capítulo 19.

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Capítulo 19.
Ao chegarmos na casa de Rebeca, ela foi me mostrando cada cômodo, dois quartos, a sala, banheiro, cozinha e o quintal. Ao guardar os detalhes na memória pude constatar que é uma casa de tamanho médio, não tem escadas e nem porão como a minha, mas é bem aconchegante.
E por falar em porão, os problemas começaram a querer voltar, e tentei espantá-los com vários acenos de cabeça, Rebeca vendo minha reação, perguntou,
"O que foi Sarinha? Acenando a cabeça desse jeito?
Cuidado para não ficar com tontura hein?",
E após dizer isso começou a rir,
Ri também e respondi que não era nada de mais, só algumas ideias que não queriam sair,
Ela disse,
"Entendi, isso é difícil né? As vezes, quando me sentia assim, eu orava, e logo tudo de ruim, ia embora",
Eu apenas disse um que bom, pois ainda não entendia nada sobre oração, nem sei como se faz, só conheço o pai-nosso e ave-maria, e para não ficar um clima constrangedor, mudamos de assunto e Rebeca sugeriu pedir pizza e assistirmos filmes, e é claro que topei na hora.
Quando tudo estava pronto, o filme um amor para recordar começou, e como sempre, os detalhes que não eram falados pelos atores, Rebeca ia me descrevendo, pude até chorar em algumas partes, é bem legal e emocionante mesmo,
No decorrer do outro filme, a cabana, começamos a sentir sono e fomos nos preparar, mas não dormimos antes de minha amiga orar, pedindo a Deus proteção, e que ele nos livre de todo o mal,
Confesso que talvez, só talvez, senti uma paz, porém como não entendo, penso que foi bom.
Cheguei da escola, minha casa estava silenciosa demais, fui subir para meu quarto, mas antes, ouvi vozes em um canto, que deduzi ser o porão,
Então, fiz a volta ao contrário, em vez de terminar de subir para meu quarto, desci novamente na entrada que fica entre a sala e a cozinha,
E entre esses cômodos, fica um espaço vazio, em que tem um lance de escadas para descer até o porão. Fui caminhando para lá, seguindo o som das vozes, que estavam cada vez mais autas, algumas furiosas, outras implorando algo que ainda não pude compreender,
Fui me aproximando mais e pude entender o que diziam, e espera, Léia e Tainá furiosas, e meus pais agoniados, suplicando, a última coisa que ouvi foi,
"Sara! Saia daqui!, Vá viver filha!",
Após isso, ouvi um istampido, ou foi tiro? E uma voz me chamando e me balançando insistentemente.
Ao abrir os olhos, percebi que era Rebeca tentando me acalmar, pois estava perdendo o ar, repetia sempre, "meus pais não!" Minha  respiração se encontrava muito rápida,
Fui acalmando aos poucos com a oração e a música que rebeca começou a cantar,
"Sossega,entrega, espera,
Vai ficar tudo bem, tudo bem",
Após ela terminar, foi buscar uma água e enquanto eu bebia, perguntou,
"Pesadelos? A quanto tempo os-tem?"
Quando ia começar a responder, ela voltou a cantar,
"Eu permiti o vento para te ensinar,
Porque estais com medo, é só confiar,
O barco não afunda se eu não mandar,
E se eu quiser, tu andas sobre o mar".
"O deserto está difícil né? Mas ele não mata,
Vai chegar o tempo de você cantar".
Ouvindo tudo isso, comecei a me arrepiar toda, voltando a chorar, mas não de medo, devido ao pesadelo, mas de emoção, por Rebeca cantar e falar essas palavras,
mas ainda não conseguia entender como que eu ia cantar, se eu nem sei?,
E com isso, pude me acalmar de fato, decidindo que já estava na hora de Rebeca saber da minha história, e assim fiz.

O único caminho.Where stories live. Discover now