CAPÍTULO 29

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Eu me mexi, desconfortável

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Eu me mexi, desconfortável. Tudo parecia girar, minha cabeça estava pesada e meu corpo dolorido. Algo não estava certo. Eu me forcei a abrir os olhos e a luz intensificou a dor na minha cabeça, mas eu tinha que acordar. Lembrava-me de tudo: da dor, dos gritos e da minha irmã em trabalho de parto.

De tudo.

A preocupação triplicou quando o pensamento de que algo teria acontecido com meu bebê se instalou na minha mente.

Assim que consegui olhar ao redor, meu coração acelerou. As paredes brancas, o som de máquinas e o ar de hospital eram predominantes. Instintivamente, movi minhas mãos até minha barriga, e doeu. Senti um vazio enorme no meu ser e uma vontade de gritar horrível.

Meu olhar varreu o quarto de hospital e eu vi a figura alta, de terno, próxima à janela de vidro, de costas para mim. Peter.

Eu me mexi novamente e um grunhido de dor escapou da minha boca, chamando a atenção do loiro presente. Ele se virou e meu corpo inteiro estremeceu. Estava sério, distante e frio. Encarou-me sem nenhuma expressão, como se sua mente estivesse em outro lugar.

- Mel... - eu gemi e ele me observou quieto. - Onde ela... está?

- Está bem - a voz grossa e seca me magoou internamente. - Já deu à luz e está estável, com Ronan.

Fiquei mais aliviada, mas tudo ali estava me incomodando.

Por que ele estava assim?

- O que foi que aconteceu lá? - ousei indagar e vi Peter apertar a mandíbula, puto.

Engoli em seco, confusa, e busquei me levantar, sentindo um enjoo forte e uma tontura quase insuportável. Eu estava fraca. Muito fraca.

- Quando iria me contar?

Eu o encarei e ele continuou com os olhos centrados em mim.

- Contar o quê? - reagi, nervosa.

O clima entre nós estava pesado, cheirando a escuridão.

Algo estava errado.

- Peter - eu o chamei quando ele não respondeu.

- Decidiu o destino do meu filho sem mim, porra? - ele não gritou, estava se contendo.

Naquele instante, meu medo cresceu. Eu não sabia se Peter havia ficado feliz com minha gravidez. Não sabia mesmo. Mas sua atitude reafirmava que algo estava errado.

Eu decidi o destino do meu filho sem ele? O que isso queria dizer?

- Não estou entendendo você. - Eu ri, sem saber o que pensar.

Ele deu dois passos na direção da cama em que eu estava deitada e agarrou meu tornozelo com força. Calor emanava dele, e a raiva apurada tomava conta de si. Eu já o havia visto assim. Ele poderia matar com sua fúria.

- Não ia me contar que estava grávida?

Fiquei tensa. Estar no hospital já era um indício claro de que Peter sabia da minha gravidez.

- Eu ia... - comecei.

- Mentira - vociferou.

- Sim, eu ia. No noivado.

- Ia me contar justo ontem? - Riu ironicamente. - Por que não antes? - Desviei meu olhar do dele, sem saber como dizer. - Por que não queria ter filhos? Era por isso? - Levantei a cabeça, surpresa. - Amélia não deixou passar.

- Peter, você tem que entender...

Seu aperto se intensificou e eu fechei os olhos, temerosa. Antes, eu não sabia qual seria sua reação, mas não queria imaginar a parte ruim.

- Me desculpe - pedi, pressionada pela dor da sua mão e pela culpa de ter omitido aquela informação.

Quando ele notou que estava me machucando, afastou-se a contragosto, furioso. Passou as mãos nos cabelos e no rosto, controlando-se ao máximo e mostrando para mim o quão afetado estava com aquela notícia.

Notícia de que seria pai.

Era ruim assim?

- Pensou em abortá-lo desde o início? - ele berrou, vermelho.

Paralisei totalmente. Minha mente demorou a processar o ódio e a informação que continha na sua fala. Abortar? Eu nunca abortaria o meu filho. Uma dor excruciante se instalou no meu peito e me fez ver tudo em preto e branco. Ele não estava com raiva pela gravidez, estava irritado pela perda do bebê. A perda do meu filho.

O mundo pareceu sair de órbita, desmoronando. As lágrimas pediram para sair e eu não as impedi. Deixei-as vir junto com a agonia que meu peito estava sentindo. Não imaginei que uma notícia como essa me faria sentir isso. Eu me senti horrível.

- Me responda! - Peter andou até ficar ao meu lado. - Planejava há quanto tempo tirar?

- Eu não planejava - respondi, aflita.

- Mentira! - gritou e segurou meu queixo. - Por que porra não me contou?! Por que merda tinha que decidir isso sem mim?!

- Não decidi nada. - Levantei as mãos e neguei repetidamente. - Eu nunca faria isso.

- Não sei como consegue mentir tão fácil - cuspiu. - Era para ter me contado desde o momento em que descobriu que carregava o meu filho. - Soltou meu rosto com nojo.

Eu abaixei a cabeça automaticamente. Foi errado omitir isso dele, porém eu ia contar. Só precisei de uns dias para assimilar a informação. Não era algo errado.

- Eu descobri há poucos dias - comentei, diminuindo a voz. - Estava confusa... Falei com a minha mãe e...

- O que ela sugeriu? Um aborto? - Eu o olhei, horrorizada. - Tenho certeza de que ela não queria mais uma filha longe dela por mais tempo.

- Minha mãe nunca faria isso.

Ele apertou o maxilar e apontou para o meu rosto.

- Então foi você que quis matar o meu filho! - berrou novamente, dessa vez de modo mais alto e mais brutal. - Sua assassina do caralho! - Veio com suas mãos pesadas e agarrou meu pescoço.

Eu chorava sem parar, desesperada, sem entender por que a acusação estava sobre mim. Peter não me apertou com tanta força, porém a ameaça estava nítida. O homem que eu amava queria me machucar.

- Não deveria tê-lo matado! Não se mata a família, porra! - rosnou. - Agora, você vai sofrer.

O ódio nos seus olhos me magoou e meu corpo ficou mole. Eu estava fraca, e tudo que ele falou me afetou profundamente. Eu nunca mataria ninguém, muito menos o meu bebê.

A porta foi aberta em um baque alto e eu vi, em câmera lenta, Ronan correr para tirar Peter de perto de mim. Alguns seguranças também entraram e tentaram segurar o homem descontrolado que me ameaçava sem parar.

- Você vai sofrer por isso! - ele gritava e gritava. - Você vai sofrer por ter matado o meu filho!

Continua...

Continua

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A Tentação Do Mafioso Alemão - (Degustação) Where stories live. Discover now