiosa.

Entre as refeições e trocas de guarda nos próximos três dias, Calian aparecia ali e abria as portas das celas e permitia que Lauren entrasse por alguns minutos para repassar as informações e o proceder daquele plano para cada um deles. Em uma das celas, quando a abriu, estava Camila. Àquela altura Lauren já não se importava mais e não pensou em consequências ao tomá-la nos braços como se sua vida dependesse daquilo. E quando Calian as viu juntas, viu o momento em que Lauren a beijou e foi correspondida com o mesmo fervor, ele conteve um sorriso ao encaixar algumas peças. Meu gosto é muito mais refinado, ela havia dito. E de fato o era. E de fato elas eram boas demais em fingir que aquele sentimento não existia, pois nunca chegou sequer a suspeitar. Aquelas pessoas eram muito mais do que sobreviventes — elas eram fantasmas, sombra e lâminas, afiadas e letais e adaptadas a enfrentar o inferno que fosse. E ele tinha certeza que anos em um bunker não era capaz de moldar pessoas assim.

Quando o plano estivesse concluído e Aisha estivesse morta, eles então seguiriam direto para Aztlan — não que Calian achasse que fosse uma opção muito melhor, mas era o único destino possível no Stroma Dezert. Não deveria nutrir rancor da Guarda Carmesim, afinal, jamais esperara ser tratado como um deles, como alguém importante que merecia ser resgatado. Para muitos daqueles soldados, ele apenas tinha retornado para o buraco ao qual pertencia. Ainda assim, iria voltar. E não sabia o que o destino lhe reservava dentro daquele domo dessa vez.

Quando todos estavam cientes de como aquele plano se desenrolaria, Calian começou a analisar o momento de colocá-lo em prática. Tudo já estava pronto, mas ainda assim ele achou que teria mais tempo para se certificar de que podiam executar tudo conforme o planejado. Só que não aconteceu. Na noite anterior, enquanto mantinha aquela maldita aparência de fiel servo da rainha, satisfazendo-a até o limiar do dia, ela o encarregou de preparar os azorres para a tarde seguinte. Isso ativou o alerta em sua mente. O tempo havia se esgotado.

Aisha mandaria prender uma por uma daquelas pessoas nos tablados no pátio sul, com tornozelos e pulsos amarrados e começaria a drenar o sangue deles e a amaciar a carne para alimentar seus homens. Ela fez questão de ressaltar que começaria pelos mais fortes, aos poucos para ver se sua teoria sobre o sangue deles era mesmo eficaz, e talvez deixasse as crianças por último, ou — como se isso lhe fizesse a boa samaritana — talvez as "cultivasse" e as escravizasse até que estivessem maiores.

Calian poderia tê-la matado naquele exato momento, ele soube. Mas o plano não incluía apenas a morte dela, incluía também a aniquilação daquele exército, iria quebrar Iz'kal até a fundação, de modo que eles demorariam anos, décadas e, com sorte, séculos para se reerguer e se tornarem dignos de preocupação outra vez. A pupila de Aisha ainda era nova demais para governar — eles estariam quebrados, com o exército dizimado e sem um líder que agradasse a todos; os conflitos internos surgiriam, a briga pelo poder os viraria uns contra os outros e o tempo faria seu trabalho. Na cabeça de Calian, pelo menos, o plano se desenrolava exatamente assim.

(Hiatus) Resistência Z | CamrenOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz