- Chapitre trois -

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27/09/2014

Livros.

Era o que se esperava ver em uma biblioteca. Vários me rodeavam, mas nenhum deles possuía o que eu procurava.

O passado.

Minha tarefa era estudar sobre a história da colonização. Obviamente teria muitos livros sobre isso aqui, mas nenhum deles mostrava o lado que eu buscava retratar, o lado das vítimas.

Eu teria de fazer uma apresentação sobre o período colonial da América, mas nada disso faria sentido se eu não mostrasse o quanto isso afetou outros lugares além da América.

Cansada, simplesmente me assento em uma cadeira e relaxo os braços na longa mesa de madeira. O cheiro forte das tantas folhas irritam meu nariz.

Meus olhos analisam o local cuidadosamente, até que um livro chama minha atenção. Sua lombada era num tom azul esverdeado e detalhes pretos, o título estava em uma letra linda, ele se chamava "O labirinto do Fauno".

Levanto-me e vou até o livro, pegando-o para analisar melhor. Tinha um cheiro forte expondo que não fora muito lido. Fico um pouco decepcionada ao perceber que sua história era de fantasia. Não era um gênero que eu estava acostumada a ler, então, era notável minha feição decepcionada.

- Não há nenhum livro de terror ou sequer um de suspense nessa biblioteca! - ponho o conteúdo de volta na prateleira.

Meus olhos correm pelos outros livros que estavam ali perto, mas nenhum me interessava o bastante.

- Terror? - uma voz grave e suave diz atrás de mim - Ah sim, aqui tem esse gênero, mas quase ninguém encontra - seu tom recôndito me arrepia.

Viro-me para ver quem era. Um senhor, na verdade, um jovem adulto com os olhos mais negros que já vi em minha vida e com uma feição totalmente sem vida.

Deplorável.

Ele me encarava com um sorriso curioso, o seu silêncio retribuiu de forma assustadora meu olhar sobre si. Não sei como não senti sua presença ali, sua aparição súbita me paralisou.

- Parece desorientada, desculpe-me se te assustei - interrompe a quietude, mas mesmo assim, continuava trépida.

- Tudo bem - minto - Por acaso há algum terror clássico por aqui? - questiono.

Era inextricavel o medo que disseminava em todo o meu corpo, mas tento ser educada, como sempre.

- Bem, alguns estão espalhados por aí, mas ninguém nunca achou. O colégio inibiu esse gênero aqui, mas há quem diz que esses livros estão escondidos nas prateleiras, camuflados para ninguém sequer percebe-los.

Como isso seria possível? Por quê cargas d'água o colégio proibiu isso aqui?

- Está bem, obrigada - digo calma e declino-me aos poucos dele.

- Se a senhorita encontrar, tome  cuidado - se vira de costas para mim - Não deixe ninguém ver que você conseguiu.

E sai, como se nada tivesse acontecido. Pelas vestes era um faxineiro ou zelador, não sei. De qualquer forma, ele era um sujeito estranho e que eu teria que manter distância para não paralisar novamente.

Fico pensando no que ele disse, por que eu não deveria deixar ninguém me ver com esses malditos livros? O que, exatamente, aconteceria?

Enfim.

Dou mais uma volta pelo local vagarosamente e simplesmente desisto de procurar o que devia. Quando chego na saída, analiso o local para ver se aquele doido estava lá. Por sorte, ele não estava em lugar nenhum.

Subo as escadas e entro em meu quarto.

Se passou uma semana desde minha chegada. Eu tinha amigas, estava me dando bem com os professores e estava entendendo a matéria. Mesmo com tantas coisas boas, nada anula o fato de ainda me sinto vazia sem ele.

Ponho mais um disco para tocar. Quando sinto saudades dele escuto músicas para, de alguma forma, desabafar. A sensação é maravilhosa, posso sentir meu corpo e mente inebriar com o ritmo.

Enquanto a música toca incansavelmente, decido ler alguns livros que havia comprado a muito tempo e nem havia tocado eles.

O diabo nunca dorme.

Lembro-me de ter presenteado Bernard com um desse, mas até então nunca havia lido.

E mais uma história se inicia.

...

28/09/2014

- Ficou maluca?!

Os gritos insuportáveis de Lynne ardiam meus ouvidos.

- Esse lugar não é assombrado, você que é doida! - diz indignada, mas se tivesse ouvido aquela voz que me dá arrepios não estaria nesse estado.

Estávamos lanchando e resolvi contar minha péssima experiência ontem de tarde - o que, aparentemente, não foi uma boa ideia. Eu consegui dormir, mas tive pesadelos com aquele cara sussurrando por trás das minhas costas.

O rapaz tinha uma aparência pálida como cadáver e sua voz...

Lynne discutia baixo com sua irmã sobre umas histórias antigas do colégio. Eu comia o pão com requeijão e o suco natural de uva enquanto ouvia as duas.

- Não acho que ela seja doida, na verdade, acho que o homem seja. Não é normal encontrar alguém dizendo essas coisas para uma garota na biblioteca - Anne fala baixo e eu concordo - Pela aparência, além de parecer morto, quantos anos você acha que ele tem, Nitta?

- Hm - faço sinal com a mão para que ela espere eu engolir - Não sei, mas pelo que eu me lembre, ele aparenta ter uns 37 anos, mais novo que isso é impossível!

Elas balançam a cabeça, estavam pensativas.

Eu, lá no fundo, sentia muito medo de voltar para lá, mas eu tinha que ir para procurar os livros.

O sinal ecoa pelo local e é possível escutar as garotas andando rapidamente para suas salas.

Junto-me a elas seguida de Lynne e Anne.

...

No New Year's Day to celebrate
No chocolate covered candy hearts to give away
No first of spring, no song to sing
In fact, here's just another ordinary day

No April rain, no flowers bloom
No wedding Saturday within the month of June
But what it is, is something true
Made up of these three words that I must say to you

I just called to say I love you
I just called to say how much I care
I just called to say I love you
And I mean it from the bottom of my heart

I just called to say I love you - Stevie Wonder

Mil músicas para AntoniettaWhere stories live. Discover now