five

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Salvei seu contato com um nome totalmente diferente para que kei nunca desconfie caso tente olhar minha lista telefônica. Depois, fiquei relendo o bilhete deixado por suna muitas vezes.

"Promete cuspir nas cabeças deles quando ousarem nos ordenar a fazer algo que não queremos? Promete nunca mais abaixar a porra da cabeça? Eu prometo."

Eu também.

Sorri muito, meus pais não fazem ideia do que fiz na noite passada. Ou melhor, de com quem estive noite passada. Eles odeiam suna e toda a sua família por terem me rejeitado, desde criança me moldaram para nunca olhar nem em seus olhos. Acho que deu errado.

- Filha? - minha mãe bateu na porta do meu quarto, em um pulo eu guardei o bilhete embaixo do fundo falso do meu armário que fica ao lado da cama. Escondo coisas importantes lá. - O voo atrasou um pouco, acabamos de chegar. - Avisou com uma voz relativamente animada, é claro que atrasou.

- Que bom. - susurrei para mim mesma, se tivessem chegado no horário certo talvez não me encontrariam no quarto dormindo. Pela primeira vez acho que estou sendo compensada por algo.

- Café da manhã em cinco minutos, desça depressa e venha arrumada, teremos uma reunião familiar. - anunciou ainda atrás da porta, quando ela fala de reunião desse tipo, os tsukishima sempre estão presentes. Que merda é dessa vez?

Levantei da cama sem conseguir tirar o sorriso orgulhoso do rosto. Não tenho costume de quebrar regras. Depois do banho, coloquei um vestido azul escuro e uma sandália baixa. Odeio ter que vestir roupas assim na minha própria casa. Quem tem que vir arrumado são os convidados, não eu. Café da manhã é para se tomar de pijama.

É segunda, tenho faculdade como sempre. Aproveitei e deixei minha roupa de ir já pronta em cima da cama. Não quero bater cabeça para procurar algo decente mais tarde. Depois de terminar, fui até a cozinha onde já se encontravam todos da família em uma conversa padrão sobre as empresas. Eles pararam assim que me viram, como se tivessem que mudar de idioma para que eu entendesse.

- Vamos iniciar. - Meu pai anunciou levantando uma xícara de café das nossas empresas em conjunto. - Não é segredo que no próximo mês teremos um jantar com as seis famílias mais poderosas de Tóquio. - continuou ainda com o copo na mão. Que jantar é esse? - A prefeita vai anunciar seu próximo candidato, já que a mesma não vai poder se candidatar nas próximas eleições... - ele falava e todos na mesa balançavam a cabeça para demonstrar que estavam escutando. Eu apenas continuei a comer um pedaço de bolo com suco, ignorando totalmente a presença do meu namorado que está me encarando do outro lado da mesa, sinto seu olhar me queimando daqui. - Passo a palavra para o Saiki agora. - apontou para o pai de Kei, que logo abriu um sorriso agradecido.

- Bom, buscamos nos aliar às famílias que estarão por lá. Mesmo que os Suna's estejam fora dessa lista, não os tratem mal. Nenhum deles. - esclareceu olhando especificamente para o próprio filho, todos conhecem o temperamento explosivo de tsukishima kei. A última vez em que ele e suna estiveram no mesmo ambiente, houve uma briga de soco e tudo. Perdemos vários acionistas por isso. Ninguém fica do lado de quem bate no filho da prefeita da porra da cidade. - Esperamos que a noite seja pacífica, então, até lá, se preparem corretamente para que possamos mostrar nossa competência e dedicação da maneira correta. Sem erros. - Saiki tsukishima praticamente implorou para que ninguém pise na bola no dia desse incrível jantar. Não sei porque somos convidados se somos odiados pela maioria dos que vão estar presentes. - Fomos convidados porque, além de tudo, esse será um jantar beneficente. Que visa principalmente a arrecadação de fundos para a construção de um orfanato na região sul da cidade. O anúncio da prefeita é só um bônus. - Explicou como se estivesse lendo minha mente. Bizarro.

