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*Yuzuki On*

Eu encarava o chão, as gramas molhadas pareciam mais reconfortantes do que qualquer coisa ao meu redor naquele momento. Eu desejava em silêncio para que quando eu voltasse a erguer o olhar todos eles tivessem sumido, inclusive meu irmão. Senti um peso em meu ombro e olhei de lado para o local, Madara tinha o semblante inexpressivo de sempre e parecia me olhar irritando por conta do meu comportamento.

— Você ainda é uma Uchiha, erga a cabeça. — Cerrei meus dentes, prendendo um xingamento no fundo da minha garganta, mas fiz o que ele mandou, porém Madara não ficou satisfeito, ele nunca ficava satisfeito, não importa o que eu fizesse. — Tire essa carranca da cara, Yuzuki. — Ele podia seguir as próprias palavras, bufei alto o suficiente para que ele me escutasse, mas seu olhar me fez recuar e desviar os olhos, tentando relaxar meu semblante....para parecer minimamente feliz. Mesmo que eu preferisse estar morta naquele momento. — Eles estão vindo, se comporte. — Seu tom não foi apenas autoritário, como sempre era, mas tinha um leve soar de ameaça. Respirei fundo tentando controlar minha respiração, mas assim que vi a dupla enfim aparecer em meu campo de visão tive que respirar ainda mais fundo, Madara apenas apertou meu ombro com mais força, me machucou, mas eu não me atreveria a reclamar agora. Hashirama estava sorridente, o que me fez sentir vontade de o esmurrar, mas eu morreria se fizesse isso. Ao lado dele estava Tobirama, tão mal-humorado e inexpressivo quanto meu irmão....fala sério, eu iria ser obrigada a passar o resto da vida com um projeto de Madara? Esse ainda por cima me odiava mais do que meu próprio irmão, aquilo seria um inferno. Eu não abri a boca no tempo que se passou, mal ouvi a discussão entre Madara e Hashirama, meus ouvidos pareceram ficar surdos por um tempo enquanto eu encarava qualquer coisa menos os dois Senjus na minha frente, principalmente o mais novo deles, toda vez que eu o olhava uma única imagem aparecia em minha mente. A morte de Izuna. Mas em segundos minha audição voltou quando senti outro aperto no meu ombro ainda dolorido, esse era bem mais fraco que o aperto anterior, claro, Madara não deixaria tão na cara assim. Pisquei como se voltasse a realidade e virei a cabeça para olhar meu irmão, seu olhar era duro sobre mim e eu mordi meu lábio nervosa. — Hashirama quer saber se você está de acordo com os detalhes do casamento.

Voltei a olhar para frente, olhando o Senju mais velho e dei um curto aceno com a cabeça, eu não tinha escutado uma palavra, mas não estava em posição para discordar de algo.

— Parece bom para mim. — Minha voz não saiu tão firme quanto eu havia planejado e me perguntei se Madara havia notado aquilo também, mas se notou não deixou transparecer.

— Ótimo, mas se quiser algo diferente diga e faremos, é seu casamento afinal. — Acenei mais uma vez e Hashirama sorriu estendendo a mão em minha direção, a encarei por alguns milésimos de segundos antes de segurar a mão dele, ele apertou nossas mãos e sorriu ainda mais. — Não fique tímida, seremos uma família no futuro.

Dei mais um aceno, e usei toda a força que tinha no corpo para dar um sorriso convincente o suficiente, que pareceu funcionar por hora. Tínhamos nos encontrado em um local mais afastado de Konoha, o motivo para isso era para que as pessoas não desconfiassem e que boatos não começassem a circular por aí. Casamentos por conveniência eram a coisa mais comum nesse mundo, mas Hashirama e Madara concordaram na opinião de que esse casamento era muito mais político do que os outros.

Todos tinham de pensar que aquilo era para valer, diferente dos outros casamentos arranjados esse não seria somente para unir às duas famílias, mas sim unir todos os clãs de Konoha e também colocar medo nos clãs não aliados, já que assim a junção de dois dos clãs mais temidos seria mais estável do que o acordo feito por Madara e Hashirama. E era por isso que não nos casaríamos do nada, o primeiro passo dessa união falsa seria passar mais tempo com Tobirama, para que as pessoas da vila notassem isso e não se perguntarem depois o porque de dois dos filhos dos maiores rivais da guerra dos clãs se casaram de repente, a farsa ficaria óbvia se esse fosse o caso, e nosso casamento não teria muita credibilidade.

Apenas por Conveniência Where stories live. Discover now