"Isso é estranho, mas tudo bem" (Barbatos)

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Era noite quando recebi a ligação do Diavolo.

-Oi, aconteceu algo?- Perguntei.

-Oi, eu preciso da sua ajuda- Ouvi sua voz chiada. -Barbatos está bêbado e eu não posso deixá-lo sozinho porque tenho medo que ele se perca nas linhas temporais... você pode ficar com ele aqui?

-Você vai sair?- Aquilo não me parecia uma boa ideia.

-Sim, tenho que ir numa reunião, Barbatos ia comigo, mas agora irei com Lucifer.

-Certo- Respondi, não tinha o que fazer.

Diavolo desligou a chamada, eu fechei os olhos por um tempo e depois tomei coragem para sair. Quando cheguei no castelo, o futuro príncipe estava me esperando do lado de fora.

-Agradeço por ter vindo.

-Não há de quê.

Ele se curvou, ficando com o rosto próximo do meu.

-Na verdade, estou com medo do Barbatos, por isso te chamei- Sussurrou.

-Ele... ele está agressivo?- Pedi baixinho.

-Mais assustador do que o normal.

Engoli em seco, mais assustador ainda? O que ele queria que eu fizesse? Respirei fundo e entrei no castelo, torcendo para que nada acontecesse.

-Barbatos?- Chamei.

Não demorou muito para que o mordomo surgisse, Diavolo estava certo, Barbatos estava mais assustador do que o normal, sério e de cenho franzido, parecia irritado com algo.

-Ah, é você- Sua feição se suavizou. -Por que está aqui?

-Resolvi fazer uma visita- Menti sem pensar duas vezes.

-Uma visita para o Jovem Mestre...- Ele veio até onde eu estava. -Ou para mim?- Aproximou seu rosto do meu.

-Pa-para você- Senti minha cara queimar de vergonha.

Barbatos sorriu, fechando os olhos, um rosto inocente para quem claramente não era nem um pouco inocente.

-Então preciso fazer sala, venha comigo.

Ainda ia cobrar algo do Diavolo por me enfiar nessa situação, segui o mordomo até uma das salas, ele gentilmente me obrigou a sentar no sofá e esperar pelo retorno dele, tinha ido fazer chá e algum doce mesmo eu dizendo que não precisava de nada.

"É só esperar ele ficar com sono, aí eu vou pra casa". Pensei, tentando me acalmar.

O dito cujo surgiu, trazia uma bandeja com alguns docinhos e salgados, um bule e uma xícara branca, Barbatos me serviu um chá verde e ficou me observando, peguei um doce e um salgado para ver se ele sossegava, acabou que ele não deixou seu posto de mordomo, continuou em pé ao meu lado.

-Por que você não senta do meu lado?- Pedi.

Ele deu um sorrisinho e sentou perto de mim, ofereci a xícara para ele, na esperança que isso o deixasse sonolento.

-Tem certeza?- Perguntou.

-Claro que sim, beba e coma um pouco também, não precisa de toda essa formalidade.

-Obrigado- Pegou a xícara da minha mão e tomou um gole do chá.

Percebi que ele não comeria nada se eu não oferecesse, assim peguei um docinho de chocolate e ofereci para Barbatos, o demônio segurou minha mão e a levou para perto de sua boca, comendo o confeito e lambendo meus dedos.

-Obrigado- Sorriu maliciosamente.

Puxei minha mão para perto do meu peito e virei o rosto para a mesinha diante de nós, meu coração parecia que saltaria para fora e meu corpo estava queimando de vergonha, talvez de algo a mais também. O mordomo encostou sua perna na minha e passou seu braço por trás de mim, segurando meu ombro e me puxando para perto de si.

-Você também não precisa ser tão formal- Sussurrou, tendo os lábios encostando na minha orelha.

-Ah, eu vou pra casa agora mesmo- Saltei do sofá.

Sai aos tropeços, aquilo era demais para eu suportar, pude ouvir Barbatos me chamando, mas eu não queria olhar para trás, querer eu queria, porém sabia até que ponto era o meu limite. Cheguei em casa e fui direto para meu quarto, tranquei a porta e me enfiei em baixo da coberta, me encolhendo, não sabia como lidaria com tudo na manhã seguinte, como encararia Barbatos era uma dúvida imensa.

Não dormi direito a noite toda, mas tinha escola da mesma forma, sai de arrasto da cama e fui me arrumar, talvez o café me acordasse. O café fez um efeitozinho, consegui me manter durante as aulas da manhã, já as aulas da tarde eu evitei, voltei para casa porque não eram nada importantes, acontece que eu mal entrei e ouvi a campainha tocar, fui até a porta e, para a surpresa de zero pessoas, era Barbatos.

-Eu peço perdão pelo que aconteceu ontem- Falou.

Assenti com a cabeça, não conseguia dizer nada, mantinha a atordoação da noite anterior.

-Você pode me perdoar?- Perguntou.

Abri a boca para falar e não consegui, parecia que as palavras se mantinham trancadas dentro da minha garganta, Barbatos se entristeceu, franziu o cenho e cerrou os punhos.

-Des-desculpa, Barbatos, eu não... não...- Engoli em seco, estava difícil de falar.

-Me perdoe por te assustar, eu não... não devia ter feito aquilo- Ele baixou o rosto. -Eu... vou te deixar em paz.

Barbatos se virou para ir embora e eu segurei a mão dele por impulso, ele me encarou, surpreso.

-Só... só não diga aquilo... daquele jeito... de novo- Meu rosto estava queimando de vergonha.

-Não direi- Respondeu, segurando gentilmente minha mão com as dele.

Não sei nem porque tinha dito aquilo.

-Me perdoa?- Ele beijou o dorso da minha mão.

Assenti várias vezes com a cabeça, meu coração estava acelerado, o mordomo sorriu, devia achar graça da minha cara.

-Obrigado.

Baixei o rosto, ele devia estar fazendo aquilo de propósito para me atormentar.

-Você é uma gracinha, sabia?

-O que?

Foi no momento de levantar o rosto para encará-lo e Barbatos segurou minha nuca, me puxando para perto dele.

-Você... é... uma... gracinha- Falou pausadamente enquanto aproximava seu rosto do meu.

A ideia dele ter visto o futuro para saber que eu não reagiria era bem aceita por mim, o mordomo encostou seus lábios nos meus e sua língua adentrou minha boca, ele me beijou, quente, lento.

-Venha me fazer uma visita hoje a noite também- Sussurrou.

IMAGINE ISSO! (Obey Me! One master to rule them all) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora