Buscou apoiar-se na parede, tentando se levantar. Sua visão está se acostumando com a penumbra enquanto uma luz azulada entra pela janela, indicando que ele está no banheiro. No entanto, Baekhyun não precisa de seus olhos para definir isso.
Ele ouve um grito abafado e imagina que pode ser Chanyeol, mas então nota o silêncio. O grito havia saído de sua boca, já que lá de fora, não se ouvia nada.
Entrou em pânico.
De repente, tudo estava silencioso. Se Chanyeol estivesse enfrentando O Outro, não deveria ter barulho? Coisas quebrando? Baekhyun se perguntou o que fora aquele barulho na janela e moveu-se para o lado. Ele ainda estava segurando com força o pedaço de prato; sua mão sangrava e as gotas de sangue já haviam encharcado a cerâmica do chão.
Olhou para os seus próprios pés cobertos de sangue e moveu-se até a pia. Ele precisa se equilibrar agora, mas sentia-se quase tão perdido quanto na primeira vez que entrara ali. Como se, novamente, não soubesse localizar-se. Deslizou a mão boa pela superfície da pia, observando como sujava tudo ali. Tocou a torneira e a abriu, mas não atreveu-se a colocar a mão sob a água, ao invés disso, Baekhyun ergueu o olhar, encontrando-se com o seu reflexo.
- Sou eu...? - tocou o seu rosto, mais apavorado do que antes, e voltou a se questionar. - Essa pessoa, sou eu?
Estava com um corte na bochecha, seu rosto estava coberto de barro e manchado pelo rastro de suas lágrimas. Tocou seu cabelo, bagunçando-o em todas as direções e apalpou seu rosto repetidas vezes.
- Sou eu - disse, mesmo que só conseguisse distinguir uma figura manchada do que realmente era o seu rosto.
A voz de Chanyeol surgiu em sua cabeça, dizendo: Você é lindo, Baekhyun.
No entanto, neste momento, ele não pôde ver nada de bonito em seu rosto distorcido e cheio de pavor, porque isso era uma das escassas expressões que conseguia distinguir. Seu lábio inferior treme enquanto seus olhos brilham, repletos de lágrimas. Seu cenho estava franzido e a mandíbula tão apertada que as veias de seu pescoço estão salientes por causa da tensão desmedida.
Baekhyun parou de se olhar, molhando suas mãos com água e vendo como a sujeira se perdia em meio ao líquido, desaparecendo pelo ralo. Ele molha o seu rosto e abre as portas do balcão, pegando as vendas para seus olhos e, um pouco desajeitado, envolve-as na palma de sua mão. De vez em quando, olhando para o pedaço de prato, sempre atento ao que poderia estar acontecendo do lado de fora. Quando Baekhyun conseguiu cobrir cada uma de suas feridas, andou até a porta.
Baekhyun pensou em sua repentina visão, coisa que antes não havia conseguido quando saiu do quarto, mas então lembrou-se que estava com os olhos fechados. Estavam assim desde o começo, inclusive depois de desligar a luz. Ele os manteve fechados assim o tempo todo.
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O Outro [TRADUÇÃO PT-BR]
FanfictionComo enxergar a realidade quando não se tem olhos? Com uma mala cheia de roupas, o coração cheio de sonhos e o caminhão da mudança dobrando a esquina, Baekhyun acredita que nada pode dar errado. Mesmo que por outro lado, Chanyeol não tenha levado co...