Capítulo 1 - Novato

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— Eyder —

— Você é novo aqui? — perguntou uma menina de cabelos loiros e olhos castanhos. Senti minha visão, antes embaçada, ganhando foco novamente.

— Sim, cheguei hoje mais cedo — respondi, engolindo em seco.

— Dá para ver que é novo, fica tranquilo, você logo se acostuma.

— Hum. — Eu não estava muito convencido, afinal, por que eu confiaria nela assim?

— Eu sei que você está pensando "por que você confiaria em mim?" — ela riu.

— Você é boa nisso.

— E eu nem preciso usar a minha habilidade para saber disso — comentou ela —, eles logo nos deixaram pegar a sobremesa, já terminou de comer?

— Sim, já.

Comecei a olhar em volta, tudo era feito de metal e, por ser o refeitório, era pintado de branco. Havia dois guardas em cada porta, e essas portas continham várias travas. Era visível que escapar não era viável. Janelas eram inexistentes, piorando qualquer chance que tinha de escape. Estavam todos bem calmos, vários jovens comiam juntos ali, foi quando eu estava olhando melhor em volta pela terceira vez que eu ouvi o trinco de uma das portas abrir.

— Tinha me esquecido de que hoje é sexta — comentou a menina.

— O que tem hoje ser sexta? — perguntei, franzindo a testa.

— Você já vai descobrir, a propósito, meu nome é Lina.

— Prazer em conhecê-la, meu nome é Eyder.

— Prazer, se você realmente quer saber, sexta é o dia em que ela sai para tomar seu banho semanal.

— Por que só uma vez por semana o banho?

— Bom... você já vai entender.

— Quem é ela?

— Ninguém sabe ao certo, em todo caso, tome cuidado.

— Por quê?

— ... — ela mordeu os lábios — ela está trancafiada por uma razão, mas por ela estar trancafiada acaba sendo um tanto violenta.

— Violenta?

— Hoje é o dia em que alguns guardas irão acabar morrendo, se tiverem sorte, sairão só gravemente feridos.

— Nossa! Realmente violenta, mas por quê?

— Bom, ficar aqui mexe com a cabeça das pessoas, mas ninguém sabe a verdade ou o que a faz agir de maneira tão violenta. Quem sabe você não acaba descobrindo algo, você já vai ver.

A última tranca foi aberta e vários guardas se apressaram a se aproximar da porta. Dava para sentir a tensão no ar, admitia que não queria estar preso ali, mas vendo a reação dos guardas, fiquei feliz de não estar na posição deles. Todos os guardas fizeram uma espécie de cerca para que, quando a porta abrisse, não tivesse para onde ir, além de onde eles deixassem. Foi neste momento que um dos guardas deu dois toques na porta, que, imaginei, foi para avisar que estavam prontos deste lado, que vários outros guardas passaram e mais uma garota.

Não tinha como vê-la de outra forma a não ser por frestas, ela estava completamente cercada de guardas, mas ainda assim dava para ver algumas coisas, como a cor dos cabelos dela, era impossível não ver aqueles cabelos brancos que, apesar do óleo, eram tão brancos quando a neve que cai no inverno, mesmo sujos, eram bonitos e longos. E outra coisa claramente visível era que ela tinha uma venda em seus olhos.

Olhos BrancosKde žijí příběhy. Začni objevovat