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Cheguei no meu apartamento completamente exausta, e mesmo assim, não queria ter deixado a garota sozinha, mas precisava se fosse para saber mais sobre ela. Quase uma semana havia se passado, e eu nunca me aprofundei tanto no estado de um paciente como no daquela garota.

Eu não havia descartado o que as meninas haviam encontrado, porém era tão raro, que eu não acreditava muito. Eu deveria.

Após dormir em torno de quase dez horas, ainda muito sonolenta eu peguei o meu laptop, pesquisando sobre aquele endereço que eu não cheguei a conhecer por conta de Seung. Agora eu sabia o motivo.

Local com alto índice de criminalidade, casa de traficantes e cafetões, palco de assassinatos diariamente.

Será que aquela garota era uma traficante? Ou havia sequestrado alguém que conseguiu escapar dando uma pancada certeira em sua cabeça?

Então lá não era de fato a casa dela. Ou era, não sabia. Havia voltado a estaca zero. Aquilo ainda me enlouqueceria.

Eu ouvi meu celular vibrar, e acabei não vendo no visor quem me ligava, e por conta desse pequeno detalhe, meu corpo se arrepiou inteiro.

- Atende a porra do seu interfone, Jennie!

- Abaixe o tom enquanto fala comigo, eu te dou respeito, espero o mesmo em troca e eu não estou em casa, Kai.

- Ah não? Eu vi na hora que você entrou! Atende logo essa merda!

- Você estava me vigiando? Kai, você é louco?

- Você! Você que é louca, por mentir tão descaradamente pra mim!

- Eu estou cansada, Kai. Eu preciso descansar.

- Desde que entrou naquele hospital, você vem me rejeitando.

- Eu não tenho culpa se o meu trabalho consome o meu tempo, tenho prioridades. E você sabia disso desde a faculdade, e sempre aceitou bem.

- Queria fazer isso pessoalmente, mas como você não quer me ver, Jennie, está tudo acabado.

- Você está terminando comigo?

- Sim, e nem adianta implorar para-

- Ótimo, lindinho, vou dormir, beijos.

Eu desliguei o celular me sentindo leve como uma pena, não aguentava mais me arrastar naquele relacionamento sem futuro, mas não queria terminar e magoar Kai, provavelmente faria isso eventualmente, mas ele facilitou minha vida sendo o idiota de sempre.

Voltei a concentração em descobrir mais coisas sobre aquele caso. Não precisaria voltar para o hospital, tinha aquela noite para descansar, mas eu fui. Fui para vê-la.

- Você quer voltar lá? Mesmo depois de descobrir tudo aquilo sobre o lugar?

- Rosie, eu preciso saber mais sobre ela... sobre o estado dela em si. Não dá para fazer muitas coisas sem informações básicas, e ainda sem ajuda de um médico chefe você sabe disso. Se não fosse por nós três, aquela ala nem existiria. Eu não vou poupar tempo, esforço ou dinheiro para ajudar aquela garota, sabe-se lá o que ela passou de verdade. E sim, Lisa, já cogitei e pensei que ela pode ser uma traficante ou uma sequestradora. E se for? Ela é humana, não tem ninguém com ela, ela depende da gente! Por favor, me ajudem com isso!

Elas se entreolharam, e eu acho que só aceitaram pois eu estava ao ponto de chorar e implorar de joelhos. Alguém tinha que me entender, a menina estava largada lá! Nem o nome dela sabíamos, quanto mais a origem do seu coma.

- Vamos fazer assim, podemos ir ao final de semana até lá. De dia! E com as baterias do celular carregadas! Não quero correr o risco de tentar ligar para a polícia e não ter mais carga no celular! E se o ficar estranho, saímos correndo! - eu concordei com as palavras de Rosé, querendo pular de felicidade e ansiedade.

- E se morrermos, Kim Jennie, eu volto dos mortos para te matar! E se não acharmos nada, não insista! Talvez essa menina realmente não quer ser identificada.

- Vou ser eternamente grata a vocês por isso! Obrigada mais uma vez!

- Eu já terminei o meu sorvete, podemos ir?

- Hum... vão na frente, eu preciso resolver algo antes.

- Qualquer coisa nos ligue!

Eu esperei até perdê-las de vista para poder seguir até o hospital. Eu estava como visita naquela tarde, sabia o horário e talvez poderia ganhar horas a mais por trabalhar lá. Como Yujin já me conhecia e muito bem, foi fácil ganhar horas extras.

Eu me sentei em uma poltrona que tinha ali perto da sua cama, olhando e gravando com a memória os seus batimentos, cada dia que passava eu sorria ao ver que aos poucos eles voltavam ao normal, e até poderia acordar antes que eu esperasse.

- Olá, querida. Estou vendo que o seu coração aos poucos está voltando ao normal, acredite, estou feliz, espero que acorde logo. Antes disso, preciso descobrir quem é você, e eu não vou descansar. Iremos até onde você foi socorrida, e talvez eu te conheça melhor. É bobo pensar, mas eu quero ver muito os seus olhos. Quando acordar, terá que me responder muitas perguntas, prometo não ser incômoda.- ri das minhas próprias palavras.- Espero que acorde logo.

Eu fiquei ali até o último minuto que eu podia, ficar com aquela garota, desde a primeira vez, me dava paz, e a expectativa de estar ao lado dela, pegar o momento exato de seus olhos se abrindo me deixava esperançosa a cada pesquisa que eu fazia.

- Preciso ir agora, querida, volto amanhã. Mesmo querendo ficar aqui. Prometo que volto. Até logo.

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Wake up, my dear - Jensoo VersionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora