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•OLÍVIA•

uma semana.
uma semana se passou desde que eu fui sequestrada, uma semana se passou desde que eu estou nessa situação de merda.

todo dia era a mesma coisa.
eu levantava bem cedo e tinha que arrumar a casa toda, depois ele me dava um pão seco e água para tomar, banho ele deixou apenas a dois dias atrás, só comia mais um pão com um pouco mais de água a noite e ia dormir.
os dias começaram a esfriar, sentia meu corpo tremer pelo frio, já que eu usava apenas uma coberta e dormia no chão gelado.

a cada dia que passava, a cada minuto, eu me sentia pior por cair cada vez mais na realidade.
a cada dia que passava eu me sentia um lixo, lembrava de cada atitude que eu já tive, como se estar ali naquela situação me fizesse pensar em tudo o que já aconteceu comigo.
percebia cada vez mais a pessoa mal agradecida e mimada que eu era.
sempre acabava chorando baixinho no banheiro por pensar demais nisso.
queria abraçar meus avós, queria pedir desculpas para eles.
queria pedir desculpas para cada empregado que eu esnobei e tratei mal, como se fossem inferiores a mim.
queria me desculpar com todos que já sofreram com o meu temperamento e personalidade ruim.

uma coisa estranha que aconteceu hoje foi ele falar por um bom tempo pelo telefone com alguém, parecendo prestar atenção em cada coisa que a pessoa dizia.

depois de acabar todas minhas tarefas, fiquei sentada no cobertor que havia no chão, onde eu dormia.
sempre ficava ali parada, pensando.
já que ele nem ao menos me deixava assistir Tv.
então escutei ele me chamar da sala, me levantei e andei até lá, vendo ele sentado em uma cadeira, olhando com um sorriso de canto para mim.

me aproximei e fiquei a mais ou menos um metro de distância dele.
esperando ele falar.

-sabe, contratei um ótimo detetive que é da cidade para descobrir tudo sobre você, levou alguns dias mas agora eu já sei de tudo. (ele sorriu, eu estremeci)

então ele cruzou os braços, me olhando com superioridade.

-não gostava de ir pra escola pelo jeito que te olhavam, não é? por manterem distância de você mesmo tendo tanto dinheiro, porque viram a confusão na delegacia.

senti minha respiração começar a ficar desregular.

-como foi ser arrastada pra fora da delegacia com a sua mãe gritando e te chamando de mentirosa? ela preferiu acreditar que o papai nunca tentaria algo com a sua filhinha, não é?

senti meus olhos se enchendo de lágrimas.

-quantas vezes ele passou a mão em você até você ter coragem de denuncia-lo? é por isso que é desse jeito? desconta as suas frustrações nas outras pessoas?

a primeira lágrima caiu.

-não precisava virar uma putinha mimada só porque o papai se aproveitou de você, Olívia.

ele sorriu, se aproximando de mim, ficando a alguns centímetros de distância.

então, desabei.
comecei a chorar desesperadamente, soluçando.
botei as mãos no rosto e fiquei de joelhos no chão, meu peito doía.
ninguém nunca havia falado sobre isso comigo, eu costumava fingir que aquilo nunca aconteceu, ele falar tudo aquilo foi como uma facada no meu peito.

então, como se ele estivesse esperando outra reação, ficou com uma expressão estranha no rosto.
depois suspirou e se dirigiu até o quarto.
eu continuei ali, ajoelhada, chorando.
sem perceber, acabei dormindo ali mesmo, não que aquele chão fosse muito diferente da minha "cama".

Nas garras de um assassino Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin