Witch Bottles and Love Spells

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- No momento, é só o que sobrou.
O guitarrista mostra o caderno de anotações para o baixista, que logo torce a boca.

- Só vai dar pra as cabeças de porco e a gasolina do carro. Talvez dê pra uma caixa de cervejas.

Aarseth e Jørn estavam sentados na mesa da cozinha, no meio de copos sujos e caixas de pizza, cuidando do orçamento para o próximo show.

O guitarrista estava frustrado já que o show em Oslo havia sido cancelado, mas na mesma semana o dono de uma casa de show em Sarpsborg, há 73km de Ski, havia respondido uma das cartas de Euronymous. Interessado por ter uma banda que já havia lançado um álbum tocando em seu estabelecimento.

Agora as inúmeras ideias de Dead para a banda poderiam ser realizadas.
Bem, não todas.

A guerra de carne com a plateia foi uma ideia aceita por todos, mas não podiam dizer o mesmo da vaca que Dead queria sacrificar no palco.

- Por acaso ele já matou uma vaca? - Pergunta Jørn.

- Bem, ele matou um rato...

- Claro, por que é a mesma coisa. - Jørn revira os olhos. - Vamos só usar as cabeças de porcos, ok? Já é chocante o suficiente.

- Eu acho que vocês podiam jogar as cabeças na plateia no fim do show. - Marcin se pronuncia pela primeira vez, com a boca cheia de cereal seco, já que o leite havia acabado há alguns dias e não podiam gastar dinheiro com comida agora.

- Cala a boca, Marcin! - Os outros dois falam em uníssono. O polonês logo se acanha e volta a comer.

- Acho que podemos jogar as cabeça dos porcos na plateia. - Diz Euronymous.
- Seria foda pra caralho.

Marcin olha para os dois inconformado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Pelle entra pela porta da cozinha como um furacão. Os sapatos sujos, deixando um rastro de lama no chão, havia folhas secas em seus cabelos e levava uma garrafa em suas mãos.

- Tem bruxos na floresta!

Dizia o loiro animado, mostrando a garrafa de líquido avermelhado para os homens. Jørn pega a garrafa observando seu conteúdo.

- É sério isso?

- Claro que é! Isso já não é uma evidência?

O baixista troca olhares com o guitarrista, que dá de ombros. Já estavam acostumados com as loucuras de Dead, nas primeiras semanas desistiram de tentar argumentar com o loiro que não existe vampiros na Transilvânia.

"Como posso fazer que alguém que sabe como se transformar em vampiro, ensine alguém que não vive em uma comunidade isolada ou é fruto de incesto a se tornar um?"

Dead dizia após baixar seu livro sobre lendas da Romênia e olhar para o nada, como se fizesse a pergunta aos ventos. Todos se entreolhavam, perguntando a si mesmos se o loiro falava sério, depois descobriram que sim, Dead realmente acreditava fielmente em tais lendas e até fazia planos de como poderia se tornar um vampiro ou um lobisomem.

Jørn levanta a garrafa na altura de seus olhos, onde a luz que vinha da janela atravessa o vidro, a transparência do líquido avermelhado tornava visível os objetos que haviam ali dentro.

- Mas que merda é essa?

Jørn pergunta, vendo que a tampa estava selada com cera preta e um pentagrama estava cravado sobre seu topo.

- Se eu não me engano, garrafas de bruxos assim são feitas de pregos enferrujados, vidro, alecrim... - Pelle listava na ponta dos dedos enquanto falava. Marcin também pega a garrafa para examina-la. - ... cabelo, urina e sangue!

Black Magic Woman (Pelle Ohlin)Onde histórias criam vida. Descubra agora