A audição

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 Felix estava com o coração quase saindo pela boca quando a mãe estacionou em frente à entrada do grande Circo da Meia-noite. A audição para a única vaga de acrobata disponível era em poucos minutos e Felix achava até que havia chegado adiantado. Ainda dava tempo de pedir para a mãe dirigir para longe e fingir que nunca havia insistido para fazer aquela audição.

— Você não me parece tão confiante — a mãe disse.

— Só estou nervoso — Felix suspirou e abriu um sorriso fraco, se inclinando no banco e beijando a bochecha da mãe — Me deseje sorte, mãe.

— Boa sorte! — a mãe, Lina, sorriu — E me ligue assim que acabar aí, está bem?

Felix assentiu uma última vez e desceu do carro, batendo a porta. O circo, com uma lona gigantesca, redonda e com listras verticais brancas e vermelhas, era lindo. Ele foi andando devagar e ouviu o barulho das rodas do carro no cascalho quando a mãe foi embora. Agora não tinha mais opção. Não podia dar pra trás. Com o coração retumbando nos ouvidos, Felix foi se aproximando.
Com letras enormes e iluminadas, a palavra CIRCUS se destacava na entrada. Todas as lâmpadas presas às letras estavam ligadas, então não tinha como Lix se perder na escuridão da noite. Se passavam das 20 horas. Lá dentro, ele foi guiado por barracas de pipoca, algodão doce, maçãs do amor e todos os tipos de guloseimas possíveis. Não havia sequer um funcionário por perto, o que deixou a garganta de Felix seca. Parecia que havia entrado em um circo abandonado. Mas ele deixou de lado esse pensamento assim que passou pela entrada para o auditório.
No centro, havia o grande palco e, acima, estavam os acrobatas. Felix não sabia se eram os candidatos, e céus, se fossem, estava ferrado. Eles eram incríveis, flutuavam e davam cambalhotas no ar como se tivessem asas. Lix foi descendo pelos degraus do grande auditório, pasmo, surpreso e encantado, acabando por tropeçar no último.

— Ei, você! — uma voz o chamou.

Felix olhou para o lado e avistou um garoto, talvez da idade dele, sentado na última fileira de poltronas. Ele estava acompanhado de mais um garoto. Do lado oposto do segundo, havia talvez uns vinte jovens, garotos e garotas. Todos conversavam. Pelo visto, Felix teria vários concorrentes.

— Eu? — Felix apontou para si mesmo.

O garoto que falou revirou os olhos.

— Você também vai fazer os testes? — ele perguntou — Se vai, tem que sentar e esperar.

Felix assentiu e apertou a mochila que levava nas costas, sentando na poltrona ao lado do garoto.

— Eu sou Minho — ele disse e apontou para o garoto ao seu lado — Este é Jisung.

Jisung acenou para Felix, que acenou de volta.

— Também estão aqui para a vaga de acrobata? — perguntou Felix.

— Só eu, Jisung está para o teste de ilusionista.

Dito isso, Jisung estava remexendo as mãos, e por entre os dedos, surgiu uma rosa vermelha, a qual ele entregou a Felix.

— Uau, você é bom — Felix disse ao segurar a rosa e constatar que era verdadeira — Como fez isso?

Jisung riu como se fosse óbvio.

— Mágica — disse simplesmente.

Felix apenas riu e deixou a rosa pousada sobre o colo, olhando ao redor. O circo era realmente muito grande, com certeza o maior – não era de se esperar menos, afinal era o circo mais famoso do mundo. O teto parecia infinito lá para cima, iluminado com lustres brilhantes de prata, absurdamente lindos e caros. Diferente do lado de fora, por dentro, a lona era toda preta, com desenhos fluorescentes de luas e estrelas, como se para representar o céu noturno.

Midnight CIRCUS - Hyunlix حيث تعيش القصص. اكتشف الآن