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- Fiz, e vou fazer com essa daqui também. Que família linda estão criando. Saiba, Jisoo, que esse bebê que está na barriga da Jennie é meu, sempre foi meu e sempre será meu. Nós dois iremos criar essa criança, Jen, enquanto essa menina estará debaixo da terra.

- O que a Jisoo tem a ver com isso...? Pelo amor de Deus, Kai, solta essa arma!

- Eu solto, se você voltar pra mim, e juntos vamos cuidar do nosso filho.

Eu olhei para a minha namorada que mantinha os olhos fechados, a respiração parcialmente controlada, e a pele pálida de medo. Olhei para Kai, que já me encarava, como se esperasse que eu realmente respondesse aquilo.

- ANDA, CARALHO! Escolhe!

- Tudo-tudo bem, eu fico com você Kai... agora abaixa essa arma, por favor.

- Jen...

- Vamos cuidar dessa criança juntos, como uma família, Kai. Mas por favor, não machuque ela...

- Como posso ter certeza?

- Eu fico! Eu fico aqui com você, podemos morar aqui, ou onde você quiser, te dou a minha palavra, Kai, eu vou pra qualquer lugar com você, mas não toca na Jisoo...

- Jen, não faz isso, por favor...

- Ficaremos juntos, Kai, como uma família... - O olhar de Jisoo era de puro desespero, eu podia ver nitidamente a dor em seus olhos. - Mas antes, me deixe ao menos me despedir dela.

Suas feições endureceram e seu olhar me analisou, ponderando meu pedido. E então concordou.

- Você tem 1 minuto, estarei contando, faça qualquer movimento brusco e e o miolos dela vão parar na sua cara.

Então ele abaixou a arma. Em passos lentos eu puxei Jisoo para perto de mim, a fazendo me encarar com dúvida e medo. Ela colocou as mãos em meus braços começando a chorar desesperadamente.

- Jennie, você não pode ficar com ele! Por favor!

- Querida, me escuta...

- Não, não, não... eu prefiro morrer do que ver você ao lado de alguém assim, Jennie, ver os nossos filhos o chamando de pai. Me deixe aqui, Jen, e vá embora. Eu já fui feliz com você, nós já passamos por momentos perfeitos juntas, não me importo em perder a vida se for pra te ver bem, cuidando dos nossos filhos, por favor vá.

Aquelas palavras doeram quando chegaram até mim. Ela era pura. Estava dando a sua vida para salvar a minha. Nunca duvidei do meu amor por ela, e não seria agora que a perderia. Não perderia a pessoa que eu mais amava. Não perderia mais ninguém. Já senti a dor da perda, não sentiria de novo.

- Olha pra mim, Jisoo. - ela relutava, Kai estava distraído conferindo a munição da pistola, eu não tinha tempo. - Você confia em mim?

- Eu... eu...

- Confia, querida?

- Confio... Mais que tudo no mundo.

- Então se abaixa agora. - eu sussurrei, e quando eu vi que ela não faria, a empurrei para o lado e da minha lombar retirei a arma que Tzuyu havia me dado, eu a deixei presa na barra da minha calça. Eu não mirei, não olhei, não pensei. Apenas atirei, atirei até que as balas acabassem.

Ao abrir os olhos vi o corpo daquele homem em uma poça de sangue no chão, com três perfurações, duas no tórax e uma no pescoço.

Ele estava morto, confirmei ao conferir seu pulso.

Olhei para Jisoo, ela estava com as mãos tremulas pressionadas com força tapando os ouvidos, olhava para o corpo ensanguentado aterrorizada.

Eu matei. Matei um homem.

Não me orgulho de ter feito o que fiz, mas se dissesse que me arrependo seria hipócrita.

Sim, não me arrependo, isso foi para vingar meus pais. Foi para proteger minha Jisoo. Foi para proteger meus filhos.

Toda ação tem consequência, e nesse caso eu não estava disposta a lidar com as minhas.

