Como enxergar a realidade quando não se tem olhos?
Com uma mala cheia de roupas, o coração cheio de sonhos e o caminhão da mudança dobrando a esquina, Baekhyun acredita que nada pode dar errado.
Mesmo que por outro lado, Chanyeol não tenha levado co...
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Chanyeol teve um sonho cheio de gritos dolorosos. Abriu os olhos deparando-se em meio a um corredor, ele começou a andar através do mesmo. Esse corredor não tinha portas, lâmpadas ou janelas. Tudo estava escuro e enquanto andava, escutava todos esses gritos. Era um lugar solitário, frio e um fedor de mofo exalava.
Esse era o cheiro do esquecimento. Chanyeol havia escutado uma vez no ônibus, a caminho de casa quando frequentava o ensino fundamental, que o mofo era como uma fragrância do esquecimento, e ao chegar em casa, perguntou ao seu pai o que isso significava.
E ele lhe disse:
O mofo cresce em lugares úmidos e escuros. Lugares onde as pessoas normalmente não estão e no qual nenhum indivíduo iria. Por isso, o mofo traz recordações de esquecimento. Porque existe apenas em um lugar que ninguém lembra e, por consequência, não existe nos pensamentos do mundo. Porém, tanto o mofo como o esquecimento são perigosos.
Chanyeol caminhou pelo corredor esquecido durante muito tempo, sem saber fazer outra coisa que não fosse seguir em frente. Suas pernas logo começaram a doer, e quando ele decidiu parar, uma luz irradiou ao fundo. Desde lá, uma forma pequena começou a avançar em sua direção e assim que ficou suficientemente próximo, Chanyeol reconheceu Baekhyun. O menor olhava-o com uma expressão abatida, seus olhos marcavam cansaço, os lábios estavam rachados pela secura e sua pele estava tão pálida como a de um cadáver.
Baekhyun se aproximou mais, segurando sua mão e levando-a para seu próprio rosto. Chanyeol tremeu ao sentir o contato da pele fria roçando na palma de sua mão. O outro era gélido e antinatural.
— Olhe para mim, Chanyeol — Baekhyun disse. — Porque você não olha mais para mim?
Porém, Chanyeol estava fazendo isso. Inclusive olhava para Baekhyun sem piscar.
— Eu estou olhando — respondeu, mas em seguida recebeu uma negação de Baekhyun, parecendo triste. — Eu estou te olhando, príncipe.
— Não... Você não consegue me enxergar. Não mais.
Abriu os olhos.
Chanyeol encontrava-se com a testa úmida e a respiração agitada. Não soube exatamente em qual momento da noite conseguiu dormir, mas quase esteve a ponto de parar de respirar quando tentou virar e um peso sobre a metade do seu corpo impediu-o. Tão acostumado a isso, Chanyeol não tinha notado Baekhyun abraçando-o do lado esquerdo. Pensou que ainda estivesse sonhando e os pesadelos iriam se tornar um sonho feliz. O coração do maior batia barulhento, espalhando sangue por todo o seu corpo, colocando em marcha seu sistema e irremediavelmente fazendo-o lembrar da briga que teve noite passada. Não era um sonho e isso doeu de novo.
Seus olhos moveram-se com cautela até o rosto do seu esposo. Baekhyun conseguiu colocar por conta própria uma venda, que agora estava a ponto de deslizar até o pescoço. O menor sorria e Chanyeol não soube se admirava aquele sorriso com ternura ou com dor, porque enquanto seu coração batia como um relógio desregulado, o menor parecia sereno e feliz... depois de ter pedido o divórcio.