II

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NARRADORA

George abriu a porta do apartamento, que agora era seu lar temporário, quase meia-noite. Apesar de estar gostando de passar um tempo com Maddison e viver longe de sua realidade, precisava sair daquele lugar e aliviar seu coração. Estava mesmo com ideias de logros novos mas precisava muito liberar o que guardava.

George sabia que Maddison dormia cedo por causa do trabalho, mas, justamente naquela noite, Maddison ficou acordada curiosa para terminar um seriado que passava em algum canal aleatório.

O apartamento estava protegido pelo abaffiato, por causa de sua vizinha que teve bebê recentemente, então George não pode ouvi-lá até passar pela porta quando notou a luz acessa da sala. Maddison estava rindo da piada do seriado e quando virá George continuou sorrindo.

Até notar os punhos vermelhos, dedos machucados escorrendo sangue, olhos muito inchados e vermelhos, lábios cortados. Maddison parou de sorrir de imediato e correu para o Weasley.

-ah meu Deus -murmurou tomando o rosto de George em suas mãos. - o que aconteceu, George ?

Ele não respondeu, deixou a caixa de madeira no canto sob o olhar preocupado de Maddison. George viu naqueles olhos verdes uma preocupação tão genuína que todas as suas barreiras desmoronaram, caíram.

-Senta, vou procurar curativos - Maddison tentou manter a voz calma, quando, por dentro, estava em desespero.

George sentiu seus olhos ardendo e sabia que lágrimas viriam. Maddison puxou uma cadeira para sentar em frente a George, sem fazer mais perguntas entendendo que não era uma bom momento para interrogatório. Maddie molhou um pedaço de algodão com álcool para desinfetar o machucado.

-vai arder um pouco, ok ?

George continou quieto, anestesiado de qualquer dor que aqueles machucados causariam porque seu coração já doía o bastante. Maddison terminou de limpar o machucado de uma mão e a enfaixou com cuidado, ficando cada vez mais preocupada com o silêncio de George. Maddison sabia o que ele pensava e estava determinada a mudar o rumo de seus pensamentos.

-Você recebeu uma carta - Murmurou Maddie limpando a próxima mão - Era de sua mãe, tive que responder que não estava em casa, sua coruja não me deixava em paz - sorriu fraco - acredita que ela deu de cara com a janela.

-Ela é muito velha, me admira que ainda esteja viva - George murmurou baixinho, distraido.

-Você furou nosso trato - zombou Maddie - Fiz macarrão com carne, está delicioso.

George sorriu minimamente com o esforço de Maddison em não deixa-lo pensar no acontecido. A conversa fluiu até Maddison terminar os curativos da mãos, Maddie molhou um cotonete com soro e passou pelo lábio de George com muito cuidado. De novo, George notou, ela não se abalou com o contato, tão próximo que dava para sentir suas respirações se misturarem.

-Você por acaso era o saco de pancadas ? - Maddison perguntou sorrindo.

-Ah tinha que ver o outro cara - George zombou.

-Adoraria ver George Weasley em uma briga, quer dizer, até ter que ser sua médica - Revirou os olhos visivelmente brincando.

-Aposto como adora tocar nesse rostinho - George provocou.

Maddison percebeu que de vez em quando George trazia seu antigo eu do fundo do bau. E George, pela primeira vez, deixou a garota sem resposta, ganhou apenas um balançar de cabeça e sorriso pequeno.

Maddison continuou a fazer curativos, deixando reinar o silêncio confortável entre eles. Então George se permitiu pensar na briga com um idiota qualquer que, em algum momento, citou seu irmão. George não se lembrava se o homem insultou Fred ou disse um "sinto muito" mas estava com tanta mágoa guardada, que não se aguentou e saiu na mão com o homem, como fizera com Draco Malfoy tantos anos antes.

E lá estava de novo, Fred, em seus pensamentos. George permitiu seus olhos fecharem e seus ombros relaxarem, enquanto, pela primeira vez em meses, alguém se esforçava para que ele não se sentisse mal. Pela primeira vez em meses, alguém tentava alivar sua dor. Alguém se preocupava apenas com a sua dor, não tinha Rony nem Gina. Não tinha de ser forte e esconder sua tristeza por que sua mãe não estava ali. Não tinha de pular o luto por que seu pai não o lembrava de seu irmão gêmeo.

E, pela primeira vez em meses, ele chorou na frente de alguém.

Maddison, por um instante, ficou assustada com a reação repentina, mas ela entendia. Perder o irmão gêmeo, que dividia desde as fraldas ao momento em que Fred morrerá, era horrível demais para suportar e George precisava de um ombro amigo.

Maddison, que até então estava em pé, se abaixou; deixou que George a abraça-se contornando o pescoço dele com seus braços. George escondeu o rosto no pescoço de Maddison deixando as lágrimas caírem. Maddie passou seus dedos pelos fios cor de fogo de George, sem pressa para afastar o jovem garoto.

-Tudo bem -maddie sussurrou - Vai ficar tudo bem, George.

E, durante vários minutos, Maddison ouviu os soluços doloridos de George e afago os cabelos dele enquanto o envolvia em um abraço apertado, que transmitia conforto e segurança.

George sentiu em Maddison a segurança que precisava para deixar a dor ir, encontrou em uma pessoa que não via a um ano o conforto que não sentiu nos braços de sua família. O tipo de conforto que você sente poder contar qualquer coisa, até os mínimos detalhes.

Maddison queria que George ficasse bem, que pensasse em seu irmão como uma lembrança feliz, que voltasse a ser como antes. Mas sabia que George não voltaria a ser o mesmo e que demoraria mais algum tempo até George se lembrar de uma pegadinha com Fred e rir, em vez de chorar.

E ela estaria ali quando isso acontecesse. Maddie podia sentir.

×××

Aí gente 😪

Passando o final de semana na minha vó e do mesmo jeito não tendo tempo para nada 🤡👍

Bjs, gabi 💌

ACIDENTALMENTE AMOR Onde histórias criam vida. Descubra agora