14. Retorno

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Apertou o guarda-chuva ao olhar pela janela. As nuvens são como uma mancha cinza e branca colada ao céu; está chovendo muito forte e o frio é avassalador, e no entanto, um grande grupo de pessoas participou, sem se importar com o clima horrível. Todos parecem como uma marcha fúnebre, tingidos de preto e branco.

Olhou seu rosto no espelho retrovisor, apertou os dentes e abriu o guarda-chuva, abandonando o carro para se unir à procissão.

Se sentia frio, impróprio e distante. Nunca havia participado de algo desse tipo e enquanto se aproximava, uma sensação estranha gerou certa opressão no peito.

Sente-se doente quando atravessa as portas duplas e as pernas tremem quando deixa o guarda-chuva no lugar designado.

O recinto cheira a incenso, está muito bem iluminado com grandes candelabros de cristal e um grande painel das escadas rolantes informa onde está acontecendo cada ato como se tratasse dos horários em um painel no cinema. Olhou atentamente os andares e quando encontrou o nome que buscava no painel, subiu a escada junto com outro grupo.

Não reconheceu ninguém no seu percurso, mas notou que muitas das pessoas ali sabiam quem ele era. Provavelmente sabiam muito mais do que podia imaginar, mas não disse nada e se limitou a ignorar o barulho, o choro e os murmúrios até que chegou a sala mais cheia.

Estava em um cômodo de vinte metros quadrados, mas o fluxo de pessoas entrando e saindo, dava a impressão contrária. O espaço pareceu reduzido e asfixiante, conforme avançou.

Baekhyun estava parado em frente ao retrato funerário com uma rosa branca na mão. Se viu perdido, com o rosto pesaroso e os ombros tensos. Chorava em silêncio, sem se mexer ou sequer piscar.

O retrato funerário era uma fotografia antiga emoldurada sobre a prateleira mostrando um terno azul escuro o qual mal podia se ver o nó perfeito da gravata dele, e um grande sorriso repleto de alegria. Seus olhos pareciam duas meias luas e seu cabelo, domado com gel, o fazia parecer uma criança.

No canto do cômodo, havia uma série de lembranças sobre uma mesa e junto, estava a mãe de Baekhyun. Ela usava um vestido tradicional com um laço alto, estava rigorosamente ereta, sem derramar nem uma lágrima e do lado, recebendo as condolências, estava Baekbeom.

Olhou para a foto mais uma vez e seu corpo tremeu, conforme se aproximou do retrato e deixou uma rosa branca sobre as demais. Então, pegou Baekhyun pelos ombros, o aproximando de seu peito o mais rápido assim que ele o reconheceu. O rapaz tremeu começando a soluçar de imediato. Suas mãos apertaram seu terno, e enquanto deixava ir toda a dor que estava contendo, ele passou a mão em seu cabelo.

Pensou que também ia chorar, a respiração falhou e teve que apertar os dentes antes de baixar o olhar e encarar seu amigo olho no olho.

- Você está bem? - Baekhyun assentiu.

- O que faz aqui? Você não deveria estar...

- Que se foda a empresa - interrompeu. - Como está sua mãe?

Baekhyun tremeu, negado.

- Aguentando firme.

- Isso não é sua culpa, Wángzí - Baekhyun não disse nada. - Olha, sei que foi inesperado e que Sehun disse muita merda hoje de manhã, mas não é sua maldita culpa, certo? Eu sei que...

- Eu sei.

- Mesmo sem Chanyeol, teria acontecido, Wu Yifan disse.

Baekhyun voltou a olhar o retrato de novo. Está passando um tempo difícil. Luhan sabe que ele se culpa por tudo o que aconteceu com O Outro, ninguém podia tirar isso da sua cabeça. E como fazer? É difícil, também é um assunto delicado. Sua família não sabe de nada e também não é como se eles fossem contar, de qualquer maneira, mas, Baekhyun estar guardando todo o assunto não facilita as coisas.

O Outro [TRADUÇÃO PT-BR]Where stories live. Discover now