Cap. 15 - A Fera que Habita em Nós

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Subindo riacho acima, eles pararam próximos de uma linda cachoeira com mata bastante fechada ao seu redor. Nenhuma trilha, estrada ou caminho foi encontrado por ali, logo, imaginaram que o local seria seguro até Karlayo se recuperar do tombo.

— Hummm... — Karlayo faz uma careta, retirando sua bota com dificuldades e nota seu tornozelo inchado. — Não tá tão feio quanto parece.

— Quanto tempo até você se recuperar? — Rowenna questiona preocupada.

— Bom, com minha acelerada recuperação, uns dois ou três dias. Porém, se eu me transmutar, em poucas horas estarei novinho em folha.

Rowenna arregala os olhos, mas logo se senta próximo do amigo colocando a mão em seu ombro.

— O que você decidir, estou com você. — Ela fita os olhos alaranjados do rapaz, que faz um sinal positivo com a cabeça.

— Só peço que confie em mim, e deixe a sacola de doces em sua frente, só por precaução. Sinto um pouco de... — Ele limpa a garganta antes de prosseguir. — Fome, quando me transmuto durante o dia.

— Está bem. — Ela faz o que o jovem pede e seguem com o combinado.

Karlayo retira a outra bota, pois é bastante incomodo quando seu pé está alguns números maiores do que o normal. Também para não correr o risco de rasgar as bordas de seu calçado, como quase aconteceu ao salvar o menino no estábulo em chamas.

Karlayo retira a blusa deixando seu peitoral totalmente à mostra. E sem querer ouve as batidas aceleradas do coração da ruiva e então mira em seus olhos.

— Tudo bem? — Ele indaga curioso.

— Tudo. — Ela responde com um pingo de nervosismo na voz e dá um suspiro.

— Calma. Está tudo bem. Não vou te devorar. — Ele dá uma piscadela e ela apenas admira seus olhos, dando um pequeno sorriso e desviando o olhar de seu corpo viril.

O sol brilhava forte e lá estava o jovem Lupi totalmente transmutado frente a frente com sua presa... Uma sacola de guloseimas doces e desprotegidas.

Karlayo em sua forma Lupi possuía um pelo grosso e negro, orelhas grandes e pontudas como um cão atento à sua caça, sua boca possuía uma fileira de dentes enormes, suas mãos agora possuíam garras colossais que poderiam rasgar facilmente a pele frágil da bela moça que se encontrava ali sozinha com ele.

Por sorte de Rowenna, que já estava quase tendo um treco vendo Karlayo daquela forma, ele apenas se interessou pelos doces. Mas no fundo ela ainda temia dele se descontrolar de alguma forma e atacá-la.

Enquanto o rapaz devorava com voracidade as gostosuras, ouviu-se um som de "creck" vindo de seu tornozelo e o local da torção desinchou imediatamente.

Após alguns minutos, que para Rowenna pareceram horas, Karlayo finalmente voltou ao seu normal e a ruiva pôde suspirar aliviada.

— Ahh... — Ele dá uma espreguiçada esticando os braços pra cima. — Bem melhor agora.

— Éh, Karlayo... — A ruiva diz se achegando. — Está sujinho aqui. — Ela limpa o canto da boca dele com as pontas do dedo.

— Obrigado. — Ele agradece e antes de se vestir, abruptamente toca os cabelos de Rowenna.

— O quê você está... — A garota indaga com cara de incógnita ao sentir o toque de seus dedos em sua cabeleireira ruiva. — Fazendo?

Rowenna fecha os olhos convicta de que o moço iria lhe beijar. Porém, ela nota que ele estava era retirando algo de seus cabelos. Um danado de um escorpião amarelo que lhe causou temor e um suspiro frustrado.

ROWENNAWhere stories live. Discover now