Capítulo 15 - Chegada

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— Ayra —

O tempo que passei naquele submarino foi melhor do que o esperado. Tive uma visão maravilhosa do fundo do mar, graças a Eyder, e finalmente chegamos à tal ilha. Um lugar que diziam ser seguro para pessoas como nós, onde não esperávamos mais exames, experimentos ou um governo que nos aprisionasse em uma parede de metal.

Eyder estava do meu lado quando avisaram que estávamos parando.

— Está pronta? — ele perguntou.

— Não. Mas seguirei firme.

Fui sincera. Eu estava com medo do que poderia acontecer, com medo de que tudo fosse uma grande mentira e voltássemos a ser objetos de experimentos. Mas o pior de tudo era o medo de que ele tivesse me enganado. Eu gostava dele, gostava de estar perto dele e sentia que ele era um amigo. Não queria perder isso. Claro, eu poderia ter evitado todo esse sofrimento lendo a mente dele o tempo todo, mas eu precisava confiar. Agora também tinha medo de perder essa confiança.

Ele sorriu para mim e disse:

— Vai ficar tudo bem.

Lina se aproximou de nós com um sorriso malicioso. Olhou para mim depois para ele. Parecia que ela ficava repetindo isso como se fosse uma rotina. Eu poderia usar a minha habilidade de telepatia para perguntar mentalmente por que ela fazia isso, mas antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ela soltou:

— Vocês dois vão namorar.

Eu pisquei várias vezes com os dois olhos, não gostava de fechar os olhos, mas piscar era inevitável devido as circunstâncias.

— Lina, ninguém chega para os outros e simplesmente solta isso — disse Eyder, comprovando que eu não tinha ouvido errado.

— Eu sou alguém, então não venha me dizer que ninguém falaria.

— Nesse ponto ela tem razão — eu disse, pensando na lógica da frase.

— Não a ajude, estou defendendo nós dois aqui — disse ele, olhando para mim.

— Não disse, vocês dois vão namorar um dia, eu tenho certeza. E eu vou ser a madrinha do casamento de vocês.

— Você está levando isso longe demais — eu disse, Eyder abaixou a cabeça.

— Não estou, não pelo jeito que vocês dois se comportam juntos.

— Não vou dizer que seria impossível de acontecer — eu disse e Eyder levantou a cabeça e parecia ter um brilho nos olhos —, quero dizer que não sei se estaremos vivos para ver esse futuro. Pense bem, vivemos em um mundo com caçadores que caçam pessoas como nós. Temos que viver pensando no agora, mais do que no futuro, já que o futuro é imprevisível.

— Ok, ok, mas a esperança também é boa e ter sonhos é ainda melhor. Você não tinha sonhos quando estava presa naquele lugar. Eu sonhava em sair de lá e viajar pelo mundo, conhecer um cara de quem eu gostasse e viver minha vida até ficar bem velhinha.

— É difícil não sonhar. — Eu lembrei daqueles dias, os dias em que sonhava em poder enxergar, ter uma família e uma casa onde fosse amada, longe de experimentos e testes. Os sonhos de Lina pareciam muito maiores que os meus.

— Concordo, mas Ayra, neste lugar que vamos entrar, a ilha, você pode sonhar pelo pouco que vi na mente dele, pode ter uma vida longa, pode ter várias coisas boas, pessoas quem contar, pode não ter muitos lugares para viajar, mas sendo quem somos isso é melhor que nada.

— Vou tentar melhorar, mas gosto da minha resolução. Foi uma forma de seguir em frente.

— Tenho certeza, mas estarei aqui se quiser tentar algo diferente.

Olhos BrancosWhere stories live. Discover now