Cap. 3 - Uma Mão Lava a Outra

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A garota que dialogava com o casal possuía cabelos compridos, ondulados e loiros, era jovem e bonita, usava um corpete preto rendado junto ao vestido vermelho que realçava seus seios e curvas.

- De madrugada, pouco antes do sol nascer, eu vi dois homens saindo de uma carroça coberta com um tecido bastante esfarrapado. Os dois entraram em um beco, creio que conversavam com outro homem, mas de onde eu estava não deu pra ouvir a conversa deles.

- Você conseguiu ver quem eram estes homens, ou a aparência deles?

- Mais ou menos. Sei que um deles era jovem, e era enorme. E o outro que conduzia a carroça, que estava sendo puxada por um cavalo magro, era um senhor de idade, com roupas bastante surradas, pareciam os trajes que os lenhadores utilizam, sabe? Camisa vermelha xadrez e suspensórios, além do chapéu, é claro.

Após ouvir tais características descritas pela moça, Rowenna instantâneamente lembrou-se daquele senhor que estava atrasado e que havia lhe pedido água. E ficou imaginando se acaso fosse ele mesmo, quais motivos ele teria para sequestrar sua avó?

- Muito obrigada, moça. - Rowenna responde pegando uma moeda para lhe pagar pelas informações.

- Não, não, senhorita. Não posso aceitar seu dinheiro. Eu lhe dei as informações de bom grado. Sei que deve estar bastante preocupada com sua avó, e só queria poder ajudar de alguma forma. - Ela sussurra dispensando a moeda.

- Dispensando dinheiro, dona Cassandra? - Dois homens intervém se aproximando deles. - Isto vai lhe custar caro.

- N-não, n-não dispensei nada. E-eu só queria ajudar o casal. Já irei voltar ao trabalho. - Ela gagueja trêmula, abaixando a cabeça.

- Assim eu espero. Tem muitos clientes pedindo por seus serviços. - O homem calvo e de sobrepeso fala enquanto dá uma tragada em seu palheiro, soltando a fumaça logo em seguida. - Agora arraste esse seu traseiro inútil pro seu lugar e vê se abre bastante essas pernas esta noite. Você precisa pagar sua dívida.

A garota ainda de cabeça baixa, observa o casal com semblante de tristeza e vergonha. Ela passa ao lado dos dois sujeitos, que dão um tapa no rosto da mesma, que segue na direção de vários homens maliciosos que a comiam com os olhos.

- E quanto à você dois, moça da capa vermelha e garoto lobisomem, sumam da minha frente. Vão procurar uma hospedagem para se divertirem e deixem minhas meninas trabalharem em paz. - Ele diz ríspido se virando e caminhando na direção oposta do casal.

Karlayo nota o semblante de fúria de Rowenna, e a puxa pelo braço, voltando assim para a hospedaria.

- Eu não acredito nisso. - Ela bufa de raiva. - Quem ele pensa que é? Tratando a moça daquela forma. Como pode existir gente tão podre desta maneira? - Ela diz se sentando em um banco dentro da hospedagem.

- Se acalme. As coisas são assim, Rowenna. É a vida. - Ele diz colocando Gael em cima de uma mesa, ao lado de uma tigela com amendoins descascados. - Sempre vai existir gente desse tipo, que se aproveitam dos mais fracos.

- Ela só estava tentando nos ajudar. - A ruiva fala indignada.

- Sim, mas a gente não pode fazer nada. Ele é o dono dela.

- Ninguém é dono de ninguém, Karlayo. Todos nós somos livres e temos o direito de ir e vir, e fazer o que realmente queremos e não o que nos obrigam.

- Bem vinda ao meu mundo, senhorita Rowenna. - O rapaz balbucia, comendo um punhado de amendoins. - Se acha que as pessoas são injustas com as meretrizes, imagina com nós? Ninguém quer fazer nenhum tipo de negociação com os Lupis. Enfim, é bom irmos dormir para procurar por mais informações amanhã bem cedo.

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