Eu não tive escolha, ele iria acabar com o meu futuro, com a minha mulher, com a minha família. Eu não aguentaria viver um dia sequer sem Jisoo ao meu lado.

Peguei o celular. Olhando os contatos, só tem uma pessoa que pode me livrar dessa.

- Alô?

- Tzuyu...

- Jennie? Tudo bem? Como estão os bebês?

- Tzuyu, eu matei um cara...

- VOCÊ O QUE?

- Matei um homem...

- Você está brincando comigo, né? Sim, você está brincando, qual é Jennie, achou que eu ia cair nessa? Você está grávida, não faria isso.

- Eu matei o meu ex-namorado psicopata, Tzuyu.

- Puta que pariu, Jennie eu não acredito nisso! Me mande o seu endereço e não saía daí em hipótese alguma. É melhor que não seja uma brincadeira!

Quando ela desligou, me direcionei a Jisoo, que me abraçou fortemente, quase me sufocando. 

Nós duas tremíamos.

Não me arrependo de matar Kai, mas mesmo assim, era um choque muito grande de informações. Meus pais foram assassinados, eu poderia ter perdido Jisoo, poderia ter perdido os bebês. E eu matei um cara, sendo que literalmente nunca matei nem uma barata sequer.

Tive que empurrar Jisoo apenas para jogar tudo que tinha em meu estômago para fora. Sabia que em algum momento isso aconteceria. As lágrimas começaram a rolar quando ouvi passos se aproximando e Tzuyu com as minhas melhores amigas entrando no local.

- Puta merda, ela não estava brincando. Jennie, o que você fez...?

Era muita irônia dela me perguntar aquilo, bem na hora que chorar era a única coisa que eu fazia.

- Jennie, vocês estão bem? Por quê tudo isso?

- Ele... ele matou meus pais e iria matar Jisoo, eu não podia deixar, Chae, eu não podia.

Tzuyu suspirou passando a mão nos cabelos enquanto analisava a cena.

- Okay, precisamos sumir com esse corpo antes de qualquer coisa. A sua sorte é que não tem vizinhos por perto! Lisa leva elas para casa, passaram por muita coisa hoje, deixar elas aqui não vai adiantar de muita coisa e Chae me ajuda com isso, por favor, precisamos ser rápidas!

Lisa dirigiu até o nosso prédio, em silêncio, o único som emitido era a chuva que caía nos vidros.

- Eu vou voltar para ajudá-las, depois trago o seu carro. - Assenti. - E Jen, depois nós vamos conversar direito, certo? - Novamente assenti, vendo o carro partir em seguida.

Nós subimos, e sem pensar corri mais uma vez até o vaso sanitário, vomitando o que eu já não tinha no estômago. Jisoo segurava os meus fios e a minha cintura, suas mãos ainda trêmulas.

Quando minha garganta finalmente parou de empurrar e consegui respirar direito, nós nos encaramos, sem dar uma só palavra fui acolhida por ela em seu abraço. Sentadas ali, no chão do banheiro abraçadas, e sem saber o que fazer a partir daquele momento, senti algo se remexer em minha barriga. No início eu não me importei, achei que era indício da minha falta de comida, já que tudo havia saído. Mas quando Jisoo pousou a mão ali, sentimos algo, como um chute.

Eu a encarei, duvidosa e medrosa, e mais uma vez dois chutes seguidos, os nossos filhos estavam se pronunciando. Não sabia se era errado fazer aquilo naquele momento, mas eu acabei sorrindo, ao sentir a agitação dos três dentro de mim.

- Você... você sentiu isso?- ela assentiu, tão surpresa quanto eu.- Jisoo...

- Não... não vamos falar sobre o que aconteceu por favor... Você fez o que tinha que fazer, agora vamos esquecer isso, Jennie, já temos muito com que nos preocupar, sim?

Concordei voltando a sentir todas as sensações que os trigêmeos forneciam ao se mexerem.

Ali, eu me senti segura e, finalmente aliviada, só esperava de verdade ter paz.

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Wake up, my dear - Jensoo VersionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora