Atlas Campbell é filho do prefeito de uma cidade no sul da Virgínia, teve uma boa criação e faz de tudo para dar orgulho aos pais. Tira sempre boas notas, faz aula de piano e ajuda em um asilo na cidade vizinha. Atlas é um garoto perfeito. Pelo meno...
1. “Do latim castaneus(la). 2. A cor castanho está muitas vezes associado à segurança e prosperidade material, com a aquisição de bens. Na cultura ocidental representa a seriedade, maturidade, estabilidade e responsabilidade.”
FALLON
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Atlas está secando meu cabelo. Eu nem sabia que ele sabia usar um secador, mas minutos atrás, quando ele me convenceu a não ir atrás da minha irmã por ela ter batido nele — ainda não estou conformada com isso —, ele me fez sentar na tampa da privada para poder secar meu cabelo.
Atlas não insistiu em saber o que aconteceu para desencadear a minha crise e eu não sei dizer em palavras o quanto eu o amo por isso.
— Prontinha — diz, desligando o secador e colocando no balcão da pia.
— Obrigada. — Passo a mão entre as mechas desembaraçadas, sorrindo. Apenas Atlas para me fazer sorrir depois de tudo o que aconteceu hoje.
— Quer que eu faça uma trança para não embaraçar de novo enquanto você dorme?
Viro-me para ele.
— Ou você pode ficar e desembaraçar de novo amanhã de manhã...? — Talvez eu esteja um pouco hesitante depois de tudo. Eu sei que ele ficará ao meu lado, mas mesmo com tudo o que passamos, Atlas nunca me viu tendo pesadelos ou tão fora de controle e mesmo de tudo o que ele disse, eu entenderia se quisesse um tempo para si.
Eu sei que ele vê as palavras em meus olhos, mas Atlas diz:
— Eu estava pensando em ficar na cama com você o dia todo, mas posso fazer isso também.
Sem me importar em ser grudenta, passo meus braços ao redor de sua cintura, abraçando-o.
— Eu te amo — digo baixinho. Dizer isso para ele se tornou tão natural que as vezes me sinto idiota por não ter dito antes.
— Eu sei, eu sou incrível. — Atlas beija meus cabelos e eu o aperto. — Eu te amo também. Promete não esquecer disso?
— Prometo.
— Essa é a minha garota.
Depois de uma hora dentro do banheiro, nós finalmente saímos e eu me preparo para encarar a minha irmã. Apesar do aconteceu entre ela e Atlas, eu lhe devo uma explicação. Eu sei que Portia me ama e me ver daquele jeito deve ter sido ainda pior para ela, que nunca nem me viu ter uma crise de ansiedade "normal".
Não foi fácil contar a ela sobre os remédios, mas mais fácil do que contar que fui estuprada aos treze anos de idade por um homem que frequentava a nossa casa e é considerado amigo da família. Eu sei que ela irá acreditar em mim, sei que não fará igual a mamãe e dirá que estou mentindo antes de me dar uma surra por isso. Mas mesmo sabendo desse fato, eu permaneço hesitante e sem coragem para quebrar esse silêncio.