twenty

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Eu liguei para o número e fiquei tremendo de medo de não existir mais. Escorreu suor da minha testa e meu coração perdia o ritmo ao ver a chamada e nada de Rin. Preciso que ele esteja lá, do outro lado, pois acho que não vou conseguir se ele não estiver.

- [Nome]? - A voz soou desconfiada mas mesmo assim eu reconheci, faltei gritar de alívio quando escutei. É ele. Como sabe que sou eu?

- Oi. - respondi meio receosa, mesmo que a voz seja a dele, ainda existem muitas formas de falsificar a voz de alguém.

- Que bom que você ligou, há tempo que espero essa ligação. - sua voz suavizou puxando o tom mais doce que já ouvi na minha vida. Ele parece muito aliviado, como se precisasse dessa ligação tanto quanto eu. - O que houve?

- Ok, vou ser direta pois não tenho muito tempo. - respirei fundo para não falar muito alto. Não quero alarmar suspeitas. - Descobri algumas coisas pesadas a respeito de meu pai e vou precisar do seu e-mail para te enviar. Vamos postar quando estivermos bem longe deles, então não abra os arquivos enquanto eu não estiver aí, tudo bem? - falei tudo de uma vez e pedi para que ele não olhasse porque pode acontecer dele upar o vídeo na internet sem mim. Em momento de raiva, até eu faria isso.

- Sim, senhora. Aqui vai... - concordou sem perguntar sobre nada, nem mesmo se era algo muito grave. Disse o e-mail completo e eu já anotei para enviar as coisas logo em seguida. Não quero perder tempo. - Certifique de que enviou e me ligue de novo para ter certeza antes de apagar os dados, ok? - perguntou com sua voz baixa de sempre e desejei estar em uma vídeo chamada. Queria ver o rosto dele. - Faça logo. - pediu mais uma vez ao notar meu silêncio, acho que viajei pensando no futuro em que nós dois estaremos vivendo uma vida em paz, longe dessa bagunça terrível.

Mumurrei um tabom e desliguei a chamada para ir correndo enviar os arquivos, e em menos de um minuto todos estavam anexados e cliquei em enviar. Fiquei nervosa só de ver a capa do vídeo e me lembrar do conteúdo, de me lembrar que gravei os papéis que possuem, literalmente, dados de vendas humanas. Tráfico.

- Deu certo? - perguntei assim que aceitou a chamada, minhas mãos tremem e quero chorar de raiva, quero antecipar tudo e postar agora mesmo. Mas sei muito bem o destino que eu teria.

- Sim. [Nome], decore esse número só por precaução. - adicionou rapidamente com uma voz preocupada. - O que você acha de prendermos seu pai durante o casamento? - me assustei de imediato, foi uma sugestão inusitada, de certa forma. - Eu faço a denúncia anônima, envio os vídeos e mando alguns policiais irem até sua casa pegar as provas e outros irem até o casamento o prender. O que acha? - concluiu e achei essa ideia genial. Se seria satisfatório ver meu pai sendo preso nas redes sociais, imagina ver pessoalmente...

Um brilho estranho toma conta de mim. Me sinto realizada só de imaginar meu pai desesperado por ter sido descoberto. Acho que devemos fazer isso, pode funcionar.

- Apenas se as duas coisas acontecerem ao mesmo tempo, os policiais em casa e os policiais na igreja. Caso contrário, ele pode ser alertado antes e fugir. - adicionei deixando bem claro a principal condição para isso dar certo. É o único jeito. Não vou deixar meu pai se safar de jeito nenhum.

- Claro. Combinado então? - perguntou e encarei a parede pensando se essa realmente era a maneira certa de agir, ou se deveria fazer isso quando estivéssemos seguros e apenas assistir a queda do meu pai pelo celular. - Fica tranquila, essa é a decisão certa. Você fez bem em achar esses documentos que eu nem sei sobre o que se trata, mas deve ser grave o suficiente para mudar a vida daquele nojento. Sobre Tsukishima Kei, vou arranjar um jeito de deixar ele no lixo. - me tranquilizou com a última frase. Não havia planejado nada ainda para o homem que mais odeio, como consegui pensar em deixar ele escapar ileso? - Eu resolvo tudo, pode apagar tudo aí nesse seu celular. Estarei lá e os polícias vão aparecer também, só me diga a senha do cofre e onde ele se encontra. - pediu educadamente e de imediato falei tudo a respeito da localização do cofre. Analisei a possibilidade de meu pai sumir com os documentos por algum motivo e falei para Rintarou, tudo tem que ser pensado. Temos as fotos e muitos vídeos, só não sei se isso é o suficiente.

- Obrigada. Por favor, esteja lá. - agradeci após ficarmos alguns minutos em silêncio, apenas sua respiração suave era presente. Sinto vontade de tê-lo por perto. - Vê se destrói o seu celular depois que ligar para a polícia, não deixe que ninguém nos rastreie. - praticamente implorei com a voz, estamos separados por uma tela e não quero arriscar que quando estivermos finalmente juntos tudo possa ir por água abaixo. - Preciso descansar, o dia de amanhã vai ser bem longo. - bocejei passando o celular de uma mão para a outra, cansada de segurar na mesma posição por vários minutos. Apertei os olhos e suspirei fundo, isso tudo tem que funcionar.

- Vai dar certo, você sabe. Te vejo amanhã. - - se despediu com um sorriso que, mesmo não vendo, sei perfeitamente cada detalhe de como o fez.

- Até. - sorri meio triste. Tenho medo de que não saia como o planejado e todo esse problema vire uma loucura enorme.

Bom, depois de alguns segundos encarando a tela do celular acesa, me deitei na cama e fechei os olhos rezando para que o dia de amanhã seja o dia em que vou me libertar dessa família. Que seja o primeiro de muitos ao lado de Rin. Acho que estou apaixonada, na verdade tenho certeza. Ele foi o primeiro que me olhou daquele jeito que ele faz toda vez que me vê. Amanhã definitivamente vou abrir a porta para o outro lado que tanto sonhei.

Vai funcionar.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouWo Geschichten leben. Entdecke jetzt