Há Magia

38 - Tempo novo

   Atravessando uma longa extremidade, o outro lado do portal parecia próximo e enfim o mundo magico, Sorah e Silfo estavam de volta ao lugar que pertenciam, a paisagem não havia mudado, mas seus olhos se preenchiam com as imagens de seu lar. Depois de usar magia por tanto tempo, Sorah estava exausta e seu poder estava próximo do fim, sua forma magica se desfez abruptamente e ela caiu, num movimento rápido, Silfo a pegou no colo.

   — Está tudo bem? — A voz de Silfo saiu rouca depois de ter passado tanto tempo em silencio na dimensão sombria.

   — Acho que sim. — Sorah bocejou e em seguida completou sua fala. — Sinto que minha magia se esgotou e o cansaço me abateu, depois de uma noite de sono tudo ficará bem.

   — Certo, irei levá-la para casa.

   Um voo rápido e logo o vilarejo da Esperança era visto, uma sensação nostálgica ao ver os casebres antecedeu o pouso. Ao colocar Sorah no chão, Silfo a observou por alguns instantes e certificou-se ao questionar:

   — Vai ficar bem?

   — Vou sim, pode ficar tranquilo!

   — Vá para casa, ficarei aqui observando até você entrar.

   Consentido com a cabeça, Sorah caminhava em direção a sua residência, depois de alguns passos ao longe a garota viu Urion correr em sua direção, ele carregou magia e mudou para a forma magica, as características de sua transformação haviam mudado, suas assas eram cinza e num formato semelhante ao de borboletas, armadura agora estava mais robusta e poderosa, sinais de sua evolução para o nível dois, trocando o solo pelo ar, ele usou um tom preocupante ao gritar:

   — Fuja Sorah, eu irei te proteger desse maldito sequestrador!

   Um golpe em velocidade, Urion estendeu o punho e voou para atacar Silfo, que apesar da surpreso, desviou facilmente do golpe e lançou o garoto para longe. Ao recompor-se, ele carregou sua magia e focalizou na mão direita, e ao concluir a ação acionou a ativação:

   — "Lavaredas."

   Seu punho ficou coberto por chamas que alternavam de intensidade com uma grande frequência, com a ativação efetiva da magia, Urion preparava-se para atacar novamente e voava na direção de Silfo. Ao aproximar-se de seu alvo, ele foi interceptado, Sorah surgiu a sua frente estendeu os braços e gritou:

   — Pare de atacar, ele é meu amigo!

   Bruscamente, Urion parou de atacar e por pouco não atingiu sua amiga, surpreso ele não sabia nada sobre a situação, pois não conhecia nenhum outro amigo de Sorah, sendo assim ele seria o único amigo da garota até o momento. Acalmando os ânimos a situação estava sob controle, Sorah aproximou-se do amigo e revelou:

   — Ele nos atacou no outro dia, mas agora eu entendo as motivações, e ele não é mal como pensávamos.

   — Ele nos atacou? Pousando no solo, Urion parecia confuso e então lembrou. — Ah! Esse é o cara das hortas da família Fotossíntese!

   — Exatamente, aliás ele se chama Silfo. — Sorah apresentou.

   Cumprimentando o garoto, Silfo parecia desconfortável com a situação, pois os desertores não costumam entrar em contato com muitos seres do sistema magico depois da lei de extermínio, mas seu maior temor era ser reconhecido pelo que foi no passado. O clima amenizou-se e ao colocar a conversa em dia, Urion tocou no assunto:

   — E onde você estava Sorah?

   — Eu saí para passear. — Sorah tentou despistar, ela odiava ter que mentir, mas não parecia ser o momento para revelar a aventura na dimensão sombria, e continuo a atuar. — Mas já estou de volta. — Findou com um sorriso sem graça.

   — Passeio longo esse, durou uns trinta sóis? — Desacreditando na justificativa, Urion falou num tom de sermão. — Você perdeu várias aulas!

   — As aulas! — Surpresa, Sorah comentou boquiaberta. — Eu perdi as aulas de evolução? Por isso sua transformação está diferente.

   — Sim, eu evoluí para o nível dois. — Depois de se gabar, Urion voltou ao tom de sermão ao confirmar. — Você perdeu as aulas de evolução magica, passou muitos sois sem ir ao instituto magico.

   Ao saberem sobre o tempo que ficaram fora, Sorah e Silfo encaram-se assustados com a informação, a explicação mais lógica era que possivelmente o tempo na dimensão sombria tinha uma duração diferente dessa realidade. Ao ter sua mentira confrontada, ela emudeceu cabendo a Urion continuar falando:

   — Eu pensei que tivesse sido sequestrada. — O olhar de Urion entristeceu-se ao revelar os fatos recentes do mundo magico. — Tem vários relatos de sequestros, vários seres sumiram e ainda não se tem resposta.

   — Eu fui sequestrada, mas estou bem graças ao Silfo. — Com um tom emotivo na voz, Sorah declarou. — Ele me salvou!

   — Será que foram os sombrios? — Silfo entrou na conversa ao perguntar.

   — Sombrios? — Por fora do assunto, Urion interrogou. — Quem são esses sombrios?

   — Foram os seres que me levaram para outra dimensão. — Contando parte da verdade, Sorah continuou. — Por isso eu sumi, mas eu tenho a impressão de que fiquei apenas horas longe daqui.

   — Mas você está bem? — A verdade trouxe preocupação e Urion certificou. — Certo?

   — Sim!

   Os novos fatos trouxeram incógnitas a mente de todos, Sorah e Silfo estavam perdidos diante dos acontecimentos no mundo magico e Urion quanto ao desaparecimento da amiga. Em meio a reflexão um clarão despertou os devaneios e chamou-lhes a atenção, uma ser incomum cortava os céus em alta velocidade.

   — Eu nunca vi um ser magico assim. — Apontando para o clarão, Urion introduziu. — Pode ser uma pista! — Ao terminar a frase saltou rumo ao céu para investigar o ser incomum.

   Depois de tantas novidades, Silfo e Sorah cederam a curiosidade e foram atrás da suposta pista, ainda sem forças para transformar-se a garota foi carregada pelos ares. As dúvidas precisavam de respostas, que viriam com investigações.