Ficamos um tempo em silêncio, apenas aproveitando o maravilhoso café da manhã. Ninguém se direcionou a mim durante a pausa da conversa, nem mesmo o meu querido namorado. Acho que está com raiva por eu o ter ingnorado.

- Está encerrado. Um bom dia a todos. - novamente, Saiki tomou a palavra para acabar com a reunião. - Querida Jane, seu café estava ótimo. - ele sorriu olhando para minha mãe, até parece que ela fez tudo isso. Ela não sabe nem coar um suco, quem dirá um café. - [Nome], esteja mais bonita do que nunca no dia do jantar. Não preciso falar sobre como deve agir com Kei, não é? - sorriu insinuativo, já sei que terei que ficar grudada naquele idiota pela noite inteira. Forçando a cara que odeio fazer.

- Claro, Sr. Saiki. Obrigada. - agradeci me curvando feito uma idiota. Não consigo evitar, quando vejo já estou fazendo exatamente o que eles esperam que eu faça.

No final da refeição, todos foram embora com exceção de kei que caminhou até meu quarto e ficou na porta esperando que eu fosse até lá. Que merda, é a porra de uma crise de ciúmes novamente. Eu conheço a droga toda.

- Por que não olhou para mim? Por acaso tranzou com alguém aqui ontem? - ele perguntou histérico assim que eu fechei a porta atrás de mim. Cerrei meus punhos já me sentindo irritada só por ouvir sua voz. - Responde, quem foi o segurança que você chamou para se esfregar ontem a noite? - me olhou indiferente e senti vontade de lhe dar um tapa. Que porra ele está dizendo?

- Talvez eu tenha chamado, qual o problema? Não somos namorados de verdade, isso aqui é só fachada. Você recebe o que está no papel. - falei gesticulando como se estivesse com um papel nas mãos, ele me olhou tão feio que me senti perdida. Mas não abaixei a cabeça. Não farei isso de novo, não depois de ter prometido a alguém.

Eu nunca quebro uma promessa. Elas são as únicas coisas que permanecem.

- Por que está me olhando assim? Acha que tem o direito de ser malcriada? - perguntou com um grito muito alto, me assustei quando ele deu um soco na parede. - Você é uma puta vagabunda, mas não aceitarei que me trate como um igual. Eu sou maior, sou melhor. Eu sou melhor. Em tudo, agora se ajoelhe e peça desculpas! - ele cuspiu em meu rosto, literalmente. Senti tanta raiva que fiz o mesmo que ele, soquei a parede. - Se ajoelha e peça desculpas. - afinou seu tom de voz, como se isso fosse fazer diferença. Ele acha que pode ser gentil depois de ser um otário por completo.

- Você nunca saiu das fraudas, kei. Você é um inútil que precisa humilhar os outros para se sentir bem, você não se difere da sua família de hipócritas preconceituosos! - me igualei a ele no tom, gritei tão alto que senti minha garganta queimar. Ele vai ouvir minha voz.

- E você por acaso é diferente de mim? Sua mulherzinha de esquina, você não dá um peido fora de casa! - segurou meus ombros e me mostrou a diferença enorme de altura que há entre nós. Sua força é assustadora. Avassaladora.  - Você não tem uma vida, sua vida é minha e de toda a minha família! Você nunca vai ter o direito de questionar como tanto quer! Cale a porra da boca antes que eu faça você se arrepender da graça. - ele puxou minha orelha até eu sentir que estava quase sendo arrancada. Senti as lágrimas caírem e um berro de desespero escapar dos meus lábios. Dói muito. - Isso que merece por ser uma má criança. - veio em minha direção para deixar um beijo na minha boca mas eu lhe dei um tapa no rosto. O mais forte que consegui. Sua resposta foi imediata. Ele me arrastou até a cama como se eu fosse um porco prestes a ser abatido.

Senti o arrependimento cruzar a linha da coragem que eu tanto fortifiquei.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouWhere stories live. Discover now