ACIDENTALMENTE AMOR

XV

MADDISON HARVEY

Hoje meu chefe está um tanto mal humorado, com isso fui mandada para atender ao Pronto Socorro. Tenho meus próprios pacientes e ajudo a um ou outro médico do Pronto Socorro, mas hoje ele me mandou fazer Plantão no PS.

Logo hoje que eu ia ver as fantasias. Mas tudo bem, faço isso amanhã. As fantasias podem esperar.

Pego uma pilha de papéis com fichas de pessoas que chegaram no hospital com doenças ou sintomas que poderiam esperar, ao contrário de outras que pareciam a beira da morte.

Graças a Merlin, nunca nem um paciente morreu ou chegou perto disso comigo. Apesar de que eu saiba o que fazer, ver alguém morrer é um risco para minha mente. Ser médica não é uma profissão fácil, você ganha bem e tals, mas o dinheiro pode curar uma perda ? Não, não pode. E é isso o que mais temo. Me apegar demais e depois perder.

A Sra. Winston, por exemplo, tem problemas no coração, diabetes e pressão alta, ela pode, a qualquer momento, ter um parada cardíaca e morrer. Isso me destruiria, ela tem estado comigo desde o começo da minha residência. Cuida de mim, me aconselha e até xinga, mas eu a adoro. E isso pode ser considerado antiético da minha parte.

Enquanto filósofo sobre minha profissão, meu almoço vai ficando cada vez mais frio. Não tive coragem de fazer o jantar ontem então comprei comida na lanchonete do hospital. Levo um pedaço de carne a boca e mastigo observando o nada. Minha mente está calma pela primeira vez em muito tempo. Não penso em nada quando o infeliz do meu ex ficante aparece.

-Veja só a princesinha dos pacientes - Jason praticamente grita enquanto bate as maos na minha mesa.

Reviro os olhos e continuo a comer, fazendo pouco caso de sua presença. Essa atitude o deixa irritado.

- Você vai no Halloween do Clarke ? - Ainda o ignoro - Estou fazendo um pergunta, Gracinha.

Seu corpo avança em minha direção, não o olho assustada e fico pronta para meter um soco em sua cara quando uma mão o para. Reconheço quase que de imediato.

-Ai amigo, é melhor ir embora - A voz de George é calma e há um pouco de divertimento. Jason empurra a mão de George, furioso.

-E quem é você para me dar ordem em ? A princesinha precisa tanto assim de um príncipe ? Não sabe se defender sozinha ?

Contenho a vontade de arrebentar a cara dele, ocupo minhas mãos com meu almoço, mas no fundo da lanchonete Jane balança a cabeça. Seus lábios se mexem sem emitir som, sigo seu dedo até a entrada do local e vejo meu chefe. Seguro uma mão de George e o puxo para longe dali.

Nossos dedos estão entrelaçados e tento continuar a respirar quando ele saca o que estou fazendo e passa seu braço por cima do meu ombro deixando um beijo no final da minha bochecha, mais um pouco para o lado e seria meus lábios.

-Já contou para ele que você é a maior vadia ? -Jason grita.

De novo não. Fecho meus olhos e paro de andar, sinto vários olhares em mim mas não consigo sair do lugar. Minha mente me trai e me leva a memórias do passado, família, amigos, escola, inimigos, trabalho, todas as situações em que me chamaram por esse nome rondam minha mente.

George está ainda mais perto e posso sentir sua respiração, não consigo abrir os olhos ou entender o que diz. Quero vomitar mas não consigo. Sinto que vou desmaiar mas não acontece. Tento respirar mas não consigo.

A onda está me levando para longe da margem.

E ela consegue, até ele sussurra.

-está tudo bem, Maddie - A voz de George me desperta.

Abro os olhos. A raiva está ali brigando com a calmaria. Me solto de George e caminho até Jason, ergo meu punho, o acerto bem no nariz. Jogo meu cabelo para trás saio andando, mas não sem antes...

-Não é por que você é homem que pode sair por aí chamando qualquer mulher de vadia. Babaca!

Todos fazem um coro de "ô" exceto Jane e George, os dois estão rindo, posso ver um sorriso orgulhoso no rosto de Jane. George volta a passar o braço pelos meus ombros e fala:

-Mandou bem!

Sua mão direta está segurando meu almoço, pego, George levanta a mão e batemos uma na outra.

Foi a melhor coisa que eu fiz essa semana.

George me acompanha até minha sala, ele inspeciona tudo, as fotos, os papéis, os equipamentos. Minha sala é muito organizada, tudo está no lugar certo a todo tempo, chega a ser irritante até para mim.

George balança uma foto na minha direção, levo um pedaço de tomate a boca e mastigo enquanto me lembro da história. Na foto estou sentada em frente ao piano, com um vestido azul claro com flores na barra, meu cabelo está com duas mechas presas. É a sala da casa dos meus pai. Vejamos...

-Era Natal quando meus pais inventaram de fazer um baile para os amigos e pessoas de alta classe - Falo caminhando para a foto depois de jogar a vasilha do almoço no lixo. - Quando criança fazia aulas de piano, sou realmente muito boa e é incrível tocar esse instrumento. É realmente difícil. - Sorrio.

Saudades do meu piano. Isso me lembra... Droga! Suspiro e continuo a história.

- Tive que tocar Fur Elise, tem uma das letras mais difíceis. Mas eu só podia tocar duas músicas para que os convidados vissem o que a filha dos Harvey sabia fazer, ficaram encantados e elogiaram bastante. Minha mãe sempre respondia com "O professor dela foi John Kroner, o mais importante dos maestros" - Reviro os olhos - quando ouvi isso fiquei tão decepcionada que tentei correr para o meu quarto, no caminho tropecei no vestido de alguém e bati em uma mulher que caiu em cima da mesa de comida. Seria engraçado se não fosse o que vinha depois.

Suspiro novamente. Eu tinha doze anos, era apenas uma garota ingênua que buscava aprovação dos pais. Trágico. Foi a partir desse dia que a Maddison de hoje apareceu.

- Agora quero ouvir você tocar - George diz com um sorriso de canto.

- Quem sabe um dia, não ?! - dou de ombros sorrindo melancólica.

×××
Não gosto desse capítulo 🤡

Jason o grande ex babaca das fanfics apareceu.

Cinco capítulos....