23 - Morte da esperança

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     O mito do primeiro ser servil a integrar a esquadra azul desapareceu e tornou-se uma lenda, o caminho reverso do túnel do destino havia sido concluído e a partir dali uma nova rota proviria para Sorah

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     O mito do primeiro ser servil a integrar a esquadra azul desapareceu e tornou-se uma lenda, o caminho reverso do túnel do destino havia sido concluído e a partir dali uma nova rota proviria para Sorah. Ao passar por todo aquele sufoco, primeiro dia no instituto mágico, enfrentar a esquadra azul, vaias e motim, batalhar contra a princesa Volt, enfrentar a escolha do túnel do destino, o momento de retornar ao lar havia chegado, voando rápido ela cortava os céus rumo ao vilarejo da esperança.

     Pousar em seu lar gerou um alivio que fez Sorah soltar um longo suspiro, com passos despretensiosos e logo estava no centro do vilarejo, seus familiares tinham um olhar de ódio e desprezo onde sua presença alcançava o som de portas se fechando era ouvido, os rumores do seu primeiro dia no instituto mágico haviam chegado ali, seu status de heroína havia mudado para de vilã da esperança, e o sonho de família real ficava mais distante com a decisão dela ao abandonar a esquadra azul.

     Acostumada ao desprezo de todos do vilarejo, foi fácil para ela ignorar o mal-estar causado pela situação e caminhar despreocupada. Seguindo até sua casa, Sorah sente alguém a abraçar por trás, o pequeno corpo alcançou sua cintura e choramingou, entre soluços entendeu-se:

     — Por que desistiu? Você não pensou na gente, tinha virado nossa heroína e agora nos decepcionou como sempre. — Muitos grunhidos antecederam o lamento. — Destruiu nosso sonho real.

     Essa situação fez Sorah estremecer e repensar suas escolhas, aquela garotinha lhe abraçando aos prantos havia conseguido mexer com seus sentimentos e resquícios de culpa decaiam sobre si, mesmo tendo buscado o que lhe cabia, o mundo mágico carregava uma tradição familiar onde tudo deveria honrar e glorificar sua linhagem. Com as lagrimas daquela garotinha molhando sua saia, seus olhos marejaram e segurando o choro, ela forçou-se a reconfortar:

     — Eu apenas optei pelo meu próprio destino. — Aspirando vezes seguidas o excremento de seu nariz, Sorah prosseguiu. — Quanto ao sonho real isso nunca me pertenceu.

     Impedida de prosseguir seu caminho, Sorah mantinha-se abarcada pela garotinha que chorava sem parar. Depois de alguns minutos naquela situação, Lirin surgiu ali abruptamente, revoltada com o que se decorria entreviu ao puxar a garotinha e exaltando sua voz expressou:

     — Maribel! Não se rebaixe a essa inútil, nossa família não precisa dela para alcançar a realeza, vamos conseguir isso pela nossa honra.

     Depois de desvincular Maribel de Sorah, Lirin encarou aqueles olhos castanhos e enxugou as lagrimas, demonstrando seu afeto alisou com as mãos e corrigiu as pontas soltas dos cabelos da garota, agachada para ficar da mesma altura que Maribel, Lirin pôs-se a conversar:

     — Maninha, não precisamos de ninguém, pois nós duas somos o futuro dessa família.

     Ao livrar-se do abraço, Sorah não perdeu tempo e tratou de distanciar-se dos mimos e frases motivacionais que sua prima passava para a irmã mais nova, mesmo após alcançar certa distância ainda era possivel ouvir o sermão que Liran soltou:

     — Você sempre foi uma fracassada, eu estive o tempo todo na sua frente e pela primeira vez você havia conseguido me ultrapassar em algo. — Ao fim dessa frase, Sorah parou e ouviu o restante do desabafo de Lirin. — Eu senti muita inveja do status que alcançou após a passagem pelo túnel do destino, mas uma fracassada sempre será fraca, não suportou a grandeza que alcançou e caiu diante do mundo mágico, e toda a inveja que eu senti de você se tornou vergonha de ser parente de um ser tão fraco.

     Sem forças para debater diante de palavras tão duras, Sorah adiantou-se e seguiu seu caminho, as lagrimas rolavam pelo seu rosto e a decadência voltava a morar em seu ser. Ao chegar em sua casa notou algo estranho, a porta estava aberta e ao que parecia alguém havia invadido a residência, cautelosa entrou observando tudo ao redor e logo na sala de estar um susto, a matriarca Ilse a aguardava e assim que a viu entrar soltou a frase:

     — Estava esperando por você!

     Estremecida por ter enfrentado duras críticas de todos, Sorah sabia que essa seria a pior, e suas escolhas já não faziam tanto sentido quanto no momento em que as decidiu. Quase em desespero sua voz sumiu e as palavras de Ilse tomaram o comando da conversa:

     — A esperança tem coragem de lutar por suas conquistas, mesmo com suas asas frágeis bate-as o mais forte e rápido possível para voar enfrentando as mais terríveis adversidades. Temos esperança o suficiente para nunca desistir, essa não foi a sua ação hoje o que desonra nosso nome, a esperança que em te havia florescido morreu rápido demais.

     O silencio dominou após o fim do sermão, Ilse não prosseguiu com as críticas suas palavras foram precisas o suficiente para abater seu objetivo e manteve Sorah pensativa num transe em que a culpa  sufocava e trancava suas palavras. Vagarosamente a matriarca caminhou para fora do compartimento abandonando a pobre garota num mar de negatividade.   

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